No passado mês de Março, perto de vinte escuteiros dos agrupamentos 127 Sé de Leiria e 877 Pousos fizeram a descida do rio Lis de canoa, desce a sua nascente, nas Cortes, até à foz, na praia da Vieira.
A atividade surgiu do projeto “Remar Contra a Maré”, desenvolvido pelos Caminheiros da Sé de Leiria, que pretende sensibilizar para a importância do rio Lis e para a sua utilização em atividade ao ar livre, contando com o apoio da Câmara Municipal de Leiria e de diversos restaurantes que asseguraram a alimentação dos participantes.
Os escuteiros reuniram-se inicialmente junto à nascente do rio Lis, na localidade das Fontes, onde encontraram o marco que indica a distância do rio Lis, 39,5 Km. A atividade começou com uma pequena apresentação pelo professor de história e escuteiro Joel Valente, sobre a importância dos rios desde os primórdios da humanidade até à atualidade, e deste curso de água em particular. Os participantes receberam ainda formação sobre hipotermia e suporte básico de vida, pelo bombeiro voluntário de Leiria Patrick Dumont, bem como treino prático para a atividade, pelo professor José Artur, do Núcleo de Espeleologia de Leiria.
Dado o baixo caudal, os jovens fizeram uma caminhada a pé desde a nascente até à cidade de Leiria. Só junto ao estádio municipal entraram no rio e começaram a remar. Durante a descida houve duas paragens, uma para ouvir o presidente da Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres, Rui Crespo, sobre as descargas de suiniculturas que ocorrem naquele (e que puderam comprovar pelo cheiro e poluição evidente da água), outra para uma conversa com Manuel Varalonga, habitante de Amor, sobre o modo como no século XIX e inícios do século XX os seus antepassados ali faziam travessias de barco.
À noite, acantonaram na sede da União das Freguesias de Monte Redondo e Carreira, onde jantaram e participaram numa celebração da Palavra presidida pelo padre Fábio Bernardino.
No último dia, foram acompanhados pelos Bombeiros Voluntários de Vieira de Leiria e pelo Núcleo de Resgate Aquático num “teatro de operações” que simulou o resgate de vítimas na foz do rio, na praia da Vieira.
Outro dos colaboradores foi Vítor Félix, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, que elogiou a iniciativa e se manifestou disponível “para iniciativas futuras deste âmbito, com o objetivo de poder contribuir para encontrar soluções para a melhoria do rio Lis.”
A avaliação geral foi positiva, mas com o alerta para a importância da salvaguarda do rio, que se encontra muito poluído, com plásticos, tecidos, pneus e outros objetos avistados ao longo do percurso. Os participantes salientaram ainda a importância de desenvolver mais atividades deste cariz, para aproveitar os recursos da natureza e deste rio, que não é só de Leiria, mas de toda a população por onde passa.