Esta bela História de Fátima

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Discurso na Sessão de Encerramento do Centenário das Aparições de Fátima


Esta bela História de Fátima

† António Marto

Basílica de Nossa Senhora do Rosário, 13 de outubro de 2017

 

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Digníssimas autoridades eclesiásticas, civis, militares e académicas,
Ilustres convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Encontramo-nos aqui nesta tarde para viver um momento histórico e único para Fátima, para a Igreja e para o País, como é o do encerramento solene do centenário das aparições da Virgem Maria. A todos e a cada um dos presentes dirijo a minha cordial saudação. Desejo endereçar uma particular e deferente saudação ao Senhor Presidente da República, cuja presença nos é muito grata e muito nos honra.
O início desta bela história de Fátima, que se compõe com os passos dos peregrinos que, aos milhares, aqui acorreram ao longo do último século, tem lugar no olhar simples de três crianças. O início desta bela história de Fátima não se diz com feitos heróicos, mas com a honestidade de três infantes que aceitaram converter toda a sua vida num testemunho transparente da presença de Deus num século dramático. E, ao longo destes cem anos, quantos povos não encontraram em Fátima o símbolo de esperança que alimentou a sua resiliência, a sua luta contra o mal e o seu compromisso com a concórdia e a paz? Quantas biografias, aquém e além-fronteiras, não encontraram na promessa de Fátima o rasto de luz que os conduziu por caminhos de bem na atribulada história do último século? Quantos não encontraram na Senhora Peregrina dos corações e das nações o refúgio e o afeto que abre caminho para o abraço entre os povos – para a paz – e que é caminho que conduz até Deus?
Diante do nosso olhar, Fátima confirma, ao longo de um século, que a história definitiva, essa que tem horizontes largos e não se prende com nada de menor, se reza com a simplicidade dos humildes que estão dispostos a oferecer-se para bem dos demais.
Ao longo destes cem anos, os peregrinos de Fátima confiaram a este Santuário gestos de confiança e palavras de gratidão, como quem se confia aos braços de uma mãe, como quem procura o conforto da esperança que a promessa do Pai oferece. Também dessa massa se escreve esta bela história que é Fátima e que toca as profundezas da humanidade, a verdade nua do mistério do homem.
São muitos os caminhos que vêm dar a este lugar que guarda a memória da presença de Deus: os peregrinos chegam de todos os cantos do mundo e de todos os cantos da profundidade humana. Trazem palavras de confiança e de reconhecimento, de dúvida ou de incompreensão. Expressam a sua gratidão e afeto como a sua angústia ou a sua prece. Procuram o recanto silencioso da oração ou a celebração comunitária da fé ou o gesto que revela a sua intimidade de forma simples, mas expressiva. Os passos dos peregrinos de Fátima são narrativas de vida, biografias que encontram o seu fio condutor diante do Deus da Promessa.
Cem anos depois, como não haveríamos de celebrar esta bela história de Fátima que se fez para nós um feliz memorial da presença de Deus? O repto foi-nos, aliás, lançado em 13 de maio de 2010, pelo Papa Bento XVI que, no recinto deste Santuário, nos recordou: «Mais sete anos e voltareis aqui para celebrar o centenário da primeira visita feita pela Senhora ‘vinda do Céu’, como Mestra que introduz os pequenos videntes no conhecimento íntimo do Amor Trinitário e os leva a saborear o próprio Deus como o mais belo da existência humana». E, como estímulo, o Papa teólogo, que nos oferecera já um feliz comentário ao Segredo de Fátima, acrescentava: «Possam os sete anos que nos separam do centenário das aparições apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade». Foi à luz deste desafio que o Santuário elaborou um programa de sete anos de celebração festiva deste acontecimento centenário e de aprofundamento e atualização da mensagem que ele oferece.
Este itinerário de festa, que contou com o empenho e a dedicação de tantos, foi pontuado pela evocação dos muitos passos desta bela história de Fátima e encontrou expressão em múltiplas linguagens com a intenção de a todos congregar num júbilo comum: dos simpósios e conferências aos ciclos de música; das exposições às artes performativas; dos recursos tecnológicos às publicações diversas e para públicos variados; dos percursos da peregrina imagem da Senhora de Fátima aos fóruns de aprofundamento da mensagem que este lugar guarda; tantas foram as iniciativas com que, ao longo de sete anos, se desejou congregar a todos sob o manto terno da Senhora do Rosário. A incontável multidão de peregrinos que ao longo deste ano de centenário acorreram a Fátima é grata expressão de que o Santuário continua a ser lugar congregador das sedes e esperanças da humanidade, espaço de acolhimento incondicional de todos os homens e do homem todo, pátio onde o mistério humano se ilumina diante do Mistério de Deus, oásis espiritual onde as pessoas encontram a frescura capaz de regenerar a alma e a fé.
O encerramento deste centenário não pode, por isso, passar sem uma palavra de ação de graças pelo dom recebido através do frágil testemunho de três crianças; de ação de graças pela mensagem de esperança, de misericórdia e de paz que atravessou a nossa história; de ação de graças pela presença sempre confiante e confiada dos peregrinos de Fátima; de ação de graças pela geografia deste nome “Fátima” que se espalhou pelo mundo inteiro deixando um rasto de luz e de esperança; de ação de graças, enfim, pelo que este centenário significou de redescoberta e aprofundamento da mensagem que aqui nos foi confiada e da projeção dessa mensagem pelo mundo inteiro.
O encerramento deste itinerário não pode também passar sem uma palavra de compromisso com esta bela história de Fátima. Com o tom do evangelho, as palavras da Senhora do Rosário não envelhecem, não perdem atualidade. A conclusão deste ano de centenário abre-se, por isso, sobre um horizonte que continuará a encontrar em Fátima lugar de esperança e sinal de afirmação da presença do Deus próximo da história dos homens e dos homens da história. Porque, como nos lembrou em maio passado o Papa Francisco, «no crer e sentir de muitos peregrinos, senão mesmo de todos, Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe para Lhe pedir, como ensina a Salve Rainha, “mostrai-nos Jesus”».
Ao encerrar a jubilosa celebração deste centenário, possa a Senhora de Fátima, a mulher dos mistérios de Cristo, a mulher do coração cheio da luz de Deus e da sua ternura para toda a humanidade, dar-nos a graça de entrever a bênção por detrás das luzes do sol, como aconteceu na última aparição em 13 de outubro de 1917.
Nesta sessão solene de encerramento do Centenário das Aparições de Fátima é-nos proporcionado um concerto de notável nível artístico e de alto valor histórico e simbólico. Permitir-nos-á saborear a beleza da música, linguagem espiritual e universal, meio por excelência para contemplar o mistério da misericórdia de Deus que se manifestou em Fátima e a bênção de paz que trouxe para o mundo. «A música, a grande música, dilata o espírito, suscita sentimentos profundos e convida quase naturalmente a elevar a mente e o coração a Deus em toda a situação, alegre ou triste, da existência humana» (Bento XVI). Será, pois, um momento de extraordinária intensidade espiritual e artística que ajudará a reavivar no nosso coração a alegria e a paz que brotam da mensagem da Senhora.
Por fim, uma palavra de agradecimento a todos os que, de diversos modos e ao longo destes sete anos, colaboraram, com tanta dedicação e fadiga, na planificação e realização das celebrações deste Centenário. A todos o nosso muito obrigado e a bênção de Nossa Senhora.

 

 

 

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