O Papa anunciou hoje no Vaticano a criação, como cardeal, de D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima. O consistório para a criação de 14 novos cardeais (11 eleitores) está marcado para 28 de junho, no Vaticano.
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O padre Vítor Coutinho, vice-reitor do Santuário de Fátima e chefe do gabinete episcopal de Leiria-Fátima, disse à Agência ECCLESIA que esta decisão mostra “reconhecimento” pelo trabalho que tem sido desenvolvido na diocese e no santuário por D. António Marto. O sacerdote fala numa “grande honra” para a Diocese de Leiria-Fátima, cujo bispo vai tornar-se no quinto cardeal português do século XXI e segundo a ser designado no atual pontificado.
“Em primeiro lugar felicitamos o Senhor D. António Marto por esta escolha; em segundo lugar, reconhecemos nela uma deferência para com Fátima”, disse ao Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima o reitor da instituição, padre Carlos Cabecinhas.
Em conferencia de imprensa, no dia do anúncio, D. António Marto considerou que aceita esta nomeação como “mais um serviço” que presta à Igreja.
[Actualização: veja a agenda de celebrações em Roma e em Leiria]
Os novos cardeais
Os 11 novos cardeais eleitores (por ordem de anúncio pontifício) são o patriarca Louis Sako, do Iraque; D. Luis Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé); D. Angelo De Donatis, vigário do Papa para a Diocese de Roma; D. Giovanni Angelo Becciu, substituto da Secretaria de Estado do Vaticano; D. Konrad Krajewski, esmoler pontifício; D. Joseph Coutts, arcebispo de Karachi (Paquistão); D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima; D. Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo (Peru); D. Desiré Tsarahazana, arcebispo de Toamasina (Madagáscar); D. Giuseppe Petrocchi, arcebispo de L’Aquila (Itália); D. Thomas Aquinas Manyo, arcebispo de Osaka (Japão).
O Papa vai ainda criar três cardeais com mais de 80 anos: D. Sergio Obeso Rivera, arcebispo emérito de Xalapa (México); D. Toribio Ticona Porco, bispo emérito de Corocoro (Bolívia); padre Aquilino Bocos Merino, missionário Claretiano.
Cada cardeal é inserido na respetiva ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal), uma tradição que remonta aos tempos das primeiras comunidades cristãs de Roma, em que os cardeais eram bispos das igrejas criadas à volta da cidade (suburbicárias) ou representavam os párocos e os diáconos das igrejas locais.
Consistório
O consistório para a criação de cardeais é uma cerimónia que se desenvolveu ao longo dos séculos, dando origem a um cerimonial próprio, que é hoje público. A celebração inclui o rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios, na Basílica de São Pedro.
Ao longo de centenas de anos, o anúncio era feito num consistório secreto, no qual o Papa anunciava o nome dos novos cardeais, que recebiam depois um “bilhete” com essa nomeação. Após o Concílio Vaticano II (1962-1965), o consistório foi sendo sucessivamente simplificado até à fórmula atual, aprovada pelo Papa Bento XVI em 2012, que unificou o rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios.
O último consistório tinha sido celebrado em junho de 2017; Francisco tem vindo a reforçar o papel das “periferias” no Colégio Cardinalício.
Desde 2013, quando os cardeais eleitores da Europa representavam 56% do total, Francisco tem vindo a alargar as fronteiras das suas escolhas, com uma mudança mais visível no peso específico da África, Ásia e Oceânia.
Portugal estava até hoje representado por três cardeais: D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa; D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito, e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, ambos com mais de 80 anos.
Fonte: Ecclesia