Foi especialmente festiva a Missa da solenidade de Cristo Rei do Universo, na tarde do passado domingo 20 de Novembro, na Catedral de Leiria. Além do encerramento do Ano Santo da Misericórdia, que decorreu desde 8 de Dezembro do ano passado, o Bispo diocesano presidiu à ordenação diaconal de António Cardoso, seminarista natural da Diocese de Santarém.
O gesto simbólico do fecho da Porta Santa foi feito a meio do percurso da procissão de entrada. Terá passado despercebido a muitos dos fiéis que enchiam a Sé, o que poderá servir para dar sentido às palavras de D. António Marto na sua homilia, quando referiu que “o Ano Santo termina, mas o seu impulso não pode parar”. E, citando o Papa Francisco, recordou que “ao fechar a Porta Santa, animar-nos-ão sentimentos de gratidão e de ação de graças à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça”, mas também o desejo de que “os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de cada pessoa levando-lhe a bondade e a ternura de Deus”.
“Não é o momento de fazer agora um balanço”, disse o Bispo de Leiria-Fátima, adiantando a sua convicção de que o Ano da Misericórdia “imprimiu uma sensibilidade espiritual e um estilo pastoral que devem ser impulso e pauta da atuação dos cristãos e da Igreja” e “abre agora um tempo novo e desafiante, uma nova etapa evangelizadora no mundo de hoje”.
Partindo das leituras da celebração, o Bispo referiu que “a mensagem de misericórdia mostra o rosto de um Pai misericordioso”, como o que revelou Jesus ao “bom ladrão” que se arrependeu e pediu que o acolhesse no seu Reino. Para muitos que se afastam “perante a imagem de um Deus distante, apático e justiceiro”, esta será a resposta à questão “mais profunda de hoje, a questão de Deus”. Um Deus que é misericórdia, que “vem ao encontro do homem frágil e das suas feridas” e “quer chegar a todos e a tudo, mesmo onde tudo parece perdido”. E neste ano, terão sido muitas as pessoas que puderam “descobrir-se abraçadas pela misericórdia do Pai e a amá-L’O de novo”.
Centro da vida da Igreja e profecia de um novo mundo
A misericórdia há de ser a “atitude constante” da Igreja, reforçou D. António, considerando que cada comunidade cristã deve ser “casa materna da ternura e da misericórdia onde cada um seja acolhido, escutado, compreendido, amado, acompanhado, perdoado, ajudado e encorajado a viver a vida boa do evangelho”.
Em consequência, “a misericórdia pede uma Igreja que olhe para o mundo com olhos novos e se aproxime dele com atitudes novas; uma Igreja em saída que seja sinal da proximidade e da ternura de Deus nas periferias humanas”. Tal como indicado pelo Papa Francisco, as obras de misericórdia corporais e espirituais serão os pequenos, mas valiosos gestos que “promovem a qualidade de vida e uma nova cultura”, uma verdadeira “revolução silenciosa da ternura”.
“A misericórdia não se reduz a um slogan de efeito ou a um bom sentimento: dá o melhor e não o que sobra; é capaz de ir ao encontro dos outros e não fica na indiferença fria e cínica; é capaz de ternura, de proximidade, de compaixão, de acolhimento, de partilha, de solidariedade face à cultura do descarte e da exclusão”, resumiu o Bispo diocesano, deixando a cada um o desafio a responder às perguntas “que marca deixou em mim o Ano da Misericórdia?” e “como penso dar-lhe continuidade na minha vida e na Igreja?”.
Foi esta a indicação que dirigiu também a António Cardoso (ao centro na foto acima), que iria ser ordenado diácono em seguida: “que esta misericórdia seja o pilar, a luz e a guia do teu ministério”.
Por fim, em jeito de oração à Virgem de Fátima, o Bispo apontou aquele que é o seu desejo mais profundo, que cada um saiba “abrir o seu coração para ser misericordioso como o Pai e tornar mais bela a vida de cada um, de cada família, de cada comunidade cristã, de toda a Igreja e do mundo inteiro”.