Cerca de centena de meia de pessoas compôs o salão paroquial de Santa Catarina da Serra, no passado dia 13 de março, no encontro da vigararia de Fátima com o Bispo diocesano, subordinado ao tema “Família, santuário de vida e escola do amor”. Na mesma noite, 26 casais desta vigararia iniciavam os encontros de preparação para o matrimónio, a decorrer em Fátima.
D. António Marto deu o mote ao encontro, com uma meditação sobre a família com “tesouro”, “alma” e “fermento” do mundo, berço da vida, casa e escola de humanidade e da fé. Depois, Sérgio Bregieira apresentou o resultado do trabalho preparatório feito em grupos e assembleias nas paróquias. Partindo do episódio do encontro de Deus com Moisés através da sarça ardente, referiu que “também a família é essa sarça, Igreja doméstica e santuário onde Deus se manifesta e habita”. À imagem de Deus, que é amor, “homem e mulher foram criados em família, para o amor e a liberdade”. A missão familiar é ser esse “santuário de paz e serenidade”, onde o homem “experimenta o amor e aprende o dom sincero de si”.
Isabel Reis, diretora técnica do Centro Social Paroquial de Santa Catarina da Serra, foi a convidada a desenvolver o tema do encontro. Numa dinâmica em que envolveu os participantes, diversas imagens projetadas serviram para ilustrar as diversas realidades que constituem o edifício deste “santuário”, desde o amor que lhe serve de base e de valores como a vida, a alegria, a partilha ou a união que a solidificam, até aos problemas como o cansaço, a irritação e os conflitos que deverão ser ultrapassados e ajudá-la a crescer.
Outra projeção ajudou a completar esta mensagem da necessidade de “transformar as dificuldades em oportunidades e vitaminas para o crescimento” e de “investir esforço e persistência na edificação do ambiente familiar, como espaço onde se molda o caráter da pessoa, desde a primeira infância, e onde se aprendem os valores sociais”.
Responsabilidade mútua
O Bispo diocesano concluiu com a frase que tem repetido nestes encontros: “A família lança as sementes de tudo”. E, para que frutifiquem, “todos somos responsáveis pelo seu bem: o Estado, a Igreja e cada um de nós”, sublinhou D. António. Voltando à imagem inicial, lembrou que “este é tesouro, não arqueológico, mas vivo”, sempre em crescimento com a graça de Deus, que “nela opera verdadeiros milagres”.
Por outro lado, as famílias cristãs não podem esquecer o seu papel na “evangelização deste mundo desorientado”, pois “o seu raio de ação e o valor do seu testemunho vai mais longe do que qualquer discurso de um padre ou bispo”.
É nessa linha de “testemunho da beleza e da alegria das famílias cristãs” que se irá organizar a grande festa diocesana agendada para o dia 17 de maio, na Marinha Grande. O vigário geral apresentou as linhas gerais do evento e o Bispo diocesano reforçou o convite: “lá vos espero a todos e às famílias vossas amigas que deveis convidar”!
O que se ouviu…
No início da sessão, distribuímos aleatoriamente alguns cartões por participantes das várias paróquias, pedindo que registassem as frases mais importantes que iriam ouvir. Foram eles Lucinda e Teresa, de Fátima, Ana Pires e Saudade Inácio, de Santa Catarina da Serra, Armindo Rodrigues e Celeste Barbeiro, de São Mamede, e Cláudio Clemente, da Atouguia.
Apresentamos um resumo do que escreveram e nos entregaram no momento de convívio com que se encerrou a noite:
– Deixámos o nosso conforto para vir a este encontro em família e sobre a família.
– Família é um dom que se concretiza no amor.
– Família é um tesouro para os esposos ao longo da sua vida. É fundamento e bem necessário para a sociedade e para a Igreja.
– Família é acompanhamento e acolhimento, é como um ninho de calor, de afeto, de aconchego; é preciso apoiar as famílias feridas.
– O mundo é difícil, mas a família cristã não pode fechar-se e refugiar-se no seu “ninho”, tem de sair em missão, levar a luz da fé para a vida do mundo; que a fé não vos tire do mundo.
– Não vos acomodeis à indiferença e ao individualismo; deixai-vos transformar e transformai o mundo, marcando a diferença, vencendo o mal com o bem; alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.
– A família deve viver no mundo como fermento na massa, que faz crescer e dá sabor à humanidade.
– A família é a alma do mundo, que dá vida, espírito, calor, valores, ideais e gosto de vida à sociedade, é ela que introduz a fraternidade no mundo e lhe dá todo o capital humano e social.
– A família é casa e escola de humanidade, onde se vive e se aprende a relação com os outros, onde crescemos e amadurecemos.
– A família é berço de vida e escola de virtudes sociais, onde se acolhe e transmite a vida nova.
– A família é casa e escola de fé, onde se aprende que Deus é pai e faz parte da nossa família e está presente nela.
– A missão da família é árdua e exigente, mas bela e nobre; não podemos cruzar os braços.
– A família é património da humanidade e tem direito a receber apoio da Igreja e da sociedade para desempenhar bem a sua missão.
– Que cada família seja uma graça e uma bênção de Deus.
– Desde que existe humanidade, existe família: Deus criou-nos à sua imagem, como comunidade de amor; homem e mulher são chamados ao amor, ao dom recíproco em Deus.
– A família é lugar onde se aprende o amor, porque é o lugar onde se pratica a dádiva desinteressada e onde se aprende a sonhar.
– Palavras ditas pelos participantes sobre situações vividas em família, em reação às imagens projetadas: amor, vida, equilíbrio, luz, partilha, diálogo, alegria, reflexão, entrega, cansaço, irritação, violência, reconciliação, união, felicidade, construir.