Igreja Alegre e Missionária com o Rosto de Mãe Misericordiosa

 Homilia na Missa de Ação de Graças pelo Centenário da Restauração

 

IGREJA ALEGRE E MISSIONÁRIA

COM O ROSTO DE MÃE MISERICORDIOSA

 

† António Marto

Bispo de Leiria-Fátima

Catedral de Leiria, 21 de janeiro de 2018

Refª: CE2018B-001

 

A história é já conhecida: a 17 de janeiro de 1918, o Papa Bento XV restaurou a nossa amada Diocese de Leiria-Fátima, que fora extinta em 1881 por motivos políticos.

Como é belo ver hoje aqui a nossa Igreja diocesana reunida na catedral, com todo o seu presbitério e os representantes das paróquias, dos serviços diocesanos, institutos de vida consagrada, movimentos, para celebrar o centenário da restauração, em comunhão eclesial com o Santo Padre, representado pelo senhor Núncio Apostólico e com os bispos de outras dioceses irmãs; e também com a presença das excelentíssimas autoridades civis, militares, académicas e representantes de outras instituições em sinal da mútua colaboração no bem comum. A todos saúdo cordialmente e agradeço a sua presença, que muito nos honra.

Antes que discorrer sobre a nossa história – não é este o momento próprio – perguntemo-nos: qual a mensagem do Senhor na sua Palavra para este momento, para hoje e para o futuro?

 

1. Diocese que se alegra no Senhor

A primeira leitura faz-nos entrar de imediato no que carateriza o nosso jubileu. O convite do profeta Sofonias à cidade de Jerusalém é hoje endereçado à nossa Igreja diocesana: “Clama jubilosamente, solta brados de alegria; exulta, rejubila de todo o coração, Igreja de Leiria-Fátima… O Senhor teu Deus está no meio de ti, como poderoso salvador. Por causa de ti, Ele enche-se de júbilo, renova-te com o seu amor, exulta de alegria por tua causa, como nos dias de festa”. O motivo da exultação é a experiência do grande amor de misericórdia e consolação de Deus que não abandona o seu povo no caminho fatigante da história.

Desde logo convida-nos a reconhecer a Igreja como obra de Deus. Ela não nasce num laboratório, por iniciativa humana. Nasce do coração de Deus que forma um povo com quem faz aliança e história de salvação. Ser Igreja é sentir-se nas mãos de Deus que é Pai, nos ama, nos acarinha, nos acompanha e nos faz sentir a sua ternura.

Nesta perspetiva de fé, com a memória agradecida elevamos o nosso coração num hino de louvor e ação de graças pela presença constante do bom Deus que se dignou edificar e fazer crescer o edifício humano e espiritual da Diocese que tanto amamos e sentimos “nossa casa”! Tudo isto é muito belo! Abre o nosso coração ao infinito amor do Pai celeste que recria, transforma e reforma, renova e embeleza a vida da nossa Igreja; infunde esperança e permite olhar o futuro com confiança e serenidade: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem” (Sl 126, 1).

2. Diocese que cresce na força do Espírito

A segunda leitura, por sua vez, coloca o acento na nossa própria tarefa na edificação desta Igreja: “Unindo-vos ao Senhor que é a pedra viva… também vós como pedras vivas entrai na construção deste edifício espiritual.…para constituirdes um povo santo”.

Sim, com o batismo recebemos a graça e a responsabilidade de tomar parte ativa na construção da Igreja do Senhor através dos dons e carismas, dos serviços e ministérios que o Espírito Santo dá a cada um. E não só individualmente, mas em comunhão, com o concurso de todos. Cada pedra viva, cada pessoa e cada serviço são preciosos se contribuem para o crescimento da comunidade na fé, na esperança e no amor.

Se hoje acreditamos, se sabemos reconhecer o Senhor e escutar a sua palavra, se O sentimos próximo e O reconhecemos nos irmãos, se sabemos rezar, é porque outros, antes de nós, viveram a fé e no-la transmitiram, a começar pelos nossos pais e avós, ou então catequistas, sacerdotes, bispos, religiosos/as, amigos e companheiros de caminho e o rosto dos nossos santos, particularmente de Francisco e Jacinta Marto. Esta é a Igreja, uma grande família onde somos acolhidos e aprendemos a viver como discípulos de Jesus.

Reconhecer todas as pedras vivas com que foi edificada a nossa Igreja diocesana ao longos destes cem anos é dever de gratidão e estímulo formidável para olhar para o futuro com confiança e esperança. O Espírito que trabalhou em nossos pais no passado, em condições por vezes difíceis e adversas, é o mesmo que com energia indómita nos anima e assegura que continuará a trabalhar em nós e connosco, hoje e amanhã.

O centenário da restauração da Diocese é uma ocasião para aprofundar o sentido de identificação e pertença dos fiéis a esta Igreja local e para desenvolver a participação ativa e esclarecida de todos os membros na sua edificação, reconhecendo a riqueza dos seus carismas e ministérios e determinando-lhes o espaço próprio. É uma urgência que supõe criar um clima de fraternidade nas nossas comunidades que primem pela atenção e estima recíprocas e onde cada um é apoio de todos e todos de cada um. É bom lembrar que “a Igreja evangeliza não só pela Palavra que prega, mas pela imagem de comunidade que apresenta”.

3. Diocese que sai ao encontro do Senhor

Por fim, o evangelho põe à nossa contemplação o mistério da visitação de Maria, cheio de beleza e encanto. Após a anunciação do Anjo, Maria sai sem demora em visita à prima Isabel para partilhar a boa nova, para lhe levar Cristo e, com Ele, a alegria, a ternura, o afeto, a consolação, o serviço e a ajuda. Maria surge aqui como exemplo do discípulo missionário e figura da Igreja em saída às periferias existenciais.

A Igreja é chamada a um novo ardor missionário, a sair para levar a todos a alegria do evangelho com o perfume da misericórdia como mãe amorosa: a fazer-se próxima de cada pessoa a começar por quem é pobre, sofre e é marginalizado, de modo a fazer sentir a todos o olhar compassivo e misericordioso de Jesus.

“A Igreja não está no mundo para condenar, mas para permitir o encontro com aquele amor entranhado que se chama a misericórdia de Deus” diz o Papa Francisco. E acrescenta: “Desejo uma Igreja alegre com o rosto de mãe que compreende, acompanha, acarinha”. Pois bem, todos e cada um de nós temos a responsabilidade de refletir este rosto, sobretudo face à cultura da indiferença e da exclusão que ameaça resfriar o amor nos corações e nas relações e esmorecer o sentido da humanidade.

Eis, pois, dois grandes desafios para nós: ser discípulos missionários à altura deste tempo novo e amar com Cristo, profundamente, o mundo e a história que habitamos, nossa casa comum, com as suas potencialidades e as suas misérias. Os desafios são numerosos, mas as perspetivas apostólicas podem ser ainda maiores. Trata-se de as detetar. O Espírito Santo trabalha constantemente na Igreja. A nossa fé dá-nos coragem no caminho da audácia apostólica que é capaz de realizar o impossível.

Coragem, pois, querida Diocese de Leiria-Fátima. “Canta e caminha” com a força do Espírito Santo; canta e caminha com a alegria do evangelho no coração; canta e caminha sob a proteção dos teus Padroeiros, Santo Agostinho e Nossa Senhora de Fátima, Mãe de ternura e de misericórdia!

 

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