Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face

Uma mulher dedicada a espalhar a Boa Nova da misericórdia de Deus pela humanidade deu início a uma obra que viria a concretizar-se só após a sua morte. A espiritualidade de reparação expiadora e o carisma eucarístico foram o seu legado.

 

 

“Vítimas” na contemplação e ação reparadora

Maria da Conceição Pinto da Rocha, nascida em Viana do Castelo, em 1889, alimentou durante toda a sua vida o desejo de fundar uma obra que se dedicasse a levar pelo mundo a força da redenção. Esse fogo do Espírito Santo que ardia no seu coração levou-a a fazer o pedido de autorização à Igreja, enquanto ia conquistando e formando “discípulas” e amigas nesse amor de oferta generosa e redentora pela humanidade.

Os anos passaram e acabou por falecer, em 1958, sem ver o seu sonho cumprido. Deixou, no entanto, o legado às suas companheiras mais íntimas: “Não desanimem. Reúnam-se; a Obra é de Deus. Ele mesmo a fará”.

Elas não desanimaram e, em 1965, três delas decidiram pôr mãos à obra, as irmãs Maria da Piedade Passos Costa, Maria Afonso Ribeiro e Maria Romeira de Sá Ferreira, primeira superiora geral. A partir daí, foram redigidos os primeiros Estatutos, aprovados nesse ano pelo cardeal patriarca, D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Estavam lançadas as bases do que é hoje o instituto das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, contando no início com o apoio do padre jesuíta Sebastião Pinto, irmão da fundadora.

 

Carisma e espiritualidade

2016-01-26 sopra1O Instituto tem uma espiritualidade de reparação expiadora, resumida no lema “Ser hóstia viva com Jesus; com Ele e n’Ele, atrair a humanidade para o Pai”. Por isso, ao fazerem os seus votos perpétuos, as irmãs emitem um quarto voto, de “vítima”.

Com base nos muitos escritos da fundadora espiritual, os seus membros desejam “viver em oferta reparadora, em união com Jesus Redentor e Maria junto à Cruz”. Têm uma particular dimensão eucarística, fazendo todos os dias um tempo de adoração, intercedendo pelo mundo, pedindo a conversão dos pecadores, rezando em particular pelo Santo Padre e pela Igreja sofredora e perseguida. Vivem uma forte dimensão contemplativa, reservando uma boa parte do dia ao silêncio e à oração diária, conscientes de que essa é a fonte de todo o apostolado e a maneira mais eficaz de colaborar no serviço e dedicação à Igreja.

Mas o seu “apostolado de misericórdia”, rezando, sofrendo e expiando, manifesta-se também na vida ativa, organizando retiros e encontros de formação e espiritualidade, indo a “desertos onde não há pão, onde não há amor, onde não há Deus”, sobretudo nos estabelecimentos prisionais e em bairros pobres, e trabalhando na pastoral paroquial das áreas onde residem. Não tendo obras próprias, assumem qualquer trabalho profissional ou pastoral que a Igreja lhes proponha.

 

Casalinho de S. João

2016-01-26 sopra2Maria da Conceição Rocha manifestou em diversos escritos o desejo de vir a ter uma comunidade em Fátima. A amiga e Agregada (ver caixa) Maria do Carmo Ferreira de Mesquita de Moura adquiriu um terreno e construiu uma casa de férias no Casalinho de S. João, já com capela, com intenção de a deixar em legado ao futuro instituto. A fundadora e as primeira discípulas ali começaram a fazer exercícios espirituais e a passar algum tempo no verão. A dona da casa faleceu em 1971, após ter dedicado os últimos anos ao serviço de Nossa Senhora de Fátima, no Exército Azul, e as irmãs obtiveram licença do Bispo diocesano para ali se instalarem.

A comunidade de Fátima foi erigida canonicamente a 11 de dezembro de 1975. A casa do Casalinho de S. João, com uma pequena quinta repleta de espaços verdes, é um convite ao descanso e ao recolhimento, tendo sido desde início um espaço de acolhimento, oração, formação. Aqui tem funcionado o noviciado do Instituto. As irmãs da comunidade colaboram ainda na catequese e na pastoral do Santuário de Fátima.

 

Agregados e Adoradores

Além das religiosas que professam os conselhos evangélicos e vivem em comunidade, a obra conta ainda com cerca de duas centenas de Agregados e Adoradores, espalhados por vários países. As Agregadas e Agregados são leigos consagrados que vivem no mundo a espiritualidade do Instituto. Os Adoradores Eucarísticos são um amplo movimento de pessoas que se comprometem a fazer adoração eucarística reparadora mensal, pelas intenções do Santo Padre, as necessidades da Santa Igreja e a paz no Mundo.

 

Testemunho vocacional

“A única opção era tirar isto da cabeça”

2016-01-26 sopra3Nasci numa família católica, muito simples, a sexta de oito filhos. Rezávamos sempre o Terço à noite e, para além dos domingos, íamos à Missa todas as primeiras sextas-feiras e dias 13, o que muito me custava porque era muito cedo.

Fiz a caminhada normal de catequese, até à Profissão de Fé, aos 11 anos de idade. Mas foi pelos 18 que me tocou uma frase do Evangelho ouvida na Missa: “Quem deixar pai, mãe, irmãos…e tudo o que possuir, Eu lhe darei cem vezes mais”. Pareceu-me que o convite era mesmo para mim… e interrogava-me: “porque não sou eu a deixar tudo?”.

Tive medo de falar no assunto ou pedir ajuda a alguém. A única opção era tirar isto da cabeça, até porque o trabalho já me ocupava bastante. Entretanto, joguei futebol feminino durante quatro anos, pois gostava muito de desporto, e até comecei a namorar. Mas sentia que precisava de mais alguma coisa, pois sentia um grande vazio.

Comecei a frequentar o grupo de jovens, onde tínhamos muitas atividades. Precisavam de catequistas na paróquia e comecei eu, com o grupo da Profissão de Fé, ao mesmo tempo que me envolvia em muita coisa na Igreja. E, pronto, questão resolvida, estava a servir a Deus.

Mas um dia, numa catequese sobre as vocações, quando perguntei aos adolescentes se algum queria ser padre ou freira, um deles devolveu a pergunta: “Porque não a catequista?”. Isto foi como um bomba dentro de mim, veio tudo novamente ao de cima…

Nos encontros e retiros de catequistas, conheci as Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, com quem gostava muito de conversar: eram acolhedoras, mas acima de tudo muito felizes por darem a vida a Jesus. Estava a fazer a preparação para o Crisma e comecei a dar mais atenção a tudo, principalmente àquela pergunta “porque não tu?”. Pedi então ajuda, para entender o que o Senhor me estava a pedir. Comecei a conviver com as irmãs, fiz alguns retiros e li a autobiografia da fundadora. Tudo começava a fazer sentido para mim, era por aqui que Deus me chamava.

Mas, como dizer aos meus pais? Tinha medo, pressentia que não iam aceitar! Veio o dia; tinha de dar a “notícia”… e foi um terramoto! Mas eu sentia o desejo de viver para este Deus que tanto me amava. Saí de casa para fazer uma experiência de vida comunitária, mas tive de voltar na mesma noite, pois a minha mãe não reagiu bem e estava a passar mal de saúde. Sofri imenso, pensei em desistir… mas a voz deste Senhor era tão forte!

Continuei a ser acompanhada pelas irmãs e, em 1990, fui fazer os Exercícios Espirituais de oito dias e já não regressei mais a casa. Fiz a caminhada normal de formação, já lá vão 25 anos de vida consagrada. Os meus pais, aos poucos, foram aceitando o projeto de Deus para mim, acompanhando cada etapa. Estiveram presentes quando entrei no noviciado; nos votos temporários que foram na minha paróquia, em Correlhã, Ponte de Lima; nos votos perpétuos, uma grande celebração na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima.

Atualmente estou na comunidade de Fátima. Tantos anos passaram e permaneço fascinada por este Senhor que me chama a viver em contínua oblação para que a humanidade conheça a força redentora da sua misericórdia!

Ir. Maria de Lurdes Araújo

Números

Em Portugal

Comunidades: 5

Membros: 13

Na Diocese

Comunidades: 1

Membros: 4

Formação para catequistas sobre ambientes seguros
25 de Janeiro
, às 09:30
Domingo da Palavra de Deus
26 de Janeiro
Retiro 24, para jovens
1 de Fevereiro
ENDIAD – Encontro Diocesano de Adolescentes
8 de Março
, às 09:30
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