Esta congregação foi fundada em Madrid, Espanha, em 1876, por Santa Vicenta Maria López y Vicuña, para dar resposta às necessidades das jovens que vinham das aldeias servir nas grandes cidades. Ainda hoje tem como principal alvo “salvar e santificar” as adolescentes e jovens.
Ajudar as jovens a “triunfar” na vida
Membros de uma família nobre, os dois irmãos Maria Eulália e Manuel Maria Vicuña fundaram, em 1842, a Congregação da Doutrina Cristã, uma associação de leigos que se dedicava a catequizar crianças e adultos internados no Hospital de São João de Deus. Preocupados, sobretudo, com as raparigas que vinham servir para a cidade e que eram vítimas fáceis de todo o género de exploração, alargaram o seu serviço a outros hospitais e à prisão das mulheres. Para elas criaram, dez anos depois, a “Casita”, um pequeno apartamento onde acolhiam e educavam as que saíam daquelas instituições e não tinham trabalho nem alojamento.
Aos poucos, cresceu o número das raparigas e das casas de acolhimento, ao ponto de ser necessário encontrar uma congregação que assumisse a sua direção, papel que as Carmelitas da Caridade assumiram em 1855.
Entretanto, chega a Madrid a sua sobrinha, Vicenta Maria López y Vicuña, para ser por eles educada. A jovem começa a acompanhar os trabalhos da “Casita” e a manifestar um desejo de consagração a Deus e aos mais necessitados, especialmente na escola dominical que organiza para ajudar outros jovens a prepararem-se para um futuro digno. Decidiu, então, criar uma instituição para fazer este trabalho mais extensivamente, como conta numa carta enviada ao pai: “uma congregação de senhoras que vivam em comunidade, sob uma regra religiosa”. O novo instituto, com o nome de Religiosas de Maria Imaculada, surgiria em 1876, para o qual escreveu uma regra dois anos depois e que receberia a aprovação pontifícia, pelo Papa Leão XIII, em 1888.
A fundadora faleceu em 1890, mas a obra cresceu e expandiu-se pela Espanha e, depois, por toda a Europa e pela América. A irmã Vicenta seria beatificada pelo Papa Pio XII, em 1950, e canonizada por Paulo VI, em 1975.
Carisma
Confiada à proteção da Imaculada Virgem Maria, a Congregação tem como missão evangelizar as jovens necessitadas, zelando pela sua salvação e santificação. O seu lema é “As jovens triunfaram”, e para que ele se cumpra vivem os conselhos evangélicos de pobreza, com desprendimento e trabalho, de castidade, expressão de um coração indiviso, e de obediência, como expressão de fé e amor para a missão.
Marcadas pelo selo da espiritualidade inaciana, os elementos constitutivos do carisma e identidade das irmãs, recebidos do testemunho de vida de Santa Vicenta Maria, são: o amor e o desejo ardente de procurar e realizar a vontade de Deus; a paixão e o zelo pelas jovens e o seu amadurecimento humano, formação, promoção e santificação; a obediência aprendida na contemplação de Cristo; a oração a partir da vida e para a vida; o amor a Maria como modelo de “mulher nova” para as jovens de hoje; e o amor à Eucaristia como centro da vida e alimento para o quotidiano.
Em Fátima
As Religiosas de Maria Imaculada chegaram a Portugal em 1932 e à diocese de Leiria-Fátima em 1976. “Marcadas por este mesmo amor, pedagogia preventiva e inquietação evangelizadora, desenvolvemos a nossa ação pastoral no Instituto Juvenil Lopes e Vicunha, um lar de infância e juventude registado como Instituição Particular de Solidariedade Social”, refere a superiora local, irmã Grimoalda Aguiar. Concretamente, “pretendemos ser um espaço de acolhimento, um lar que seja escola de vida que prepara para a vida, proporcionando a cada adolescente/jovem a oportunidade de encontrar um caminho novo, um novo projeto para a sua vida”. Para tal, consagradas e colaboradoras dão o exemplo de uma verdadeira “comunidade educativa”, onde se privilegia a presença, a escuta, a proximidade, a compreensão e o ambiente de família.
O seu dia a dia é repartido entre oração, trabalho e vida fraterna. A oração pessoal e comunitária marca o ritmo do dia, segundo as horas do Ofício Divino, tendo como centro a Missa e a adoração eucarística. O trabalho vai dos serviços domésticos da casa à animação e coordenação da vida espiritual e apostólica da comunidade e à preparação de projetos e iniciativas pastorais no Lar. A vida em comum é ainda cultivada em espaços diários de recreio e convívio, “para, de um modo mais distendido, fazer crescer a alegria e a comunhão entre nós”.
Como residência da superiora regional, esta comunidade de Fátima acolhe também quase todos os encontros a nível da Região: exercícios espirituais, tríduo de renovação, reuniões de superioras, da equipa de pastoral, das atividades formativas das jovens e do Movimento de Leigos de Vicenta Maria (MOLAVIM).
Testemunho vocacional
Da educação à “salvação e santificação” das jovens
A irmã Maria Grimoalda Santos de Aguiar, superiora da comunidade de Fátima há 2 anos, tem 60 de idade e 36 de consagração. Partilhou connosco a sua história de professora a quem o Espírito pediu algo mais do que as aulas…
Nasci e cresci na Vila das Lajes, Ilha Terceira, nos Açores, sendo a mais velha de quatro irmãos. Estudei no Liceu de Angra do Heroísmo e, aos 19 anos, acabei o Magistério Primário, indo então lecionar para Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel. Fiquei hospedada num Lar de Jovens, no Convento da Esperança, dirigido pelas Religiosas de Maria Imaculada, onde já estava uma amiga minha e outras colegas do curso. Foi aí que conheci a Congregação e, também, a primeira vez que convivi com irmãs.
Posso dizer que foi “amor à primeira vista”, pois, no final do primeiro ano letivo, quando todas regressaram à sua ilha de origem, eu troquei o ensino oficial pelo particular e fiquei mais três anos a dar aulas naquele convento, onde funcionava uma escola primária, um jardim-de-infância e um internato, valências do Patronato de São Miguel.
O que foi que me atraiu e me fez ficar? O trabalho que as irmãs faziam com tantas jovens, conduzindo-as por caminhos de bem, orientando-as, formando-as, promovendo-as, livrando-as de perigos, para que, mais tarde, pudessem ocupar um lugar digno na sociedade. A sua frase inspiradora era “Jesus passou pela vida fazendo o bem”. E as perguntas iam surgindo em mim: Porque não eu? Porque não dedicar a minha vida a uma causa tão nobre como a da “salvação e santificação” das jovens?
A presença de Deus e do seu chamamento fez-se sentir na paz e na alegria da decisão tomada, frutos do seu Espírito que habita em nós. E foi esse mesmo Espírito que me foi conduzindo por diferentes etapas de formação e diferentes envios para a missão. E é esse mesmo Espírito que mantém acesa a chama da vocação, porque, hoje e aqui, nesta parcela concreta onde a Congregação está presente, “as jovens continuam a triunfar”.
Ir. Grimoalda de Aguiar
Números
No mundo
Casas: 126
Membros: 1077
Em Portugal
Casas: 5
Membros: 38
Na Diocese
Casas: 1
Membros: 6
Mais nova: 37
Mais velha: 90
Média etária: 64