“Finalmente tendes uma igreja acolhedora e funcional; uma igreja bela que favorece o recolhimento e suscita a alegria de poder celebrar dignamente a presença do Senhor e proclamar a sua palavra; uma igreja bem visível e atrativa que quer ser apelo constante a uma fé sólida presente no mundo.” As palavras são de D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, ditas no passado dia 29 de maio, na Missa de Dedicação da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Comunidade Cristã da Golpilheira.
A igreja foi completamente remodelada nos últimos meses e voltou a encher-se de fiéis para a festa deste dia, presidida pelo Bispo diocesano e com a presença do reitor e do administrador do Santuário de Fátima, respetivamente, padre Carlos Cabecinhas e padre Cristiano Saraiva. Esta “representação” prendeu-se com o facto de o altar da renovada igreja ser o que esteve entre 1995 e 2015 na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, cedido pela instituição com outras peças do mobiliário litúrgico. Entre elas, a cadeira e bancos da presidência e a própria coluna onde estava a imagem de Nossa Senhora na Basílica – e agora voltará a estar, no templo desta comunidade da paróquia da Batalha.
Bispo diocesano pediu Igreja unida e “no mundo”
Como lembrou D. António Marto, este dia “de alegria e de emoção” coroou “os esforços, as fadigas, os sacrifícios e o empenho da comunidade para erguer este edifício”. Mas a dedicação da igreja, uma celebração “muito rica de palavras e de símbolos” e de “valor profundo”, só ganha sentido se o edifício for “sinal visível da presença de Deus invisível”, tanto mais na época atual “em que se vive um ‘eclipse cultural de Deus’, um ocultamento do sentido da sua presença nas consciências, na cultura e na sociedade”, que nos deixa “mais sós, mais confusos e desorientados, mais tristes, divididos e violentos, menos solidários”.
No mesmo sentido, “Deus quer habitar no meio de nós num templo de pedras vivas e não de pedras mortas”, sublinhou o Bispo, pelo que “de nada vale erguer templos de pedra, se não há lugar para Deus no templo vivo do nosso coração”.
Uma Igreja que não é “uma estação de serviços religiosos, mas uma comunidade de fé, de esperança e de amor”, não deve deixar lhe “roubem o ideal da comunidade e do amor fraterno”.
“Ide para o mundo; é lá a vossa missão” foi mais um dos apelos de D. António na sua homilia aos cerca de meio milhar de fiéis presentes, lembrando que “os dons de Deus que celebramos e recebemos na igreja, não são para ficarem encerrados dentro dela, mas para serem comunicados aos outros”, sobretudo “a todas as periferias humanas”.
Momento especial foi a “procissão” de mais de uma centena de crianças, levando as flores com que se enfeitou pela primeira vez a coluna de Nossa Senhora, enquanto se cantava o Ave de Fátima. Momento emocionante, sublinhado por D. António Marto quando se dirigiu às crianças como “as flores mais bonitas e o futuro desta Igreja viva”.
Comunidade em festa
Após a celebração, a Comissão da Igreja apresentou à comunidade o resumo do processo da intervenção e a equipa de arquitectos explicou os principais conceitos da mesma, resumidos na palavra “luz”, que recorrentemente surge na descrição de Nossa Senhora feita pela Irmã Lúcia nas Memórias. O padre Carlos Cabecinhas referiu a ligação desta igreja ao Santuário de Fátima e, se ouviu por diversas vezes o agradecimento pela oferta feita, agradeceu também “ter sido esta comunidade a estabelecer essa ligação em primeiro lugar, ao dedicar este templo a Nossa Senhora de Fátima”.
Findas algumas outras intervenções, foi descerrada uma lápide que perpetuará esta data e todos os presentes foram convidados para um almoço que prolongou a confraternização até final da tarde.