Diocese comemorou centenário de “O Mensageiro”

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A diocese de Leiria-Fátima comemorou, na passada quinta-feira, 9 de outubro, o centenário de “O Mensageiro”, jornal diocesano fundado a 7 de outubro de 1914. A sessão solene, presidida por D. António Marto, decorreu na aula magna do Seminário de Leiria e contou com as intervenções do politólogo Luís Salgado de Matos e do historiador Saul António Gomes.

Fundada a 14 de abril de 1914, a também centenária Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro Cultural e Artística Reis Prazeres, de Vilar dos Prazeres, Ourém, deu as boas-vindas musicais às cerca de uma centena de pessoas que marcaram presença. Entre elas, o Bispo Emérito de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, o presidente do Município de Porto de Mós e alguns vereadores em representação dos municípios de Leiria e da Batalha, que apoiaram a iniciativa, bem como o presidente da Caixa de Crédito de Leiria, que concedeu o alto-patrocínio a esta comemoração.

A primeira intervenção coube a Luís Salgado de Matos, especialista em sociologia política, abordando a conjuntura social do nosso país na altura da fundação de “O Mensageiro”, caracterizada pela instabilidade política e pela perseguição religiosa. Destacou o papel interventivo do jornal centenário naquele contexto, concretamente, através da opinião que expressava. Numa época marcada pelas convulsões políticas, falou ainda das “movimentações” encetadas por altura da restauração da Diocese, em 1918, elucidando sobre as relações entre o Estado Português laico da Primeira República e a Igreja Católica, referindo-se especificamente à Lei da Separação do Estado das Igrejas.

O historiador Saul António Gomes apresentou, depois, uma perspetiva documentalista da história de “O Mensageiro”. “Venho aqui um bocadinho como um historiador, que pretende suscitar questões de futuro e perceber a importância de um jornal e de uma Diocese”. “Para se compreender a Leiria atual, temos de olhar para o passado e “O Mensageiro”, como o mais antigo jornal da Diocese, com quase 100 anos de arquivo, conta-nos um pouco dessa história”. O conferencista referiu também a conjuntura social e política do País nos princípios do século XX, que conduziu à implantação da República, referindo-se em concreto à situação de Leiria. Numa leitura mais local, o historiador sublinhou a importância histórica daquele jornal diocesano como “uma das janelas pelas quais podemos observar a configuração da sociedade leiriense”. Na mesma linha, destacou o papel de “O Mensageiro” como agente construtor da história, que “assume a sua eficácia pela materialidade das ideias que veiculou”.

Um legado para o futuro

O encontro comemorativo terminou com uma mensagem do anfitrião, D. António Marto, que agradeceu o contributo dado pelos conferencistas e a presença dos diocesanos que se associaram àquele “ato de memória”. O Bispo sublinhou o papel assumido pelo jornal centenário, “num contexto especialmente difícil”, de “dar voz aos católicos de Leiria, sobretudo ao desejo de restauração da Diocese, que havia sido extinta”. “O Mensageiro sobreviveu às adversidades, cumpriu o objetivo da sua fundação e continuou com o mesmo vigor na defesa das causas, que identificava como essenciais para uma Igreja mais evangelizadora e uma sociedade mais justa”, referiu D. António Marto, sublinhando, numa perspetiva de gratidão, as “gerações de leitores, profissionais e amadores que, ao longo dos anos, deram corpo” àquela publicação. Num olhar sobre os “novos tempos”, o Bispo reforçou a “necessidade de comunicar e apresentar os valores cristãos a uma sociedade em busca de sentido”. Referiu-se ainda à necessidade de uma “restauração” permanente da Igreja, no sentido da “renovação” de vida e de pastoral, como foi exemplo o próprio “O Mensageiro, ao fundir-se com “A Voz do Domingo”, um outro jornal histórico da Diocese, em maio de 2013: “ambos sobrevivem no Presente Leiria-Fátima, semanário diocesano que assumiu essa difícil e bela tarefa de lhes suceder”.

D. António Marto terminou agradecendo a todos os que deram vida ao semanário diocesano “O Mensageiro”. “Que Deus abençoe e premeie a dedicação daqueles que já partiram e que nos ajude a ser continuadores da sua missão de mensageiros da civilização, do amor e da paz no presente”.

O convívio estendeu-se, depois, a um beberete oferecido pelo Seminário Diocesano, marcado ainda pela oferta a todos da edição desse dia do jornal Presente Leiria-Fátima, que incluía um suplemento de oito páginas comemorativo do centenário do seu antecessor.

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