Ao ser criado cardeal no dia 28 de junho, foi atribuído a D. António Marto o título da Basílica de Santa Maria Sopra Minerva, uma das muitas basílicas existentes em Roma e que, no século XIX, já tinha sido entregue ao cardeal Guilherme Henriques de Carvalho, 9.º patriarca de Lisboa, que também foi bispo de Leiria. O Cardeal D. António irá deslocar-se a Roma para tomar posse como titular daquela igreja no próximo dia 25 de novembro.
Este ato continua a tradição centenária de se conceder uma igreja de Roma a todos os cardeais criados para auxiliarem o Papa no governo da Igreja. Com o passar do tempo e visto que a maioria dos membros do colégio cardinalício mantêm as suas funções nas dioceses de origem, o título entregue passou a ser de caráter mais honorífico. Ou seja, a partir do dia 25 de novembro, o bispo da Diocese de Leiria-Fátima passa a ser oficialmente o titular da Basílica de Santa Maria Sopra Minerva e, por isso, com direito a ter o seu brasão na fachada desta igreja, mas o local continuará a ser dirigido pelo seu reitor actual.
Uma igreja assente em templos pagãos
Na área atualmente ocupada pela Basílica, havia, no período pré-cristão, três templos dedicados a Minerva, Ísis e Serapis. Daí a designação de “Sopra Minerva” expressão italiana que significa “sobre Minerva”.
Já no século VIII, ao lado desses templos, erguia-se uma pequena igreja que o papa Zacarias concedeu a freiras basilianas que tinham fugido do Oriente. Em 1255, Alexandre IV estabeleceu uma comunidade de convertidos no lugar. A Igreja pertencia aos beneditinos do Campo Marzio. Foi apenas em 1256 que os dominicanos aí se estabeleceram até hoje. É a partir de 1557 que a igreja passa a ter um cardeal titular, sendo o primeiro Michele Ghislieri, que se tornou papa em 1566 com o nome de Pio V. Entre 1797 e 1814, durante a ocupação francesa de Roma, o convento foi usado como quartel de infantaria. Em 1810, houve novas mudanças devido à supressão das ordens religiosas, e os frades foram forçados a abandonar o convento, para onde regressaram em 1825. Em 1871 foram definitivamente expropriados pelo Estado italiano, que é o atual proprietário do convento. Em 1929 obtiveram a autorização para regressar, podendo usar algumas áreas e fazer celebrações litúrgicas na Basílica.
D. António Marto sucede no título a Cormac Murphy-O’Connor, arcebispo de Westminster e presidente da Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e País de Gales, falecido em 2017.