O cardeal de Leiria-Fátima, António Marto, alertou no dia 12 de maio, na Cova da Iria, para os movimentos populistas e nacionalistas, considerando que “está em risco o futuro da casa comum europeia”.
Na conferência de imprensa da peregrinação internacional de maio, António Marto chamou a atenção uma Europa “sacudida por movimentos e ideologias populistas e nacionalistas”, com discursos de intolerância e exclusão, que “põem em causa o projeto da União Europeia, como desestabilizam as […] democracias”.
“A Europa fundou-se a partir de uma matriz cristã e essa marca permitiu-lhe ultrapassar crise atrás de crise, nomeadamente as derivas nacionalistas do século passado. Não percamos a memória e utilizemos essa arma de novo, combatendo os populismos que falam mais à barriga do que ao coração e à razão. Está em risco o futuro da casa comum europeia”, alertou.
De acordo com o cardeal de Leiria-Fátima, estes movimentos nacionalistas estão “a fazer sentir a sua voz – e até forte – na atual campanha para as eleições europeias”.
Nesse sentido, apesar de o projeto europeu estar “incompleto” e enfrentar diversas crises, não se pode ignorar “nem esquecer os benefícios alcançados nestes 70 anos de uma Europa solidária, pacífica, inclusiva, atenta aos direitos humanos”, vincou António Marto.
Na sua intervenção inicial na conferência de imprensa, o cardeal português abordou também a questão das migrações como “um dos grandes desafios de caráter mundial”, mostrando preocupação face à “generalização de um discurso e de um ambiente xenófobos” no Ocidente.
António Marto recordou que, em dezembro de 2018, nove países da União Europeia não assinaram o Pacto Global das Migrações.
“Está-se a criar uma situação insustentável que exige uma posição política concertada”, defendeu.
O cardeal aproveitou ainda o momento para abordar a situação na Venezuela, temendo que o risco de guerra civil naquele país da América Latina possa fazer “renascer um clima de guerra fria”.
“A população, sobretudo os mais pobres, são mais uma vez os que mais sofrem”, notou.
Milhares de peregrinos deslocaram-se ao Santuário de Fátima para o arranque da peregrinação internacional de maio, que foi presidida pelo cardeal filipino e presidente da Cáritas Internacional, Luis Antonio Tagle.