A Aula Magna do Seminário Diocesano de Leiria quase se encheu de participantes na noite de 5 de Fevereiro, para ouvir o médico José Eduardo Pinto da Costa, na palestra “O luto ao longo da vida”. Integrada no ciclo de conferências “Escuta-me”, organizadas pela Cáritas jovem, o palestrante trouxe a Leiria o debate e a reflexão sobre a morte e o luto, experiências transversais da humanidade.
“O mundo não é como nós desejaríamos que fosse”
Abordagens como o que é o luto, será que existe um modelo ou ferramentas para a vivência desse momento doloroso da perda de alguém querido, que consequências podem surgir de um mau luto ou o que fazer para ajudar alguém a aliviar a dor, foram pistas que o orador trouxe a uma sessão onde se aprofundou a temática da morte mas também da vida.
José Eduardo Pinto da Costa trouxe algumas frases de algumas referências maiores da bibliografia sobre a temática da morte mas, na sua intervenção, destacou o apego, o vínculo e a perda, como sinal de dificuldade mas também de esperança, surpreendendo a plateia da aula magna ao referir que “a morte não é o fim”.
O orador sensibilizou que é preciso “uma educação para a morte”, de modo a que todos percebam que ela é tão real como a vida, necessitando por isso de preparação e de consciencialização dessa verdade absoluta da existência humana. Na partida de alguém que se ama entendemos que “o mundo não é como nós desejaríamos que fosse”, disse.
Também foram referidos os vários tipos de morte, da física à emocional, incluindo os suicídios em Portugal que disparam em grande número, também na utilização de tecnologias como a Internet, levando a que muitas mulheres e crianças encontrem a morte pela ousadia de falarem e conhecerem pessoas que não têm referências. José Eduardo Pinto da Costa, falando ainda das tecnologias, comentou que subjacente à sua má utilização, existe uma clara “alteração de valores”, havendo necessidade de reflexão profunda e acompanhamento. A monitorização, especialmente dos mais novos ou mais vulneráveis, é uma prioridade dos tempos contemporâneos.
As questões do luto nalgumas religiões foram também referidas na intervenção do orador que a Caritas trouxe até Leiria, destacando que nos tempos actuais existe uma nova “religião” que, apenas diz, por outras palavras, “venha a nós o vosso dinheiro”. Deste modo, sensibilizou os presentes das cautelas a ter com as falsas promessas de algumas religiões, brincando com os participantes que “o luto tem de ser feito com os neurónios que temos na cabeça… cerca 100 milhões”.
A morte transporta-nos para o luto e, com este estado, existe a necessidade de cumprir o caminho da aceitação. José Eduardo Pinto da Costa, tendo em atenção ao mau luto ou até mesmo a ausência deste, advertindo que “ai de quem não fizer o seu luto”. O palestrante terminou a sessão com a frase “o que é belo não morre, transforma-se em outra beleza”, de Balley Ardrich, destacando a importância de compreensão da fase do luto nas nossas vidas.
Direitos das crianças
O próximo debate realiza-se a 5 de Março, pelas 21h00 e terá como tema “o direito das crianças a uma parentalidade e educação positivas”. A Cáritas de Leiria pretende trazer temas que tocam a sociedade em geral, para uma melhor compreensão e também, como consequência, para uma vivência com mais sentido e harmonia com os valores.