E que dizer? É festa. D. António Marto entrou no Mercado de Sant´Ana pelas 20h30 e começou a ronda de sorrisos, cumprimentos, alegria pela presença do Bispo, alegria do Bispo pela presença de tantas pessoas a mostrar os dons e carismas que constroem e diversidade desta Igreja que é comunhão. Estava dado o mote.
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As primeiras palavras do Pastor foram de parabéns pela presença numerosa de comunidades, movimentos, serviços, congregações religiosas… e o desejo de que a festa fosse isso mesmo, partilha de alegria e celebração desta Igreja particular de Leiria-Fátima, com especial memória pelos cem anos após a sua restauração como Diocese.
Banca a banca, D. António Marto foi apreciando os “artigos” expostos, cartazes, livros, sinais variados da riqueza pastoral que, cada um a seu jeito, todos vão desenvolvendo na respetiva missão eclesial. E, sobretudo, as pessoas, que são o principal motor desse dinamismo e que o Pastor faz questão de saudar quase uma a uma, sempre com uma atenção mais demorada aos “amiguitos e amiguitas” mais pequenos.
Acompanhado pelo presidente do Município de Leiria, Raul Castro, que quis associar-se a esta visita inaugural à Festa da Fé, a alegria é reforçada a caminho do jardim Luís de Camões, quando a comitiva informa que Portugal conseguiu um “suado” e importante empate com a Espanha, num Mundial de Futebol onde Ronaldo voltou a brilhar e a saborear o golo por três vezes.
Mas a festa principal, neste dia, é a da fé. À entrada do jardim, uma parte importante desse “tesouro” surge apresentado pelo Santuário de Fátima. Depois, um resumo do património espiritual desta Diocese, nas suas comunidades, edifícios, datas marcantes e rostos, dos bispos aos leigos, exposto na “Tenda da Memória”.
A festa faz-se também em tasquinhas e bares, em redor do palco onde a música será, sobretudo, em tons juvenis, nas duas noites de sexta-feira e sábado. E o Bispo volta a abrir os braços para retribuir as saudações das muitas pessoas que por ali se atarefam na preparação de refeições e petiscos. Cheira bem e há a promessa de que voltará para saborear algumas das iguarias.
À saída do jardim, mais uma expressão do colorido e diversificado corpo diocesano, com a exposição de um mapa gigante, ocupando toda a praça Paulo VI, onde cada paróquia está presente com uma bandeira e a maqueta da respetiva igreja matriz. A variedade que resultou da criatividade de cada comunidade mereceu o aplauso do Pastor, especialmente encantado com algumas verdadeiras obras de arte da miniaturização.
O destino foi o teatro José Lúcio da Silva, para uma inauguração mais “oficial”, com a especial participação Polícia de Segurança Pública (PSP), que se juntou a este evento para a comemoração do 144.º aniversário do seu Comando Distrital de Leiria. Os breves discursos iniciais sublinharam, acima de tudo, a importância da parceria das várias instituições – no caso, a Diocese, a PSP e o Município – em prol do bem comum da mesma população. Embebida na sociedade, a Igreja está presente nos seus vários âmbitos e momentos e contribui, de múltiplas formas, para que seja mais justa, mais humana e mais completa. “Sem a presença da fé, as nossas ruas seriam um deserto de espiritualidade”, lembrou D. António Marto, agradecendo também a colaboração das autoridades locais, que tem marcado a história de vida desta Diocese. Se fazer memória é celebrar essa vida no presente e em ordem ao futuro, “a festa é também vossa”, disse o Bispo aos representantes da Câmara e da polícia e a todos os presentes.
Mas a sessão foi, acima de tudo, musical e, também nesse campo, foi de alto nível. A Banda Sinfónica da PSP, dirigida pelo comissário Ferreira de Brito, mostrou por que é um dos mais conceituados agrupamentos do género em Portugal, com raízes no início do século XX e constituição oficial em 1981. Os generosos aplausos foram partilhados pelo solista Pedro Tavares e os cantores convidados Joana Bento, Marco Fernandes e Sónia Santos. Esta última, com uma emocionada dedicatória à jovem maestrina Rita Pereira, recentemente falecida.
Muitos dos que encheram o teatro e testemunharam a beleza artística desta sessão, regressaram ainda ao jardim Luís de Camões, onde o agrupamento “Combos”, do Instituto Jovens Músicos e Rockschool, de Leiria, continuava a festa com sons mais ligeiros e propícios ao convívio. As tasquinhas e bares funcionaram até aos primeiros minutos da madrugada, quando muitos comentavam a “bela abertura” desta Festa da Fé e se despediam com um “até já”.
De facto, amanhã cedo, uma nova invasão é esperada, tendo como principais protagonistas cerca de 2.000 crianças do 1.º ao 7.º ano da catequese, algumas centenas de catequistas e, com certeza, muitas outras pessoas que vão querer aproveitar as variadas propostas do programa.
Cá voltaremos para continuar a história. Até já…
Luís Miguel Ferraz