A Igreja celebra a Sagrada Família de Jesus, Maria e José no primeiro domingo dentro da oitava do Natal. A liturgia deste dia, este ano celebrada no passado domingo 29 de dezembro, aponta o modelo para as comunidades familiares cristãs, para que sejam lugar de felicidade, de encontro, de partilha, de fraternidade, de amor verdadeiro.
É esse o quadro da família de Nazaré apresentado no Evangelho: uma família onde existe verdadeiro amor e solidariedade entre os seus membros, uma família unida nos bons e maus momentos, uma família que escuta Deus e que segue com absoluta confiança os caminhos por Ele propostos, uma família onde – realmente – mora Deus.
O tema da família merece sempre destaque. Mas merece-o, em especial, neste ano pastoral (e no seguinte) em que está no centro da programação da diocese de Leiria-Fátima e também da Igreja universal, colocado pelo Papa Francisco na agenda do próximo Sínodo dos Bispos.
Usamos a Carta Pastoral de D. António Marto para deixar alguns tópicos de meditação sobre este tema. E basta-nos ficar na apresentação do biénio pastoral para termos todo um programa: “Começamos por centrar a atenção na realidade da família que nasce da união conjugal de amor entre o homem e a mulher no sacramento do Matrimónio. Assim, o percurso pastoral deste biénio orienta-se em duas direções complementares e sucessivas. A primeira tem como título «Amor conjugal, dom e vocação» e realça a beleza e a riqueza da família que vive o Matrimónio cristão com amor sincero e profundo, fiel e coerente, como dom de Deus. A segunda tem como título «Família, dom e missão» e centra-se na missão das famílias como protagonistas e responsáveis na Igreja e na sociedade”.
Nunca é demais lembrar, como refere a Carta Pastoral, que a família é um dos “bens mais valiosos da humanidade”. Sobretudo nestes tempos que parecem ter esquecido essa verdade fundamental, em que a família é confrontada com enormes dificuldades para viver a sua missão e vocação, em que se banalizam os conceitos e as práticas contra a sua essência e união. O Bispo diocesano parte daí para reafirmar o desígnio de Deus ao criar o homem e a mulher como dois numa só carne, “à sua imagem e semelhança”, e o dom do Matrimónio cristão que Cristo veio sublimar com a promessa da sua presença no seio de cada família constituída no amor.
Vale a pena, em todos os dias, mas neste dia em especial, pegar na Carta de D. António para aferir critérios de vida da família cristã na Igreja e na sociedade, na consolidação do amor conjugal, na missão de transmissão da fé aos filhos, e em tantas outras dimensões onde se realiza como caminho de santidade para os seus membros. Sempre em processo, sempre em crescimento, sempre em “maturação progressiva do amor em todos os seus valores”, como escreve o Bispo.
Tendo como alimento a oração e os sacramentos, a família descobre-se também como lugar de partida para a abertura aos outros, para o testemunho de fé na sociedade e para o acolhimento, a entreajuda e prática da caridade para com todos. Em especial, como aponta D. António, “aos casais e às famílias que passam por uma fase de crise”, a quem somos chamados a dar “a ajuda oportuna, com a delicadeza que a situação requer”.
Deixamos como resumo desta proposta a indicação do Bispo de Leiria-Fátima, na sua mensagem para o Natal de 2013: “Neste ano pastoral dedicado à família, devemos prestar especial atenção a este aspeto para renovar e reforçar a alegria e a beleza dos laços familiares à luz do Natal”.