Instituto Secular Missionário Servas do Apostolado

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“Quero atuar no mundo mergulhada em Deus Trindade que adoro”. Foi esta a frase que inspirou a vida de Maria Isabel Matias (1905-1969) e que deixou em “testamento” às leigas consagradas do Instituto Secular Missionário Servas do Apostolado, que fundou em Coimbra.

 

 

 

 

 

Ardor de evangelização “dentro” do mundo

 A fundadora foi “uma adolescente à procura da vontade de Deus, uma jovem alegre e determinada; uma mulher madura, atenta a todos, especialmente aos mais carenciados; uma mística, que vivia centrada em Deus”, lê-se no sítio do Instituto Servas do Apostolado (ISA), em www.isapostolado.com. Partindo da militância na Acção Católica, foi aí que o seu “ardor apostólico entusiasmou outras jovens a iniciarem uma nova forma de consagração à causa do Reino de Deus”. Depois de alguns anos de preparação, inspirando-se na Constituição Apostólica “Provida Mater Ecclesia”, publicada pelo Papa Pio XII em 1947, conseguiu que as primeiras Constituições do ISA fossem aprovadas em 1952, por D. Ernesto Sena de Oliveira, Bispo de Coimbra. A Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, do Concílio Vaticano II, viria a dar novo alento à sua ação na vida da Igreja, como resposta concreta ao desafio do diálogo entre a Igreja e o mundo.

 

São atualmente 28 em Portugal as que seguem o seu “exemplo estimulante de zelo pelo Reino de Deus, trabalhando pelo crescimento integral da pessoa humana”. A grande maioria vive a sós ou com as respetivas famílias, embora o Instituto tenha uma sede, em Coimbra, e uma casa em Fátima, onde residem algumas mais idosas.

 

Carisma, ação e espiritualidade

As primeiras Servas do Apostolado chegaram à diocese de Leiria-Fátima em 1983. Curiosamente, é daqui natural, da paróquia do Juncal, a atual coordenadora geral, Maria do Rosário da Cruz Virgílio, com 56 anos de idade e 26 de vida consagrada, os últimos 4 nesta função. É ela que nos aponta o “espírito de serviço apostólico e missionário” como carisma da instituição.

Já sobre as principais ações pastorais das Servas do Apostolado, afirma que “um dos aspetos bem patentes na identidade, missão e carisma do Instituto é o seu estar no mundo e dentro do mundo próprio da sua consagração secular”. Isto é, a sua vocação realiza-se e concretiza-se na simplicidade do dia a dia, vivido com permanente noção de que toda a sua pessoa e toda a sua atividade estão nas mãos de Deus. Assim, o seu empenho apostólico é também aquele a que são chamados todos os cristãos, seja na catequese, na ação social, na liturgia, etc. “Ao intitular-se Servas do Apostolado, o Instituto procura aliar, a partir da consagração dos seus membros, o serviço social às pessoas com o novo ardor da evangelização e isto sempre dentro do meio profissional, cultural, social… em que os seus próprios membros se encontram”, refere Maria do Rosário.

O ISA desabrochou e deu frutos por todo o País, “no apoio social e económico a crianças e idosos, na catequese familiar e paroquial, no apoio aos sacerdotes”. Sempre “em nome do amor”, as Servas do Apostolado procuram “transformar o mundo à maneira de fermento, sal e luz, potenciar que nele se rasguem os novos horizontes próprios dos valores do Reino: justiça, verdade, paz, liberdade, dignidade…”.

Para tal, a Eucaristia diária é “uma prioridade onde oferecemos a vida daqueles com quem vivemos e onde acolhemos a vida entregue de Jesus”, refere o sítio do ISA. O próprio logótipo expressa a raiz da sua espiritualidade: “o Coração de Deus Trindade que abraça no seu Amor infinito, pela cruz de Cristo, o mundo, oferecendo-lhe gratuitamente a Salvação”.

 

2014-12-24 servas apostolado2Centro de Formação Laical

Situado no planalto do Almegue, sobranceiro à cidade de Coimbra, este centro do Instituto Servas do Apostolado está aberto a receber grupos de diferentes faixas etárias para formação humana e cristã. É uma forma concreta do Instituto desenvolver a sua missão de promoção de formação humana, espiritual e apostólica de outros, em abertura interconfessional.

 

Entrevista a Deolinda Ferreira

“Na simplicidade e discrição de uma vida normal…”

2014-12-24 servas apostolado1Com naturalidade e residência no Telheiro, paróquia da Barreira, Deolinda de Jesus Ferreira é consagrada das Servas do Apostolado há 26 anos. Atualmente aposentada, foi educadora de infância, profissão em que afirma ter exercido “verdadeiramente” a sua vocação de consagração.
Fê-lo também pela dedicação à paróquia, sobretudo na catequese e na liturgia, e participação em diversas equipas da pastoral diocesana. Destaca, neste contexto, a colaboração com o grupo Ondjoyetu, através do qual esteve já em missão no Sumbe, onde deseja voltar.

 

 

 

Como surgiu em si o desejo da vida consagrada?

O desejo da consagração foi-se desenhando no horizonte como uma forma de vida possível, entre outras. Penso que ponderei diferentes possibilidades e formas de vida, entre os 16 e os 20 anos, mais ou menos; na idade própria de alguma inquietação, interrogação e que naturalmente nos leva a assumir determinada direção vocacional. Nada de extraordinário. Mas o facto de ter nascido no seio de uma família de prática cristã e, desde muito nova, ter começado a empenhar-me na catequese e na liturgia da paróquia e depois também diocesana, juntamente com os estudos que ia fazendo em ordem a uma profissão, foram atividades que me deram algum suporte na decisão e concretização da consagração.

 

A opção por um instituto secular teve alguma razão especial?

Posso afirmar que, desde cedo, fazendo essa opção pela consagração, seria na secularidade, mesmo antes de conhecer os institutos seculares. Nunca me vi a viver em comunidade numa congregação religiosa. Tinha duas tias religiosas: uma irmã da mãe e outra irmã do pai. Eu sonhava ser toda de Deus, à maneira de Jesus Cristo. Sem deixar a família, o ambiente onde vivo, as pessoas, uma profissão, o mundo… sempre olhei o mundo “como coisa boa”, como nos é relatado no Génesis. Recordo-me de, enquanto jovem, ter dito algumas vezes: o mundo é a minha casa. Esta frase, o que disse atrás e, consequentemente, o modo como estamos e vemos o mundo são razões suficientemente fortes para decidir e viver a minha opção vocacional.

 

Como resumiria a sua experiência de vida pessoal e pastoral?

Na Encarnação de Jesus, mistério que sempre me encantou, detenho-me a contemplar Deus que vem ao nosso encontro, desce ao nosso nível e se faz em tudo semelhante a nós – como que se esconde de ser Deus –, para se fazer encontrar com cada pessoa e revelar o quanto nos ama, o quanto ama o mundo!… É aqui, nesta história de amor, unida a este Deus que mergulha na história humana e em comunhão com a Igreja diocesana que sinto um alento especial para viver, atuar e testemunhar a esperança do evangelho, à maneira do fermento que, como sabemos, só produz o seu efeito quando misturado na massa. É desta forma, com o coração em Deus que sempre me (nos) ama e ao mesmo tempo vivendo no emaranhado da vida familiar, social, económica e política, que na simplicidade e discrição de uma vida normal procuro ser expressão e anúncio feliz da missão salvadora de Jesus, confiada à Igreja.

 

Números

Na Diocese:

Membros: 10

Na casa de Fátima: 6

A sós ou na família: 4

Mais nova: 54 anos

Mais velha: 87 anos

Média etária: 70 anos

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Captura de ecrã 2024-04-17, às 12.19.04

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