O cardeal D. António Marto foi um dos participantes na mesa redonda “Olhares sobre a Igreja”, iniciativa que teve como oradores João Bonifácio Serra, Fátima Lopes, António Poças e Rui Marques. Foi convidado a encerrar a sessão.
Nas suas palavras de agradecimento, o cardeal acabaria por sublinhar alguns dos temas e problemáticas que têm marcado o processo sinodal que decorre à escala mundial.
Começou por agradecer os contributos dos intervenientes na mesa redonda: “Uma palavra de congratulação por esta iniciativa tomada pela equipa responsável pelo caminho sinodal na diocese e pelo conteúdo das intervenções, pela interação que provocaram com os participantes, que corresponde ao pedido feito pelo Papa Francisco, que quis envolver todo o Povo de Deus neste caminho sinodal”.
D. António Marto referiu que como “a Igreja vive no Mundo, não pode ficar indiferente aos desafios”, que traz a mudança de época. Além deste contexto exterior, o cardeal focou que “o contexto interno da Igreja é interpelador”.
“A Igreja sente dificuldade em adaptar-se a esta época de mudança. Esta mudança de época é difícil, andamos às apalpadelas para encontrar caminhos novos. (…) Existem os nostálgicos do passado, dos bons velhos tempos da cristandade… Não pode ser mais assim, temos de tomar consciência da realidade, e [existem] as divisões, mesmo dentro da Igreja, destes grupos que fazem uma certa guerra nas redes sociais ao papado, e ainda por cima os escândalos dentro da Igreja”.
Sobre a pedofilia disse ser “esse grande escândalo do abuso de menores, que tira confiança às pessoas em relação à igreja, põe em causa a própria credibilidade da Igreja”. Referiu-se também a outras a outras reflexões que a Igreja está a fazer, “todos, não só os padres e os bispos”, sobre temas como “a responsabilidade dos leigos e das mulheres dentro da Igreja, da abordagem dos problemas dos divorciados que vivem nova união”.
“O Evangelho é sempre belo”, referiu, apontando a necessidade de o anúncio do Evangelho ser feito por “caminhos novos, lugares novos, abordagens novas, linguagens novas”, em “diálogo com todos”, “com humildade, lançando pontes de encontro de diálogo”.
“A Igreja é chamada a olhar para dentro de si mesma, para fazer a sua renovação, a sua reforma, a começar por si mesma, naquilo que não está bem. A Igreja não pode ficar parada a olhar para o espelho. (…) Uma Igreja que vive só para a olhar para o seu umbigo, morre por si, deixa de ter razão de existir”.
Em tempo de despedida das suas funções como bispo diocesano, a organização da iniciativa, em nome de todos os presentes, apresentou-lhe a sua homenagem e o agradecimento pelo serviço prestado na diocese de Leiria-Fátima.