Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo

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A Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo foi fundada por Santo António Maria Zacarias (1502-1539), padre de Milão, Itália, para renovar o fervor cristão numa sociedade marcada pelo protestantismo, as guerras e o ateísmo crescente. Foi aprovada pelo Papa Paulo III, em 1535.

 

António Zacarias nasceu numa família rica, mas aos 18 anos abdicou de tudo e disse à mãe que distribuísse pelos pobres. Teve uma educação esmerada, estudando medicina na famosa Universidade de Pádua e filosofia na Universidade de Pavia, que então atraía jovens estudantes de toda a Europa. Mas não se deixou corromper pelos costumes daquele ambiente ateu e mundano, tendo sido mais forte o convite de um amigo padre dominicano para ser sacerdote.

Não se sentia “digno”, mas foi o desejo de imitar a dedicação e amor de S. Paulo ao anúncio de Jesus Cristo que o levou a aceitar. Conta a tradição que, no dia da sua primeira missa, em ambiente simples e místico, Deus se manifestou na forma corpórea de anjos.

 

“Correr como loucas”
para renovar o fervor cristão

2015-04-01 sopra2Empenhado na missão, fundou em 1533 a congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo (Barnabitas), com o objetivo da reforma do clero e do povo, para catequizar os jovens, assistir e confortar os mais fracos e doentes nos hospitais, confessar e pregar o Evangelho. 

Dois anos depois, conheceu a rica e piedosa condessa de Guastalla, Ludovica Torelli, que recebia jovens, meninas e senhoras da nobreza convertidas como ela, para viverem uma vida de oração, sacrifício e de muita simplicidade. Tornou-se seu diretor espiritual e decidiu com ela fundar uma congregação, não de clausura, como era costume da época, mas colaboradoras dos Barnabitas no apostolado direto com o Povo de Deus.

As novas religiosas podiam sair, ir aos cárceres e hospitais, andar no meio do povo, ajudar os padres nas paróquias, na catequese, na visita aos doentes, servindo em tudo que era possível. A palavra de ordem que lhes dava era “correr como loucas para Deus e para o próximo”. Mas, claro, colocando a oração como fundamento de todo o apostolado, pois dizia também que “sem o amor de Deus nada se faz”.

A sua ideia era criar um exército de mensageiras da Boa Nova e do amor de Deus, à imagem da missão dos anjos. Por isso aceitou o nome de Angélicas, que lhe foi sugerido pela jovem noviça Inês Baudirone.

Para o mesmo fim, criou um grupo de casais para evangelizar os leigos cristãos, pelo que é considerado o pioneiro da pastoral familiar na história da Igreja.

 

Pelo mundo até Fátima

O padre Zacarias faleceu novo, aos 37 anos, e foi canonizado em 1897. Mas a sua obra não parou mais. Atualmente, as Irmãs Angélicas estão em 12 países dos 5 continentes, desenvolvendo o seu carisma através de atividades educativas e de assistência e na colaboração pastoral em todas as atividades da Igreja.

A Congregação chegou a Portugal (Ponte de Lima) em 1992, através da irmã Maria da Glória de Sousa, a única portuguesa vinda da província brasileira.

Desde 1998, a comunidade transferiu-se para a Fátima, onde realiza trabalho na animação espiritual com grupos de jovens, na catequese e no acolhimento dos peregrinos que vêm ao Santuário, especialmente na Capela da Reconciliação.

 

Testemunho vocacional

“Jesus não nos deixa em paz”

2015-04-01 sopra4A irmã Maria Izailma Marques da Silva entrou no convento aos 19 anos, fez o noviciado, os primeiros votos e, em 2002, a profissão perpétua. Três anos depois, veio para Fátima trabalhar no acolhimento aos peregrinos na Capela da Reconciliação do Santuário. Em 2013 recebeu o encargo de ser responsável da comunidade. Pedimos-lhe que nos contasse a sua história.

 

Sou a 12.ª de 14 irmãos, nascida numa família de Santa Luzia, Estado do Pará, no Norte do Brasil. Éramos pobres de bens materiais, porém muito ricos de fé, amor, esperança e alegria, por isso vivíamos muito bem e felizes.

Lembro-me, desde pequena, de a minha mãe rezar connosco pelas vocações e eu nem sabia bem o que era, mas rezava com muito amor. A Missa era muito longe e tínhamos de fazer muitos quilómetros a pé. Mesmo quando os meus irmãs não queriam ir, lá estava eu cheia de alegria, muito cedo, pronta para ir. Por isso, posso dizer que a vocação foi crescendo sem me aperceber e que, ainda muito nova, já tinha esse amor tão lindo e forte pelas coisas de Deus e por Jesus e Maria.

Mas foi aos 13 anos de idade que senti muito forte o chamamento de Deus, num encontro de adolescentes, através de uma irmã desta congregação que me revelou a alegria e a felicidade de servir a Deus nos irmãos, mais especificamente nas crianças. Quando voltei, disse à minha mãe que também queria ser freira, para brincar com as crianças, como aquela irmã, e fazer as pessoas felizes.

Havia um problema: eu era pobre e não tinha estudos… Então o tempo foi passando e a minha vocação foi ficando esquecida. Mas Deus é grande e não me abandonou. Aos 18 anos, quando ajudava na catequese e na Celebração da Palavra ao domingo (só tínhamos padre a cada seis meses), uma senhora da cidade convidou-me a ir viver com ela e ajudar a tomar conta dos filhos, o que me permitiu ganhar o meu primeiro salário e estudar, além de poder ir à Missa todos os dias.

Comecei a preparar-me para o Crisma e ouvia nos encontros que, depois do sacramento, deveria ser como um “soldado de Cristo”. A irmã Graça, nossa vizinha, perguntava-me muitas vezes se não queria ser freira, mas eu respondia que não tinha dinheiro nem estudos e que depois do Crisma lhe responderia. Convidei-a para madrinha do Crisma e confessei-lhe que sentira Jesus tocar-me profundamente naquele dia. Mas tive medo de lhe dar a resposta e refugiei-me em casa. A verdade é quem nem consegui dormir, pois Jesus não nos deixa em paz quando Ele quer mesmo que sejamos d’Ele. Então, numa visita seguinte da irmã Graça, disse-lhe que sim, queria ser freira e tinha de ser já, porque só assim seria feliz e poderia fazer as outras pessoas felizes.

Demorara a decidir porque não queria entrar e depois abandonar, queria ter a certeza de que seria para toda a vida. Assim foi e não me arrependo. Sou muito feliz e toda a minha família tem muita alegria por mim. Agradeço a Deus por isso todos os dias e procuro alimentar a minha vocação, pois tal como a plantinha precisa de água, a vida consagrada precisa de muita oração e muita disponibilidade para servir o Senhor.

Gostaria de terminar com uma palavra aos jovens: vale a pena ir contra a maré e confiar o coração a Cristo, que Ele cuida de tudo!

Irmã Maria Izailma Marques

 

Números

No mundo:

Casas: 39

Membros:257

Na Diocese

Casas: 1, a única em Portugal

Membros: 3

Mais nova: 42 anos

Mais velha: 78 anos

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