À entrada do segundo ano dedicado à família, o PRESENTE visitou a família Martins Duarte. Jorge, Fernanda e Pedro receberam-nos no seu lar, na Moita, paróquia de Pataias, e falaram acerca do dom que cresceu em família e da missão que abraçaram. Um casal que se aproximou da Igreja pelo testemunho inspirador do filho.
A família Martins Duarte deu os primeiros passos com o Matrimónio de Jorge e Fernanda, há 26 anos. Uma viagem a Cabo Verde, no ano passado, serviu para renovar o compromisso. O pároco ajudou nos contactos necessários para que pudessem celebrar as bodas de prata matrimoniais naquele país. “Foi uma experiência diferente: ao lado da igreja havia uma creche e tivemos uma assembleia de crianças na Missa”. A celebração, que teve lugar na Ilha do Sal, marcou o casal e serviu para os unir ainda mais, confessa Fernanda.
Uma história de amor
Casaram em 1988, depois de construir a casa onde ainda moram. Partilham, para além da vida em comum, a profissão e a naturalidade: ambos são operários fabris nascidos na freguesia da Moita.
Jorge era filho único e “um jogador da bola”, conta a esposa, muito presente na vida social daquela comunidade. Já ela, por ser mais requisitada nos trabalhos domésticos, era mais caseira. Apesar disso, Jorge lembra as escassas vezes em que via Fernanda, suficientes para que o namoro surgisse naturalmente. “A partir daí foram 26 anos com altos e baixos”, refere Fernanda.
Os altos e baixos da vida conjugal
“Passámos por alguns momentos difíceis. O primeiro ano de casados foi um bocadinho difícil, sobretudo em conciliar dois estilos de vida diferentes. Houve algum atrito, até se estabelecer um equilíbrio. Quando um casal entra numa casa para viver uma vida em comum, é normal que haja estes problemas. Muitas relações não funcionam, porque, hoje em dia, poucos estão dispostos a fazer esforços para que este equilíbrio seja conseguido. O casamento, não sendo um sacrifício, implica sacrifícios. Cada vez mais, as pessoas têm de definir bem o que querem e olhar para Matrimónio como uma vocação.” (Fernanda Martins)
Uma dedicação que nasce em família
Pedro, o filho, nasceu em 1992, Até aos seis anos do descendente o casal passou por uma das fases mais complicadas do casamento, um período que Fernanda apelidou de “adaptação à vida conjugal”.
A ida do filho para a catequese foi um marco que mudou a ligação da família com a Igreja. Apesar de não se sentir próxima da Igreja, acompanhou sempre o filho na sua caminhada doutrinal. A assiduidade e o gosto que Pedro demonstrou pela catequese e pela Missa foi um exemplo e um impulso que aproximou o casal da vida eclesial. “Se eu hoje estou na Igreja, posso agradecer ao meu filho”, confessa Fernanda, emocionada ao relembrar o testemunho de vida invulgar.
Depois da catequese no sábado, Pedro fazia questão de não faltar à Missa dominical e, algumas vezes, era ele quem incentivava a família a ir. Fernanda retrata o empenho do filho ao contar dois episódios. “Nos dias em que chovia, eu acordava e dizia-lhe: Filho hoje não vamos à Missa que está a chover. E ele respondia: Não, mãe, temos que ir à Missa, senão Jesus fica muito triste connosco. Perante esta reação, eu ficava envergonhada e ia, mas não era eu que o levava, era ele que me levava”. “Eu não me confessava e foi ele que, numa altura em que eu não andava muito bem, me incentivou a ir à Confissão com ele à igreja paroquial.
Eu acho que, com a ajuda do nosso filho, abrimos o nosso coração a Deus. Assim, sentimos uma outra força e um outro alento para enfrentar os problemas.
Do banco do fundo para a frente
Antes de estabelecer esta proximidade, Fernanda já tinha sido convidada para ser catequista, mas “dava sempre uma desculpa” para não aceitar a proposta. “Dizia que não tinha tempo. Hoje, tenho uma vida muito mais ocupada a todos os níveis e consigo conciliar as minhas atividades na Igreja”.
“Eu só ia à Missa nas celebrações mais importantes e só participava nas festas da catequese, quando era mesmo preciso irem os pais”, confessa Jorge. Foi numa dessas celebrações, perante a possibilidade de fechar a igreja da comunidade da Moita, por não haver comissão, que Jorge abraçou o convite para aquele órgão paroquial. “Eu, que normalmente ficava nos bancos de trás, porque tinha medo de ocupar o banco da frente, comecei, desta forma, a criar uma relação mais próxima com a Igreja”.
Passaram quase dez anos desde o dia em que foi para a comissão da igreja e, ainda hoje, disponibiliza o seu tempo em prol daquele serviço. Fernanda é catequista e está ligada ao grupo de acólitos. Como casal, são responsáveis ao nível vicarial pela pastoral familiar e integram também uma equipa paroquial.
Fernanda não hesita em dizer que “são uma família abençoada pelo Amor”. “Todos os dias agradeço a Deus a família que me deu e luto muito por ela”. O sorriso do marido e do filho confirmam a certeza de Fernanda e o ambiente do lar revela a convicção da matriarca. O segredo do sucesso desta família está ali mesmo, aos olhos de todos e para todos, numa fé que se exprime em dedicação autêntica e incondicional.