1967 – Pontificava na paróquia da Batalha o “famoso” padre Inácio (o dos Cursos de Cristandade). Tudo, para mim, no último ano da minha formação seminarística, minorista na altura, se orientava para ser seu colaborador na paróquia. Só que, por falta de quem imprimisse o canto em Mira de Aire, o João Trindade, rombo de ouvido e de voz, em conluio com o bispo, apontou o Artur. (Somos da mesma terra.) Contrariado, lá foi… (lá fui). Final de setembro de 1967.
Começou a saga. A influência, simpática e risonha, do João Trindade junto dos principais industriais de Mira de Aire, sobretudo os Baptistas, cedo motivou alguns cantores e cantoras que, pouco a pouco, começaram a fazer efeito, sobretudo nas missas.

A cultura em Mira de Aire estava centrada, sobretudo, no teatro e na música instrumental. Ainda fazia furor a “Banda de Mira de Aire”. (É engraçado que, hoje, há a “Bandinha”. É sempre um festival onde atua!)
Teatro: Manuel Reis; Orquestra: Armelim Mendes. Faltava o coral, que entretanto foi surgindo.
E não é que, de ideia em ideia – luminosas sempre em ordem à cultura –, surgiu o Círculo Cultural Mirense (CCM)? Três valências: teatro, orquestra e coral. Ainda há uns meses entreguei aos atuais diretores do CCM o rascunho, escrito à mão, dos estatutos que vigoram ainda, suponho.
19 e 20 de fevereiro de 1972 – opereta Mouraria, de Filipe Duarte. Foi a apoteose do Círculo Cultural Mirense! (Além de outras com datas precisas.)
Entreguei à paróquia o espólio que possuía com todas as realizações do CCM.
E não há dúvida de que, na génese de todas estas realizações, esteve sempre, mas sempre (!), embora na sombra, um senhor que dá pelo nome de padre João Vieira Trindade! Lá permanecemos até setembro de 1973. Colaborei, vivi, revivi o que, bastante na sombra, é obra também dele. Ao João Trindade, a nossa homenagem!
Talvez uma breve exposição pública, com todo o espólio e algumas fotografias, na paróquia ou num espaço apropriado, possa aprofundar o nosso reconhecimento a uma pessoa que não pode ficar esquecida.
Adeus, padre João Vieira Trindade! Até à eternidade!