Congregação das Irmãs da Apresentação de Maria

Em plena Revolução Francesa, no auge da perseguição religiosa e do encerramento de conventos, Maria Rivier e quatro companheiras tiveram a audácia de fundar uma comunidade religiosa na pequena povoação de Thueyts (Ardèche – França). Foi a 21 de novembro de 1796 que se consagraram a Deus e à instrução da juventude, adoptando o nome da festa que se celebrava nesse dia: Apresentação de Maria.

 

História de coragem e persistência

Esta é mais uma história em que a debilidade física se transforma em grandeza de espírito. Nascida em 1768, Maria Rivier sofre uma queda aos 16 meses que lhe limita o crescimento e a impede de andar. A mãe deixa-a regularmente numa capela junto de casa, aos pés da Pietá, Maria com Jesus morto no regaço. Terão sido imensos e intensos os “diálogos” entre a criança e Nossa Senhora, a quem implora o dom da cura que irá verificar-se quatro ano depois.\

Fruto dessa experiência diária de contemplação e súplica paciente, bem como da leitura da vida dos santos pela voz da mãe, a pequena Maria manifesta aos 6 anos o desejo de consagrar a sua vida a Deus e o gosto pela solidão em oração. Mas também a vontade de comunicar às outras crianças a sua experiência de Deus.

Aos 17 anos, pede para entrar nas irmãs de Notre Dame, mas é recusada pela pequena estatura e débil saúde. “Já que não me querem neste convento, eu própria farei um”, dirá. Em 1786, abre uma escola, onde pratica os seus excecionais dons de educadora da fé, acolhendo com especial amor os mais pobres. Poucos acreditam no projeto, mas ela não desiste, os alunos são cada vez mais e quatro camponesas juntam-se a ela. As cinco irão consagrar-se a Deus em conjunto, constituindo a primeira pedra da Congregação da Apresentação de Maria, precisamente quando as existentes estão a ser dissolvidas pela Revolução. Só em 1801 a Igreja local confirma a nova comunidade e a fundadora como superiora, com o nome de Ana Maria (seria beatificada em 1982 por João Paulo II).

A fama do seu empenho evangelizador e do talento para atrair crianças, jovens e adultos leva algumas professoras qualificadas a entrar na “onda” e os párocos a pedir a sua presença. As escolas multiplicam-se pela vizinhança ávida de formação escolar e catequética. Sem recursos económicos, a sua confiança na providência divina faz com que nunca recuse mais um menino pobre ou órfão. Muitos padres têm de fugir da perseguição e são as irmãs que organizam também assembleias de oração e de formação cristã.

Vinte anos depois, têm já mais de 150 escolas na região. A primeira casa torna-se pequena para as muitas vocações que surgem e decidem comprar um antigo mosteiro das Visitandinas, confiscado durante a Revolução. A saúde da fundadora continua frágil, mas ela não pára de criar novas escolas, sempre para “anunciar Jesus Cristo”. Em 1822, a irmã Ana Maria entrega às suas filhas a Regra de Vida: “Devemos ser para todo o mundo o Evangelho aberto e explicado”. Quando morre, em 1838, mais de 300 irmãs estão prontas para continuar a sua obra.

 

Carisma pelo mundo

“Um dia as minhas filhas atravessarão os mares!”, profetizava a fundadora. De facto, em 1853 chegam ao Canadá e estão hoje em 20 países, com sede em Itália.

Com o lema “Fazer conhecer e amar Jesus Cristo em toda a nossa vida”, o seu carisma é a educação cristã das crianças e da juventude, sobretudo os mais pobres, nascido daquela experiência inicial da contemplação do mistério da Pietá e, também, do mistério de adoração e oferenda da Apresentação de Maria no templo.

O seu primeiro pilar é a espiritualidade de conhecer, viver e anunciar Cristo. O segundo é a vida em comunidade de escuta da Palavra, de partilha de fé e de ajuda fraterna. O terceiro é a participação na missão de ensino da Igreja, com um zelo apostólico que “não conhece fronteiras”. Por isso, assumem também a disponibilidade para ir “ad gentes”, não só nas casas que fundam, mas em parcerias e na promoção de projetos de voluntariado missionário.

 

No País e na Diocese

2015-01-27 OSE casaA irmã Maria da Santíssima Trindade (Leontina Trindade de Ornelas e Vasconcelos), da Madeira, é a primeira portuguesa. Professa na Suíça em 1921 e intui, desde logo, o bem que a Congregação faria na sua ilha natal. Aproveita as férias para fazer ali intensa divulgação do carisma e “convence” algumas jovens locais, vindo a obter a permissão para a fundação da primeira comunidade portuguesa, em 1925, no Funchal, com quatro companheiras. No ano seguinte, eram já 12 e fundaram um colégio. Mais escolas e mais vocações vão surgindo e, em 1938, chegam ao continente, fundando um colégio em Setúbal.

A expansão continua, chegando também a Fátima. Relatam os anais da fundação: “A nossa família religiosa só pela oração se pode manter”. O desejo de instalar uma pequena comunidade que representasse a Congregação junto da Virgem de Fátima levou à abertura de uma casa de oração e de acolhimento, em 1948, que, como dizia a própria irmã Trindade, “será o sustentáculo da Província e um canal de graças sobre a Congregação, a Igreja e o mundo”.

Ainda hoje, “a oração é a verdadeira razão da nossa presença em Fátima”, garante a superiora, irmã Augusta Serrão, indicando como principais atividades a oração, o acolhimento a peregrinos e outros grupos, bem como a colaboração na pastoral do Santuário. O dia é, assim, dividido pela oração, serviços domésticos, “acolhimento a quem toca a campainha”, e colaboração no Santuário, na Capela da Reconciliação e no Terço de Reparação e Missionário.

 

Associação Maria Rivier

A Associação Maria Rivier é um dos frutos da espiritualidade da Congregação e da renovação eclesial suscitada pelo Vaticano II. É um movimento que retoma o dinamismo inicial das irmãs, na promoção de assembleias dominicais para escuta e anúncio da Palavra de Deus. Espalhada por todo o mundo, constitui uma verdadeira família espiritual, em comunhão de espírito e de coração com a Congregação.

 

Testemunho vocacional

“Jesus conduziu-me pelas mãos de sua Mãe”

2015-01-29 sopra ir

A irmã Maria Augusta Serrão nasceu a 12 de novembro de 1942 na freguesia de Santo António, Funchal. É religiosa há 45 anos e está como superiora da comunidade de Fátima há 5 anos. Pedimos-lhe que partilhasse connosco um breve testemunho vocacional, que ele resume na pessoa de Maria, na atitude de silêncio e na vivência cristã familiar.

Foi diante da imagem de Maria que descobri o que queria fazer do meu futuro. Foi no silêncio que tudo aconteceu.

Gostava muito de celebrar o mês de maio, mês de Maria, na minha paróquia. Tive a sorte de viver numa família cristã unida e amiga, em que os valores cristãos estavam em cima da mesa.

Acontece que fiquei sem pai aos 16 anos. Como gostava muito do meu pai, desde esse momento, para mim, a vida só teria sentido vivendo para Aquele a que o meu pai me havia conduzido. Não sei explicar bem, mas foi a partir da morte do meu pai que senti que comecei verdadeiramente a viver.

Acabei os estudos e comecei a trabalhar para ajudar a minha mãe, pois éramos 7 irmãos, o mais novo com 5 anos e a mais velha com 17. Sinto com alegria que tudo foi feito no mais profundo silêncio, também porque, por temperamento, não falava muito. Assim, fui crescendo com o terço no coração e na mão, pois todos os dias se rezava à noite em família.

Aquele que me ama diz-me ao ouvido, muito baixinho: “Eu gosto de ti”. A única certeza que tenho é que Jesus me conduziu pelas mãos de sua Mãe e entrei na Apresentação de Maria no dia 28 de abril 1962. Sem nada e sem saber o que vinha fazer. A minha vocação foi toda feita no silêncio e sou muito feliz, porque agarrei a obediência como Maria e como Jesus abraçado à Cruz.

Irmã Maria Augusta Serrão

Números…

no mundo

Províncias: 11

Países:  20

Membros: 1108 irmãs, 16 noviças  e 17 postulantes

…na Província Portuguesa

Casas: 22

Membros 139

…na Diocese

Casas: 1

Membros : 6

Mais nova: 60 anos

Mais velha: 76 anos

 Média etária: 70 anos

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