No passado dia 2 de novembro passaram exatamente 50 anos da abertura das portas do atual edifício do Seminário Diocesano de Leiria. Quando foi inaugurado, o novo espaço de formação de sacerdotes recebeu 187 alunos e uma herança de três séculos, que apresentamos em “5 curiosidades sobre a história do Seminário Diocesano”.
1. Uma instituição que nasceu nas margens do Lis
Foi o 10.º Bispo de Leiria, D. Pedro Vieira da Silva (1671-1676), que edificou o primeiro Seminário Diocesano, a funcionar junto ao Convento de Santo Agostinho, sobre a margem esquerda do rio Lis.
Este espaço, entregue aos religiosos do mesmo Convento, foi sendo abandonado com o passar dos tempos. Quando D. Manuel de Aguiar entrou no bispado, em 1790, o edifício estava quase em ruínas, tendo, em 1803, dado início à sua reconstrução, reabrindo-o no ano seguinte e confiando-o, desta vez, aos religiosos da Congregação da Missão.
Com as invasões francesas, o seminário foi saqueado e incendiado, sendo reconstruido e reaberto por D. Manuel de Aguiar, em 1812, chegando a estabelecer ali a própria residência.
Com a extinção da diocese de Leiria, em 1881, o Seminário Menor continuou a funcionar naquele espaço, embora ligado à Diocese de Coimbra.
2. Seminaristas abrigados na casa do vice-reitor
Com a implantação do regime republicano em Portugal no ano de 1910, o edifício onde funcionava o Seminário foi ocupado pelo Exército, tendo sido incorporado nos bens do Estado pelo novo governo da República, em 1911, extinguindo aí o ensino eclesiástico. Durante um interregno, entre 1911 e 1918, as vocações sacerdotais foram encaminhadas para Coimbra ou Lisboa, consoante a respetiva zona de anexação. Após este período, o padre Carvalho, já como vice-reitor, decide abrigar, nos finais de 1918, sete seminaristas na sua própria casa, na Quinta da Bela Vista. Entre os seus alunos, estava João Pereira Venâncio, que viria a ser o futuro Bispo de Leiria.
3. Instalações temporárias e camaratas no Paço Episcopal
Em 1919, com a Diocese restaurada, o clero reuniu-se para criar um Seminário Diocesano. A solução “imediata e provisória” passou por instalar os seminaristas em edifício independente arrendado, junto à Fonte Freire, no centro histórico de Leiria. Nesse mesmo ano, a instituição abria as portas com oito alunos.
Nove dias após a sua entrada na Diocese, D. José Alves Correia da Silva, foi morar perto deste espaço, no Paço Episcopal do Largo do Terreiro, numa vizinhança que se revelou muito útil para o alojamento dos seminaristas, pois estabeleceram-se ali duas camaratas, “suficientemente espaçosas” para albergar alguns dos 18 alunos com que se iniciou o ano letivo de 1920-21.
4. Seminário Menor em Fátima e Maior em Leiria
Porque o espaço se tornou pequeno, nos inícios de 1922, o Seminário mudou-se para o local onde atualmente se encontra o Arquivo Distrital, para um edifício construído para o efeito, que rapidamente se revelou insuficiente para receber o número crescente de alunos.
Em 1951, D. José Alves Correia da Silva criou o Seminário Menor, em Fátima, para formar seminaristas do 1.º e 2.º Ano de Preparatórios, que funcionou até 1964. Por lá passaram 412 alunos; ordenaram-se 25.
Nos dois seminários, em Outubro de 1951, estudavam 142 alunos: 59 em Fátima e 83 em Leiria.
5. Um largo que fala da história do Seminário
O topónimo “Largo Padre Carvalho”, morada atual do Seminário Diocesano, homenageia o padre Joaquim José Carvalho, que foi o último aluno do Seminário de Leiria a ser ordenado antes da extinção da Diocese e o último vice-reitor do Seminário antigo. Os terrenos onde está o atual edifício foram cedidos por este sacerdote, que foi nomeado professor do Seminário em 1882 e vice-reitor em 1910. Com a restauração da Diocese, da qual também foi impulsionador, o padre Carvalho foi nomeado Vigário Geral e cónego, tendo mantido as suas funções no Seminário. Esta figura ímpar da cidade foi também vereador e presidente do município. No largo que tem o seu nome, foi erigido pela edilidade e Seminário Diocesano um monumento em sua homenagem.