Faleceu no dia 24 de janeiro, a irmã Maria de Belém dos Santos Pereira, de 84 anos de idade, natural de Fátima e sobrinha da irmã Lúcia. Era religiosa há 65 anos no Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria.
O sopro da vida ganha corpo em cada ser humano, destinado por Deus a cumprir a sua missão na Terra. Um dia, esse sopro desfalece e sobrevive na memória dos que ficam. Por isso, recordamos a nossa querida Irmã Maria de Belém, o que com ela vivenciámos e os sinais da presença de Deus que nos deixou.
Na aldeia onde nasceu, todos recordam as suas visitas. Era uma presença recebida com carinho, que vinha trazer esperança às dificuldades de cada um. De todos se lembrava, com todos se preocupava e por todos rezava. E isso trazia às gentes conforto e ânimo.
As crianças vizinhas da sua casa não escapavam à sua delicadeza e atenção. Era uma irmã que se preocupava com os resultados escolares, com a situação familiar de cada um. Cresceu numa família que transmitia valores, com quem toda a vizinhança gostava de conversar. Até os mais pequenitos se deliciavam a ouvir histórias sobre os Pastorinhos contadas pela sua mãe, irmã da Lúcia, as quais, mais tarde, a irmã Maria de Belém tão bem recontou nos seus escritos e nas suas palestras.
Por isso, os alunos que a tiveram como professora, e que já a conheciam desse contexto, esmeravam-se por apresentar trabalhos bem feitos, para não a desiludir. Todos tinham a sua devida atenção e não precisava de levantar a voz para haver um ambiente tranquilo e de trabalho.
Esses alunos foram crescendo, mas a sua presença era constante, sobretudo em momentos de maior angústia. As suas palavras deram cor aos dias mais sombrios de jovens e adultos desanimados, aconselhando-os a oferecer o seu sofrimento pela felicidade dos outros.
Também na sua comunidade religiosa, a sua presença foi sempre silenciosamente ativa, alegre, bem-disposta, simples, discreta, disponível, colaborando nos pequenos mas significativos serviços da comunidade, enfim, gerando vida. Assim viveu, assim passou para os braços do Pai, acompanhando a comunidade no cântico a nossa Senhora “Com minha Mãe estarei, no céu, no céu, com minha Mãe estarei”.
A sua missão de ajudar Deus foi cumprida nesta Terra. A sua bondade e ensinamentos contribuíram e contribuirão para que todos tenham vida e, por isso, a guardaremos eternamente na nossa memória.