A Casa Amarela, a nossa casa, recebeu no passado fim-de-semana, de 20 e 21 de fevereiro, mais um encontro de monitores da Colónia Balnear da Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima.
O desafio foi, como antes, o de tornar “mais um encontro” num momento de partilha e aprendizagem únicos, que nos tornem melhores monitores, cuidadores e companheiros dos nossos miúdos, mais capazes de, como alguém escreveu, embarcar nas aventuras destes marujos destemidos, exploradores de ilhas e continentes desconhecidos!
Ser barqueiro neste mar não é navegar à bolina, é mais, muito mais. É ser vela, em permanência – sentir o vento que nos bate na cara e inquieta, olhar o mar (e que lições que nos dá!), trabalhar incansável e apaixonadamente, e, talvez, ensinar a navegar, iluminar como fulgor fugaz. Só assim se fazem bons monitores, que se agigantam perante as dificuldades e que se apequenam na humildade e privilégio que é ser parte da Casa onde é sempre Natal. Assim definimos a fórmula de sucesso: nós, ideias, ação. Tão pouco e tanta coisa ao mesmo tempo, que só na sua conjugação fazem verdadeiramente sentido.
Chegámos no início da tarde de sábado, e, desde aí, intrépidos navegadores, trabalhámos sempre em grupo, em diferentes equipas, na (re)descoberta das nossas competências, talentos, valores dentro do grupo, e da força transformadora de tudo isto! O “room escape game” pôs-nos à prova e, pelo próprio jogo e pelo “debriefing” que se lhe seguiu, deu-nos pistas para novas atividades e enigmas para as nossas crianças e adolescentes em dias de chuva.
Se ninguém é suficientemente perfeito que não possa aprender com o outro, e se ninguém é totalmente destituído de valores que não possa ensinar algo ao seu irmão, como disse S. Francisco de Assis, nada como pô-lo em prática! Por isso, começámos por escolher uma série de competências e talentos que fazem parte do repertório dos nossos monitores, quais artistas: de desenhar a representar, de criar um hino a planear um jogo. Formámos grupos de acordo com as nossas aptidões e, em apresentações de cinco minutos, demos as dicas práticas e essenciais para que fôssemos mais bem sucedidos em tarefas que, mais ou menos estranhas para uns, se tornam no dia-a-dia de todos.
Já era noite quando, sob o mote “sozinho vais mais rápido, mas juntos vamos mais longe”, partimos, em diferentes equipas, rumo à Lagoa da Ervideira, coleccionando pelo caminho materiais, imagens e frases. Dos materiais recolhidos nasceram torres de esparguete coroadas com “marshmallows”, das imagens nasceram histórias, das frases nasceu uma Carta de S. Paulo aos Coríntios sobre a união, que apelou à reflexão e partilha, sob a lua cheia num céu estrelado.
Porque melhor é possível, também a manhã de domingo foi dedicada ao trabalho e comunicação em equipa. Aprendemos tentando, fazendo e errando em dinâmicas tão simples quanto reveladoras da nossa natureza. Neste encontro de descobertas, ainda houve tempo para uma aula de “yoga”!
Se para plantar há escolhas, mas para colher apenas o que plantámos, não podíamos deixar de partilhar as colheitas – as ideias e ensinamentos para os próximos turnos. Incrível é ver que todas essas ideias germinavam em nós, precisavam tão-somente de olhos e ouvidos atentos.
Terminámos como começámos – em alto mar! Esperamos ter chegado ao sítio aonde nos esperavam. Mas tão depressa partimos… Que os gestos e as palavras que aprendemos uns com os outros se renovem em cada desafio do próximo Verão, pois se há sítio em que não há portos seguros é a Colónia. Só o espírito diligente, a criatividade, a coragem e, acima de tudo, o sentido de equipa nos permitem estar à altura.
Não há palavras para descrever a gratidão que sentimos, o Rafael e eu, pela disponibilidade e dedicação de todos e cada um dos (presentes e futuros) monitores neste encontro, da Direção da Cáritas e da Coordenação da Colónia, que torna tudo isto possível. Não era Verão, contudo, não fosse o frio de fevereiro e a falta do cheiro do protector solar e da areia molhada, do som das gargalhadas das crianças e das meias-palavras dos adolescentes, enfim, da casa cheia, bem que o poderia ter sido. E assim partimos, juntos, rumo ao sol do nosso Verão.