Eduardo Caseiro é o novo diácono da Diocese. Foi ordenado por D. António Marto, hoje (07.05.17), na Sé de Leiria, numa celebração onde participaram familiares, amigos e fiéis diocesanos. Todos acolheram com alegria o novo ministro que, no final, se sentia feliz e confiante em Deus para o serviço que agora assume.
“Um dia de bênção e alegria para a Igreja diocesana”. Foi assim que D. António Marto caracterizou o dia em que Leiria-Fátima recebia como diácono Eduardo Caseiro, natural da Barreira. Ao novo diácono, que escolheu como lema a interpelação de Nossa Senhora de Fátima “Quereis oferecer-vos a Deus?”, o bispo diocesano exortou a seguir o exemplo dos Pastorinhos.
“Procura, de todo o coração, seguir a vontade de Deus, à semelhança dos Pastorinhos e, servindo o Senhor, serve os homens e a nossa Igreja diocesana com generosidade e alegria. Tem sempre, diante de ti, o exemplo do Bom Pastor, terno e misericordioso, que veio, não para ser servido, mas para servir.”
No final, as primeiras palavras do novo diácono foram ditas ao PRESENTE, momentos antes de receber as felicitações de todos os que marcaram presença. O que sentiu durante a celebração?
“Uma profunda confiança em Deus, naquilo que acontecia no íntimo da minha alma, e uma profunda responsabilidade de ser sinal daquilo que aconteceu no segredo do meu coração. É este o desafio…”
Momento em que o eleito se prostrou no altar, em sinal de despojamento e humildade, enquanto a assembleia canta a ladaínha de Todos os Santos.
Família, amigos e diocesanos marcaram presença
Na Catedral, estiveram familiares, amigos e fiéis diocesanos, que acolheram o novo diácono. O PRESENTE teve oportunidade de conhecer alguns dos que acompanharam mais de perto o despertar da vocação de Eduardo Caseiro.
O seu primeiro sim ao chamamento de Deus aconteceu há sete anos, numa peregrinação diocesana dos jovens a Fátima, conta o padre Gonçalo Diniz, que na altura coordenava o Serviço Diocesano da Pastoral Juvenil.
“Antes de iniciarmos um momento de Confissões, alertei os jovens presentes que tinham de ter um bocadinho de paciência porque não éramos muitos padres, mas que se aceitavam inscrições. No final, ele veio ter comigo e quis-se inscrever numa caminhada de descoberta vocacional.”
Foi precisamente há sete anos que o novo diácono lhe comunicou que ia entrar para o Seminário e, desde então, o sacerdote acompanhou de perto o seu percurso.
“O nosso papel é de mediadores, ajudar que o Espírito Santo possa fazer o seu trabalho, e que a pessoa se possa deixar guiar por Ele. Este dia é a consagração do Eduardo, como ministro, ao serviço da Igreja. É um passo importantíssimo numa caminhada que ele foi fazendo com muita simplicidade e com muita abertura ao Espírito.”
No serviço que hoje abraça, pedimos ao padre Gonçalo Diniz que referisse duas características que melhor definem o diácono Eduardo. “Simplicidade e alegria”, diz, de imediato. As qualidades destacadas estão em harmonia com as que nos disse a mãe, Hermínia Caseiro, com quem falámos no final da celebração.
“É um dia de felicidade a dobrar, uma prenda muito especial neste dia da mãe. Sinto uma grande alegria. Acredito que ele vai desempenhar o melhor que pode a sua vocação porque é uma pessoa muito humilde, e é essa humildade que o faz ser tão especial”, disse, emocionada.
Lucinda Santos, chefe do Agrupamento 776 do CNE, da Cruz da Areia, conhece o novo diácono desde pequeno. Na foto, felicita-o nos claustros da Sé.
Uma Igreja presente na caminhada
A mãe, o pai e as duas irmãs estavam na primeira fila de uma assembleia que aplaudiu e acolheu, de braços abertos, o novo diácono. No final, no claustro da Sé, recebeu felicitações de todos pela nova etapa. Entre os presentes, estavam elementos do Grupo de Jovens da Barreira, onde Eduardo fez uma importante caminhada de fé. Uma das amigas de longa data, Catarina Alves, recordou, “neste dia de muito orgulho”, o percurso feito até ali, e não tem dúvida de que, “este, é o caminho certo para ele”.
“Não podia deixar de estar presente neste dia que é um marco na vida de um amigo, que fez um percurso de fé muito semelhante ao meu. Depois de termos formado o grupo de jovens, na Barreira, fomos ambos estudar para Lisboa, onde partilhámos muitos momentos. O chamamento aconteceu nessa altura e ele fez questão de confidenciar, desde logo, a um grupo de amigos chegados. Lembro uma peregrinação que fizemos a Santiago de Compostela, que percebi ter sido muito importante para o seu discernimento vocacional.”
Catarina sublinha a inteligência e a bondade do amigo que, recorda, construiu sempre boas relações de amizade por onde passou.
Quem também passou pela Catedral foi Lucinda Santos, chefe no Agrupamento 776, do Corpo Nacional de Escutas (CNE), da Cruz da Areia, onde Eduardo esteve desde a infância à adolescência. Lucinda acompanhou-o nos Lobitos (1.ª secção do CNE) e depois nos Pioneiros (3.ª secção do CNE). Mais tarde, numa das idas de Eduardo ao Agrupamento, já em plena caminhada vocacional, para divulgar a vocação sacerdotal, Lucinda ficou emocionada com a revelação que ele lhe fez.
“Disse-me que eu ainda tinha um bocadinho de responsabilidade pela vocação dele, pelas vezes que eu lhe explicava a razão de irmos à Missa e o incentivava a viver a fé. Ainda na sexta-feira, na vigília, emocionei-me quando ele se dirigiu a mim e me chamou ‘chefe querida’. É um dia muito especial para mim e para o Agrupamento.”
Foram muitos os diocesanos que cumprimentaram e felicitaram o novo diácono, no final da celebração.
Um dia de alegria
No final, D. António Marto agradeceu a todos os que deram o seu contributo na caminhada vocacional do diácono Eduardo caseiro e renovou o convite aos jovens, presentes em grande número, para que estejam atentos ao chamamento vocacional.
“Se o Senhor surpreender algum de vós, no seu íntimo, com o seu chamamento, para se entregarem ao sacerdócio, sejam generosos no vosso sim e não tenham medo, que Ele nunca nos abandona nas dificuldades.”
Em dia da mãe, deixou ainda “um reconhecimento de afeto profundo e de gratidão” a “todas as mães presentes e ausentes”. Por todas elas, convidou a assembleia a rezar a Avé-Maria.
Já depois da celebração, os risos e o entusiasmo ecoavam nos claustros da Sé. Ali, entre abraços emotivos, sentia-se que, de facto, foi “um dia de bênção e alegria para a Igreja diocesana”.
Quem é o novo diácono?
Natural da paróquia da Barreira, Eduardo Caseiro está a frequentar o último ano de formação do Seminário e a realizar estágio pastoral, aos fins de semana, na paróquia da Calvaria.
Na sua caminhada vocacional, foi admitido às ordens sacras, primeiro passo formal e público em direção ao sacerdócio, em dezembro de 2014. Foi instituído leitor a 13 de julho de 2015 e acólito, precisamente um ano depois.
Foram os pais de Eduardo que levaram ao altar os paramentos de diácono.
O que é o diaconado?
“O ministério eclesiástico, instituído por Deus, é exercido em ordens diversas por aqueles que, desde a antiguidade, são chamados bispos, presbíteros e diáconos”, lê-se no Catecismo da Igreja Católica. O diaconado é o “grau de serviço”. “Entre outros serviços, pertence aos diáconos assistir o bispo e os sacerdotes na celebração dos divinos mistérios, sobretudo da Eucaristia, distribuí-la, assistir ao Matrimónio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir aos funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade”.
Como explica o ritual da ordenação, os diáconos têm, assim, por missão ajudar o Bispo e os padres no anúncio da Palavra de Deus, na celebração da liturgia e no serviço da caridade, segundo o mandato que receberem. A ordenação pode ser recebida por quem vá desempenhar esta função durante toda a vida, mas é também um primeiro passo para os que caminham rumo ao sacerdócio.
FOTO: D. António Marto impõe as mãos sobre o eleito, ordenando-o diácono.
Na homilia, D. António Marto lembrou
“A sociedade precisa de pastores que anunciem a Palavra”
Na homilia, referindo-se a “uma das imagens mais belas” que o Evangelho nos oferece de Jesus, a de “Bom Pastor”, o bispo diocesano lembrou que “Jesus se interessa por cada um de nós em especial, de quem conhece as qualidades e fragilidades”, numa relação baseada na “ternura, no amor e no conhecimento preciso”.
“Também é belo ser padre, pastor à imagem de Cristo. Neste domingo, rezamos por todos os pastores da Igreja e por todos os que se preparam para o ser. Também eles são convidados a assimiliar os mesmos sentimentos e as mesmas disposições de Jesus e a entregar a vida, como Ele próprio o fez”, disse, numa referência ao Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se celebra hoje.
D. António Marto pediu o apoio das comunidades cristãs à vocação sacerdotal, num “tempo em que a voz do Senhor corre o risco de ser abafada por tantas vozes ensurdecedoras e sedutoras”.
“A nossa sociedade, rica em tecnologia de ponta, é marcada por uma economia de exclusão e, por isso, tem cada vez mais necessidade de pastores que anunciem a Palavra de Deus e ajudem a encontrar a sua ternura e misericórdia nos sacramentos e na comunhão fraterna.”
Evocando o dia da mãe e o centenário das Aparições de Fátima, lembrou a “mãe do Bom Pastor” e o exemplo dos beatos Pastorinhos, que “escutaram e responderam com disponibilidade ao chamamento de Deus”
“O Sim de Maria e dos pequenos videntes é o que Deus espera de cada um de nós, é como se nos disse-se: ‘preciso de ti, para que o Evangelho possa chegar a toda a gente’.”