Esta congregação foi fundada em 1925, pela madre capuchinha Trindade Carreras Hitos, em resposta a um chamamento divino para se dedicar à adoração perpétua da Eucaristia e ao apostolado que “atraia muitas almas para junto do Sacrário”.
Adorar a Deus em espírito e verdade
A Madre Trindade do Puríssimo Coração de Maria vivia há mais de 30 anos na clausura do Mosteiro Capuchinho de Santo Antão de Granada, quando sentiu um chamamento muito forte à adoração perpétua. Interiormente, escuta de Jesus: “Tenho sede de almas que me adorem”. Não sendo possível fazê-lo no seu mosteiro, foi aconselhada pelo arcebispo de Granada, D. Vicente Casanova y Marzol, a fundar um novo convento para a adoração perpétua. Assim, a 11 de abril de 1925, com 11 religiosas com o mesmo desejo, sai para fundar a nova Congregação das Religiosas Escravas da Eucaristia e da Mãe de Deus.
Ao mesmo tempo, sente o desejo de chegar a todos os confins da terra para anunciar esse amor de Jesus, particularmente às crianças e aos jovens, para que O conheçam e amem, atraindo para o Sacrário muitas almas que O adorem. Para tal, dedica-se a “acolher meninas pobres e abandonadas para as formar na doutrina cristã e as educar piedosamente, para [mais tarde] levarem a fé e o amor a Jesus Cristo para os seus lares”.
As perseguições da guerra civil em Espanha vão obrigar as irmãs a buscar refúgio noutros países, nomeadamente em Portugal, onde chegam em 1933, com a fundação de um mosteiro em Braga. Apesar das contrariedade, as vocações florescem e o instituto foi crescendo rapidamente, estabelecendo-se em vários países do mundo. Foi aprovado definitivamente pela Igreja em 1949, ano em que morre a Madre Trindade, com fama de santidade.
Carisma eucarístico, mariano e franciscano
“Sem a Eucaristia não tinha razão de ser o nosso Instituto”, dizia a fundadora. A sua resposta é viver plenamente o mistério da Eucaristia, fazendo um quarto voto de “adoração perpétua”. “Adorar a Deus em espírito e verdade” é o lema que anima as irmãs para atrair a Jesus Eucaristia as crianças e jovens, sobretudo as mais pobres, através da evangelização.
Nos tempos dedicados à adoração, as Escravas da Eucaristia dão graças ao Pai em Cristo Jesus, oferecem-Lhe a sua vida em oração de louvor, súplica e reconciliação, e pedem ao “único Mediador válido junto do Pai”, pelas necessidades da Igreja e do mundo, de modo especial pelos sacerdotes, consagrados e missionários.
A sua espiritualidade é também mariana, pois “a Mãe do próprio Deus é modelo e intercessora”, ela que soube acompanhar Jesus na vida oculta e humilde de Nazaré e, sobretudo, esteve unida a Ele no Calvário. E é ainda franciscana, pois a congregação nasceu dentro dessa grande família e corre nas suas veias o desejo de seguir Jesus Cristo pobre e crucificado.
Deste carisma brota uma missão apostólica que realizam na catequese, na animação litúrgica, em colégios, internatos, creches e jardim-de-infância, casas de retiro, e pela promoção feminina.
Na Diocese
A Congregação veio para Fátima em 1992, para a casa “Nossa Senhora da Paz”, com uma comunidade de espiritualidade e acolhimento. Atualmente, têm aqui duas comunidades, instaladas no Edifício Domus Mater Dei, onde têm adoração do Santíssimo.
A Comunidade de S. José acolhe irmãs seniores e a Comunidade Mãe de Deus desenvolve a ação formativa do postulantado e do noviciado. Além da oração e da formação, realizam atividades pastorais nas áreas catequética e educativa/vocacional, sobretudo em encontros de formação humana, teológica e bíblica.
Testemunho vocacional
Só sei que Deus me amou
e me chamou pelo meu nome
Nasci numa pequena vila chamada Tarrafal, da Diocese de Santiago, em Cabo Verde. Sou a quarta filha de oito irmãos, que cresceram num ambiente de alegria. Os meus pais eram um casal muito amigo e cristão e tudo fizeram para nos educar na fé da Igreja, mas não nos obrigavam, sobretudo, a ir à catequese. Frequentávamos, sim, a Missa dominical das crianças.
Eu sentia o desejo de ir à catequese como as outras crianças e pedi à minha mãe para me deixar ir. Mas a catequista fez-me uma pergunta sobre Jesus e eu não soube responder; as crianças riram-se de mim e eu fiquei com vergonha e nunca mais fui. Passados 4 anos, senti de novo o desejo de ir aprender a rezar e saber algo mais sobre Jesus, para poder comungar como as outras adolescentes, porque as via muito felizes ao virem da Comunhão e pensava que isso deveria ser muito bom! A verdade é que cada vez que ia à catequese e à Missa no meu coração brotava a alegria ao ver essas crianças. Até que, aos 12 anos, chegou o dia esperado da minha Primeira Comunhão, que muito me marcou. Experimentei no meu coração que Jesus me amava muito e que esta alegria de O receber fez de mim uma adolescente nova.
Um dia partilhei com a minha irmã mais nova que gostava de ser como a catequista, que era uma irmã, para poder falar de Jesus às pessoas. Mas eu era muito viva e espontânea e sentia uma simpatia especial por um vizinho. Isso trazia-me inquieta e perguntava-me se queria mesmo ser irmã. Porquê eu, se nem havia mais nenhum religioso na família?
No decorrer deste dilema de discernimento vocacional, recordo-me de ter ido a uma ordenação sacerdotal e de me ter marcado profundamente ver aquele jovem tão feliz e sereno a prostrar-se no chão, enquanto o coro cantava a ladainha. Era “algo fora deste mundo”, que não sabia descrever, mas que confirmou aquilo que eu desejava: ser de Jesus!
Tinha, então, 14 anos. Comuniquei à minha família este desejo de seguir Jesus e sabia que os meus pais não me impediam, porque queriam ver-me feliz. Dizia-me o meu pai: “Filha, se é isso que te faz feliz, segue, mas vê lá, a vida é seria!”. Um ano depois, entrei na Congregação, que mal sabia que tinha um carisma eucarístico e que tem uma particular missão de rezar pelos sacerdotes, uma missão específica que a nossa fundadora deixou.
Ao fazer a memória desta história de Deus comigo, os acontecimentos marcantes da sua presença na minha vida, sinto-me grata pela família que Ele me deu, por tudo aquilo que os meus pais me ensinaram e que hoje partilho com amor com aqueles que me rodeiam e acolho com amor. Estou neste caminho com Jesus e com as irmãs há 20 anos, e cada dia que passa sinto essa alegria de seguir Jesus e de estar com Ele, quer faça sol ou chuva, haja luz ou trevas…
Uma das passagens bíblicas que me anima neste caminho é esta: “Não que já o tenha alcançado ou já seja perfeito; mas corro, para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não me julgo como se já o tivesse alcançado. Mas uma coisa faço: esquecendo-me daquilo que está para trás e lançando-me para o que vem à frente, corro em direção à meta, para o prémio a que Deus, lá do alto, nos chama em Cristo Jesus” (Flp 3, 8-14). Não sei porque Ele me escolheu; só sei que Deus me amou e me chamou pelo meu nome. E foi com esta certeza que eu corri atrás d’Ele.
Ir. Ana Paula Tavares Lopes
Números
No mundo
Casas: 27
Membros: 190
Em Portugal
Casas: 4
Membros: 73
Na Diocese
Comunidades: 2
Membros: 31
Mais nova:22
Mais velha: 95