As Irmãs Doroteias são uma família religiosa apostólica de origem italiana, fundada por Santa Paula Frassinetti em 1834 e hoje presente em quatro continentes. Dedicam-se, sobretudo, à educação como meio de levar as pessoas a encontrar Deus.
Educação evangelizadora
para o crescimento integral da pessoa
Paula Ângela Maria Frassinetti nasceu num bairro central de Génova, em 1809, e desde cedo foi confrontada com o choque entre a antiga sociedade e as novas ideologias trazidas pela industrialização e democracia do ressurgimento italiano. Nessa transição, às vezes violenta, muitas pessoas caíam em situações de inferioridade e exploração. Para as ajudar, ela forma um grupo de jovens que tinham em comum a paixão pelo Reino e a vontade de promover uma “educação evangelizadora” dos mais desprotegidos.
O grupo formou-se em 1834 e, no ano seguinte, o padre Lucas Passi percebeu que poderia ser um bom meio de apostolado para a obra que estava a desenvolver por toda a Itália, de formação de crianças e jovens pobres e necessitados. Procurava-os no seu ambiente familiar e de trabalho e, com ajuda de jovens mais formados, criava laços de amizade e confiança e ajudava-os a crescer como pessoas e como cristãos.
Paula percebeu a originalidade e o valor apostólico daquele método simples e aceitou o convite. Mudou o nome do grupo para Irmãs de Santa Doroteia, consagrando-se os seus membros totalmente a Deus, na disponibilidade para evangelizar através da educação. Deu exemplo disso até à morte, em 1882, e foi canonizada pelo Papa João Paulo II, em 1984.
Carisma
Na história da sua fundação se percebe, também, o carisma que a congregação viria a assumir. Com o lema “Em simplicidade trabalhar”, as Irmãs Doroteias são chamadas a continuar a missão de Jesus Cristo no mundo, “no serviço ao crescimento integral do homem através da educação evangelizadora”, como referem as suas constituições. Ali se aponta, também, a “preferência pela juventude e pelos mais pobres”, a fidelidade à Igreja na promoção da “justiça e fraternidade universal” e que “educar significa deixar-se possuir pela pedagogia do Evangelho que leva o homem a descobrir-se amado por Deus, a acreditar nesse amor e a crescer como pessoa até à plenitude da maturidade em Cristo”.
Com uma espiritualidade apostólica sólida e exigente, formada na escola dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola, as irmãs vivem em comunidade a sua entrega radical ao serviço do Reino. O amor de Jesus Cristo é o sentido e a força da sua vida, como “sinal e serviço para a transformação do mundo na grande família de Deus”. Tudo isto assumindo a “simplicidade como importante característica desta família religiosa”.
Expansão
A congregação expandiu-se por Itália, logo a partir de 1841, sendo aprovada pelo Papa em 1855, e lançou-se na aventura da expansão missionária para outros países e continentes a partir de 1866. É nesse ano que chega a Portugal, com três irmãs vindas de Génova a abrirem uma casa em Quelhas, Lisboa.
Em 1910, quando a Província Portuguesa contava já com 12 casas e 252 irmãs, são obrigadas pela República a dispersar-se, como todas as outras congregações. Partem para vários países da Europa, os Estados Unidos e o Brasil, mas estarão de regresso em 1918, ramificando gradualmente a sua presença em Angola (1934), Moçambique (1967) e S. Tomé (1994).
A sua ação em Portugal estende-se a escolas e obras sociais (da creche ao ensino superior), comunidades de inserção, lares universitários, pastoral juvenil e de promoção da mulher, entre outros tipos de colaboração na pastoral paroquial.
Na Diocese
“Antes de ser uma feliz realidade, a Casa de Fátima foi uma ansiosa esperança”, diz a superiora, irmã Luísa Alves. A concretização foi em Agosto de 1944, quando “nove irmãs fizeram a sua entrada numa pequena casa alugada, sem colchões, com algumas cadeiras emprestadas pelo Santuário, um fogareiro, uns tachos e uma bilha…”, cenário que as fez recordar o da própria fundação do instituto.
Depois, foi tudo muito rápido. Abriram logo uma concorrida aula de costura e, em Outubro, fundaram a Escola de Santa Doroteia. Em Abril do ano seguinte era lançada a primeira pedra da futura casa, inaugurada em abril de 1946.
A 13 de maio desse ano, por ocasião da coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima pelo Cardeal Masella, legado do Papa Pio XII, no centenário da proclamação de Nossa Senhora como Rainha de Portugal, estiveram nesta casa algumas irmãs da direção internacional da congregação. Em “reconhecimento por tantas graças recebidas”, a Província Portuguesa ofereceu à imagem de Fátima uma coroa que substituísse a que havia sido oferecida pelas mulheres de Portugal, então reservada para as grandes solenidades.
Em 1977, as Doroteias adquiriram em Fátima a “Casa do Monte Moro”, destinada a ser um lar familiar para estudantes do ensino médio, muitas delas filhas de emigrantes. Viria a encerrar em 1995.
Também a escola tinha encerrado no fim do ano letivo de 1984/85, passando a casa a ser destinada a acolhimento às irmãs, com a comunidade residente a prestar serviço de apoio à pastoral do Santuário de Fátima. O edifício é também usado para encontros de formação e espiritualidade, bem como para acolhimento esporádico de peregrinos.
Testemunho vocacional
O Senhor olhou para mim
desde o seio de minha mãe
A irmã Maria Luísa Henriques Alves nasceu há 78 anos em Estreito-Oleiros, diocese de Portalegre-Castelo Branco. É religiosa há 55 anos e os últimos 26 foram dedicados à missão de superiora da comunidade de Fátima. Pedimos-lhe um pequeno testemunho da sua vocação.
Desde muito nova que senti o desejo de me dar toda a Jesus Cristo. Vou contar o motivo pelo qual penso que o Senhor olhou para mim desde o seio de minha mãe…
De facto, a minha mãe queria ser Doroteia e fez o noviciado em Tuy – Pontevedra, vindo depois para o nosso colégio de Vila Nova de Gaia. Porém, antes de fazer os votos perpétuos, decidiu sair da congregação. Nessa ocasião, alguém lhe disse: “A Carolina vai embora, mas depois virão as suas filhas”. Esta profecia realizou-se. O que interessa é sermos fiéis em seguirmos a vontade de Deus. O Senhor não a quis Doroteia, mas sim uma verdadeira apóstola, boa esposa e boa mãe de seis filhos.
Foi no ambiente de uma família muito cristã que fui crescendo nos valores humanos e espirituais. Precisamos de famílias boas e santas que sejam verdadeira Igreja doméstica. Dedicava-me à paróquia, na Ação Católica, Catequese, Cruzada Eucarística, ajuda e apoio às crianças mais necessitadas. Tive uma juventude alegre e feliz. Nesse tempo, como disse, sentia que o Senhor me chamava à vida consagrada, a dar toda a minha vida por Ele, a torná-l’O mais conhecido e amado no serviço aos irmãos.
Assim, entrei aos 23 anos para a congregação das Irmãs Doroteias. Nunca tinha visto nenhuma Doroteia, mas conhecia a congregação e o carisma, através da minha mãe.
Neste momento, com 55 anos de vida religiosa, gostava de dizer aos jovens que não tenham medo de arriscar e dar a vida por Jesus Cristo ao serviço dos que mais precisam. Aproveitem bem a vida, com entusiasmo e alegria. E acreditem que “é no dar que se recebe.”
Irmã Luísa Alves
Números
No mundo
Membros: 824 irmãs de votos perpétuos
Em Portugal
Casas: 26
Membros: 254
Na Diocese
Casas: 1
Membros: 4 irmãs
Mais nova: 78 anos
Mais velha: 83 anos
Média etária: 81 anos