Este instituto nasceu num santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima, mas em Itália. A sua raiz está na espiritualidade dos padres Oblatos de Maria Virgem, fundados em 1800. Mas esta nova família religiosa surgiu apenas em 1978 e foi aprovada em 2001 como instituto de direito pontifício, ano em que veio também para Fátima.
Chamadas a viver uma
solidariedade espiritual e universal
A frase “Entregue ao Pai, como Maria, pela vida dos irmãos” resume o carisma deste instituto, surgido no Santuário de Nossa Senhora de Fátima de San Vittorino, diocese de Tivoli, na Itália. As irmãs sentem-se chamadas a “associar a própria vida à de Cristo Redentor e Salvador, para colaborar, como Maria, no seu plano de salvação da humanidade”, numa resposta direta à pergunta de Maria na Cova da Iria: “Quereis oferecer-vos a Deus, para suportar todos os sofrimentos que Ele vos enviará, em reparação aos pecados com que Ele é ofendido e para alcançar a conversão dos pecadores?”.
Assim, “animadas pela caridade de Cristo, participam no mistério da fecundidade maternal da Igreja e, no Espírito, trabalham para que cada pessoa, tomando consciência de ser criada à imagem e semelhança de Deus, redimida e salva por Cristo, viva a sua filiação com o Pai e realize assim a sua mais profunda vocação”. Os acontecimentos de Fátima e a mensagem “Convertei-vos e acreditai no Evangelho” são a confirmação do plano de misericórdia que Deus tem sobre cada homem e um apelo constante ao testemunho de vida e à ação apostólica: “Como oblatas somos chamadas, antes de tudo, a colaborar com Deus através da nossa vida, para viver uma solidariedade espiritual e universal, através da oração e do sacrifício, com a simplicidade e generosidade típica dos pastorinhos de Fátima”.
Missão
A missão apostólica do Instituto das Irmãs Oblatas de Maria Virgem de Fátima concretiza-se de diversos modos, principalmente, ao serviço da Igreja local onde se encontram, na pastoral dos santuários marianos ou em centros de espiritualidade. Trabalham, em particular, no sector educativo: na catequese das novas gerações e na formação dos adultos na fé, promovendo a animação de escolas de oração, dias de espiritualidade, retiros, exercícios espirituais, catequeses marianas, missões ao povo, etc.
Têm como alvo prioritário a promoção da espiritualidade de Fátima, também no acompanhamento aos fiéis em peregrinação, para uma experiência espiritual de oração e de fé e a sua consagração ao Imaculado Coração.
O Instituto trabalha também em terras de missão, em favor dos mais pobres, especialmente na ação catequética e educativa das crianças e na formação de adultos para o seu crescimento moral, cultural e religioso.
Em Fátima
A casa de Fátima foi inaugurada em 2001, com a presença de vários bispos, padres e irmãs, entre as quais a superiora-geral, Madre Pia. Esta nova proximidade “é para nós muito significativa, pois é a partir das aparições de Fátima que nós atingimos a fonte da nossa espiritualidade e a peculiaridade da nossa dimensão mariana”, lembra a irmã Maria Giustina Mainini, atual superiora desta comunidade.
No Santuário, desenvolvem uma ação catequética junto dos peregrinos, visitantes de exposições e outros turistas sobre a mensagem e a espiritualidade de Fátima. Além disso, estão inseridas na “Hora de reparação”, na animação litúrgica e canto coral, na coordenação de grupos estrangeiros durante a recitação do Rosário internacional na Capelinha, na catequese do Dia da Criança, no acolhimento na Casa do Jovem e na Capela da Reconciliação, etc.
Organizam, ainda, na sua casa de espiritualidade, dias de catequese para crianças e jovens e prestam assistência espiritual num lar de Fátima e ao domicílio a vários doentes.
Testemunho vocacional
“Toma-me no lugar de minha mãe!”
Graças a Deus, nasci numa família cristã, há 51 anos, na paróquia italiana de S. Ambrósio (Milão), e desde a infância fui educada na fé e nos valores da vida. Logo no Batismo, os meus pais consagraram-me à Santíssima Virgem e, lendo com fé a minha história, posso dizer que a Virgem me pegou pela mão e me guiou nos caminhos da vida, até chegar a um instituto dedicado precisamente a Ela e, depois, vir viver aqui em Fátima, nesta terra abençoada pela sua presença.
A minha infância passou serenamente até aos 12 anos, quando a minha mãe foi internada com graves problemas cardíacos e risco de vida, uma provação dura para toda a família. Lembro-me de ter encontrado refúgio na oração, como os meus pais me tinham ensinado, e comecei a falar mais com Jesus, Maria e o meu Anjo da Guarda. Foram meses de lágrimas e do pedido incessante de um milagre ao Senhor, tendo chegado a dizer-Lhe, na minha simplicidade, “toma-me no lugar de minha mãe”! O Senhor sempre ouve o clamor dos pequenos que o invocam com um coração sincero e inocente… De facto, depois de meses de internamento, a saúde de minha mãe melhorou e pôde regressar a casa.
As graças que se seguiram a este sofrimento foram muitas, mas, infelizmente, o tempo traz o risco do esquecimento. Assim aconteceu comigo: nos anos de juventude, atraída pelas falsas luzes que o mundo oferece, deixei-me fascinar, ao ponto de perder o caminho que conduz à verdadeira felicidade. Mas hoje vejo que a Virgem me vigiou de perto e, nas decisões mais imponderadas que poderia ter tomado, nunca me deixou seduzir e conduzir pelo pensamento mundano. Isto aconteceu através de pessoas, circunstâncias, leituras e sobretudo a oração.
Depois de diversas experiências erradas, criou-se dentro de mim um grande vazio existencial, que me levou a interrogar-me sobre o sentido da minha vida e, novamente, a rezar. Foi nesta busca que encontrei Cristo, um “Tu” que me cativou, senti o chamamento a segui-l’O. Ainda resisti algum tempo, mas Deus colocou no meu caminho algumas irmãs Oblatas que, com o seu testemunho de alegria e simplicidade, me conquistaram. Foi há quase 30 anos e logo, no mais íntimo de mim mesma, me senti “em casa”.
Hoje estou aqui em Fátima e sinto-me uma filha predileta da Mãe celeste, que continua a entusiasmar-me a seguir o caminho de seu Filho. Ela motiva-me cada dia para entregar-me com alegria a cada peregrino que visita o Santuário, através da oração, do testemunho de vida e do serviço no acolhimento, nas catequeses sobre a mensagem, no ministério de consolação, nas obras de misericórdia espirituais, etc. Desta forma, procuro pôr em prática as nossas Constituições, que nos convidam a ajudar “todos os homens a tomar consciência de que foram criados à imagem e semelhança de Deus, redimidos e salvos por Cristo, a viver a sua filiação com o Pai e a perceber a sua profunda vocação”.
Hoje, posso dizer de coração sincero que vivo cheia de gratidão para com Deus, que “me tomou” para si através do dom da vocação religiosa, e que sou feliz de pertencer a Cristo. Todos os dias peço à Santíssima Virgem o dom da minha conversão, para viver sempre mais intimamente unida a Cristo, como Ela, fazendo com amor a vontade de Deus e para que os meus irmãos e irmãs tenham vida em abundância.
Ir. Giustina Mainini
Números
No mundo
Comunidades: 15
Membros: 89
Em Portugal/Diocese
Comunidades: 1
Membros: 6
Mais nova: 41 anos
Mais velha: 55
Média etária: 45