Cerca de três centenas de pessoas participaram no Encontro Vicarial de Leiria com o Bispo diocesano, no dia 17 de janeiro, em reflexão sobre o tema pastoral do presente ano: “Amor conjugal, dom e vocação”.
O auditório da nova igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Quinta do Alçada, Marrazes, foi o local escolhido para acolher a iniciativa, onde é de realçar a presença de jovens e várias crianças, para as quais funcionou um acolhimento especial.
Depois de uma palavra de introdução e enquadramento do encontro, pelo vigário, o encontro foi conduzido pelo casal Pedro e Isabel Alves, que de forma organizada e serena deram andamento aos vários momentos do serão. Lida a leitura da Carta de S. Paulo aos Colossenses, D. António ofereceu a todos uma reflexão e meditação breve mas incisiva. Começou por realçar o dom da família que classificou como “o património mais valiosos da humanidade”. Nesse sentido definiu a família como “berço onde se vive na base de laços comuns. A família humana não é um somatório de pessoas ou indivíduos. Ela é um espaço de encontro onde se aprende a arte do diálogo e da comunhão”.
Realçada a importância da família, D. António indicou alguns pontos de extrema utilidade para cuidar deste dom que é a família: a espiritualidade, antes demais, na linha da leitura sugerida. O facto de cada um se sentir eleito, chamado e amado por Deus, fará com que o seu papel na família seja preenchido por valores e sentimentos próprios de Deus. D. António reforçou neste particular a importância “do diálogo, o apoio mútuo do qual não se pode apartar a chamada correção fraterna”. Referindo o Papa Francisco, reforçou a importância e a necessidade de serem usadas palavras como “por favor”, “obrigado”, “desculpa” e “perdão”. O seu uso é expressão de uma vivência de sentimentos que provêm de Deus e no seu todo constituem pontos essenciais da chamada espiritualidade familiar.
Com uma vivência interna deste cariz, continuou D. António, “a família transforma-se em verdadeiro sal da terra e luz do mundo. Ou seja, a partir dela se desencadeia uma verdadeira transformação da sociedade e do mundo” como desafios da fé e da vida em Cristo.
Terminada a reflexão do prelado, o Departamento da Pastoral Familiar fez uma apresentação da sua estrutura, organização e do seu trabalho em prol da família. Uma apresentação conduzida pelo casal José António e Elsa Machado e pelo diretor do referido departamento, P. José Augusto Rodrigues. Foi no contexto desta apresentação que se fez sentir com maior acuidade a necessidade do cuidado por uma pastoral pré-matrimonial. Nas palavras do P. José Augusto, “o matrimónio exige uma preparação prévia que não pode reduzir-se de forma alguma à preparação da celebração litúrgica, embora a pressuponha. Os condicionalismos atuais exigem que esta preparação se inicie muito cedo e seja contínua, em todas as fases do crescimento humano”. Deixou, por isso, no ar uma questão pertinente: “que oferecemos nós, que ofertas faz a Igreja àqueles que pretendem contrair o matrimónio?”. O atual quadro de ofertas é muito redutor e fica aquém das exigências e das possibilidades. As linhas mestras das ofertas, concretamente para o tempo do namoro, foram deixadas à assembleia: “o tempo de namoro deve ser cada vez mais um tempo de crescimento, um tempo de responsabilidade e um tempo de graça”.
Seguiu-se um testemunho vivo, pelo casal António Pedro e Carmo Cordeiro, que sem pretensões de perfecionismo partilharam com os ouvintes a sua experiência de vida enquanto namorados e enquanto casal que procura viver no seu quotidiano as exigências da fé. Ficou assinalada a convicção de que é possível “encontrar neste caminho um caminho de encontro com Deus e com os irmãos”. A sua exposição terminou com a frase que ao longo dos últimos 18 anos os tem mantido unidos e conscientes do seu papel como casal cristão: “amando encontrarás o caminho; amando encontrarás a paz”.
No breve diálogo que se seguiu, houve oportunidade para aclarar algumas ideias sobre o tema. D. António concluiu então pedindo atenção às situações difíceis que se apresentam neste campo da família, pelo que importa “ser Igreja da misericórdia” no acolhimento e no encorajamento.
Seguiu-se um convívio, oferecido pela comunidade local, e apelou-se ainda à entreajuda dos participantes, no sentido de compartilhar os esforços que a mesma comunidade vem fazendo para abrir oficialmente a sua igreja ao culto.
No final, voltámos para casa com a sensação de que o tempo que ali passámos foi tempo ganho e sentimos que há na nossa Igreja um longo percurso a percorrer para que o Evangelho seja efetivamente a força que move o mundo.