Esta congregação surgiu com o nome de “Religiosas Terceras de Nuestra Madre Santísima del Monte Carmelo”, em 1888, na cidade de Puebla de los Angeles, no México. Vinte anos depois, mudaram o nome e o hábito – de castanho para azul – mas não o desígnio inicial de servir os mais necessitados.
“Oração, sacrifício e apostolado”
pelos mais pobres
Tudo começou com a ação pastoral do padre Luis de la Torre y Baeza, que não se contentou com a missão de capelão e catedrático de Latim e Teologia, saindo às periferias à procura dos mais pobres e carenciados. Além de lhes levar a Palavra de Deus, sentia necessidade de lhes dar formação que os ajudasse a realizarem-se como pessoas numa sociedade que os marginalizava. Para isso, em 1869, compra um terreno e, com a ajuda do povo local, nele constrói uma igreja e um colégio que veio a tornar-se uma grande instituição de ensino e evangelização. É no âmbito dessa atividade que surgem Rosario Ávila Campos e Dolores Oropeza y Neve a manifestarem o desejo de se consagrarem ao serviço desses irmãos mais pobres.
O padre Luis funda a nova congregação em 1888, recebendo nove anos depois a aprovação do seu Bispo. Solicitando a aprovação definitiva, apresenta a monsenhor Ibarra novas Constituições com as reformas sugeridas por Roma, em 1904. Este pede-lhe que mude o nome e o hábito da congregação, adoptando como padroeira a Santíssima Virgem de Guadalupe. O fundador aceita a sugestão e, em 1908, recebe a aprovação definitiva das Constituições para a “Congregação Diocesana Angelopolitana das Filhas de Santa Maria de Guadalupe”.
Expansão até Leiria-Fátima
Quando morre o padre Luis, em 1911, a madre Rosário assume esta obra e promove o seu crescimento, apesar das muitas perseguições da sociedade do seu tempo. As suas comunidades estão hoje espalhadas por todo o México, mas também nos Estados Unidos da América, na Venezuela, em Angola e em Portugal, concretamente na diocese de Leiria-Fátima, onde chegaram em 1995.
Estabelecidas na Marinha Grande, dedicam-se à colaboração na pastoral paroquial, concretamente, na catequese, no cartório paroquial, na visita aos doentes e apoio aos idosos da Santa Casa da Misericórdia, na celebração da Palavra nos lares e na participação na missão com o grupo Ondjoyetu.
Espiritualidade, carisma e missão
Correspondendo ao espírito do fundador, o amor à Eucaristia, ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora constitui a base da espiritualidade das Filhas de Santa Maria de Guadalupe. Procuram acolher a Cristo na sua Palavra, celebrá-l’O na liturgia, alimentar-se d’Ele na Eucaristia e oferece-se com Ele e como Ele ao Pai, como um ato perene de ação de graças e de expiação pelos pecados pessoais e do mundo inteiro. O seu carisma assume ainda uma predileção pelas crianças e jovens mais necessitados e o modelo de Maria para lhes levar o amor de Cristo, através de uma vida contemplativa e ativa, em humildade, simplicidade, laboriosidade e grande respeito pela hierarquia eclesiástica.
O seu apostolado especifico é a promoção da educação integral: “gravar a imagem de Cristo no coração dos educandos, mediante a missão do ensino”. Desempenham-no em colégios, na pastoral paroquial, na catequese e em missões nacionais e internacionais.
Testemunho vocacional
“Passei a juventude
sem ligar a Deus e à Igreja”
Nasci em Atlixco, Puebla (México), em 1980, última de nove irmãos, numa família católica não praticante. O pouco que sabia de Deus era pelos avós que frequentavam a Missa dominical e rezavam o Terço todos os dias. Por minha iniciativa e com surpresa da minha mãe, comecei a frequentar a catequese. Passei no teste que o pároco fazia para a Primeira Comunhão e quis ir receber Jesus, apesar de a minha mãe não concordar muito.
Na adolescência, não ligava muito às coisas de Deus, mas sentia-O presente no fundo do coração. Um dia até disse à minha mãe que gostava de ser monja, mas ela não gostou muito e respondeu “primeiro termina os estudos e depois logo se vê”. Assim, passei a juventude sem ligar a Deus e à Igreja, procurando encher o meu vazio interior por outros caminhos.
Mas Ele nunca se esquece… Um dia, os meus pais foram convidados para um fim de semana de retiro para casais e os filhos tinham também de participar. Deus tocou-me com força e comecei a participar na Missa, integrei um grupo bíblico e outro de leigos missionários. Recordo as palavras do meu avô: “Deus não é para brincadeiras, mas se tu queres e Ele quer, adiante; eu rezo por ti”. Então, comecei a procurar o meu lugar na Igreja. Conheci as Irmãs de São Paulo do Santíssimo Sacramento e as Irmãs Brígidas, mas não me sentia cativada para essa vida. Até que fui convidada por uma prima para um retiro vocacional com as Irmãs Guadalupanas e… senti o chamamento de Deus no coração.
A minha mãe aceitou a minha decisão, mas foi mais difícil para o meu pai, que dizia: “estás maluca ou quê? O que te faz falta? Eu quero ter mais netos! Se te vais embora, ficas sem pai, sem mãe, sem nada!”. Mas, apesar de todos os obstáculos, ingressei na congregação em 1999.
Com alegria posso hoje confirmar a presença viva da minha Mãe Maria de Guadalupe, que caminha ao meu lado, cuida da minha vocação, me protege, me ouve e cuida sempre de mim. Depois da minha primeira profissão, em 2002, prestei serviços numa casa de retiros, dando formação a grupos de leigos ou estudantes, bem como na escola, na catequese e em missões no meu país. Fiz a consagração perpétua em 2009 e, entre 2010 e 2013, Deus concedeu-me a graça de ir em missão para Angola. Esta experiência ajudou-me a sair de mim mesma e a descobrir novas realidades com pessoas que lutam, que sofrem, mas que nunca perdem a fé nem a alegria. São pessoas que confiam plenamente na providência de Deus e experimentam o seu amor. Têm sede de Deus e procuram-n’O mesmo que encontrem obstáculos, que tenham de caminhar muito… nada os impede de ir ouvir a Palavra de Deus. Foi um tempo que me fez crescer e reafirmar a minha fé. E sei que anunciar o Evangelho não é só com palavras, mas com gestos e ações, na simplicidade e nos pequenos detalhes; é, simplesmente, apaixonar-se do verdadeiro AMOR.
Irmã Elvira Torres
Números
No mundo
Casas: 27
Membros: 150
Em Portugal/Diocese
Casas: 1
Membros: 3
Mais nova: 34 anos
Mais velha: 51 anos
Média etária: 46 anos