Congregação das Filhas de São Camilo

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Fundada em 1892, em Itália, esta congregação foi a resposta ao sonho de encarnar no feminino o carisma da Ordem Camiliana (criada por São Camilo de Lellis, em 1582). Os obreiros que o cumpriram foram o padre Luiz Tezza e a madre Josefina Vannini, ambos declarados beatos pelo Papa João Paulo II.

 

 

Servir os doentes com risco da própria vida

O padre Luiz Tezza era um zeloso sacerdote camiliano que alimentava a ideia de fundar na Igreja um instituto religioso feminino na família da Ordem fundada por São Camilo de Lellis, dedicado com voto especial à assistência aos doentes. Giuditta Adelaide Ágata Vannini era uma jovem que alimentava no seu coração a vontade de se consagrar a Jesus.

Conheceram-se em dezembro de 1891, quando ela frequentava o noviciado nas Filhas da Caridade e ele lhe reconheceu dotes extraordinários de espiritualidade e vida cristãs. O sonho de ambos viria a cruzar-se e a concretizar-se no ano seguinte, com a fundação da Congregação das Filhas de São Camilo. Tomando o hábito na casa-santuário em que São Camilo morreu (1614), já com o nome de Josefina Vannini, com duas outras jovens, faz os votos religiosos de castidade, pobreza, obediência e um outro: “o serviço aos doentes até mesmo com risco de vida”, voto que marca ainda hoje a especificidade da consagração das irmãs camilianas.

Dois anos depois, abriam-se já novas casas na Itália, Bélgica e França, com a função de acolher doentes em quaisquer condições, inclusive em fase contagiosa. Em junho de 1909, a Congregação recebeu o decreto de aprovação diocesana. Em 1926, foi aberta a primeira casa na América Latina, em Buenos Aires (Argentina). Após a morte da Madre Josefina, em 23 de fevereiro de 1911, a Congregação continuou a crescer e, a 17 de junho de 1931, recebeu o decreto de aprovação pontifícia.

 

Carisma e missão

Podemos dizer que aquele “4.º voto” resume todo o carisma da congregação. O seu lema é “testemunhar o amor de Cristo misericordioso ao homem enfermo” (Mt 25, 36), cumprido sem reservas, até ao risco da própria vida.

“É no espírito de fé, em ver Jesus Crucificado no doente, que nasce o nosso trabalho delicado, misericordioso e carinhoso; nesta presença de Cristo neles e em nós, que prestamos o serviço em seu nome, encontramos a fonte da nossa espiritualidade”, refere a irmã Lúcia Wolf, brasileira de 49 anos e religiosa há 27, superiora da recém-criada comunidade de Fátima.

As Filhas de São Camilo representam na Igreja a figura da mãe, que acolhe e dá atenção aos filhos aflitos e fracos. Nossa Senhora foi o modelo de serviço adotado por São Camilo de Lellis e os seus seguidores continuam a contemplar em Maria “a maneira de se aproximar de quem sofre”.

Este carisma é concretizado em hospitais, clínicas, institutos psicogeriátricos, residências de anciãos, assistência ao domicilio, centros de reabilitação e escolas de enfermagem, especialmente junto dos que têm menos assistência, como os dependentes de drogas, infetados com sida ou outras doenças contagiosas. E foram muitas as que morreram, sobretudo na primeira metade do século XX, pela exposição a estes riscos.

 

Este ano em Fátima

2015-09-01 sopra3Atualmente, existem aproximadamente mil religiosas camilianas espalhadas pelos quatro continentes. Chegaram também a Portugal, em 1990, fundando uma comunidade em Lamego, com um lar de idosos de todas as classes sociais, alguns sem família ou por ela abandonados.

Em maio deste ano de 2015, chegaram também a Fátima, com uma comunidade de três religiosas. A irmã Lúcia Wolf refere que vêm para “prestar assistência corporal e espiritual ao domicilio e no posto de socorros e voluntariado do Santuário, conforme as solicitações que venham a surgir”.

 

Testemunho vocacional

Os joelhos de uma avó

2015-09-01 sopra4Nasci numa família cristã do Brasil, quarta de cinco filhos, e desde cedo aprendi de minha mãe a agradecer a Deus e a esperar o tempo e a hora para qualquer decisão na minha vida. Meus pais são agricultores e, apesar da vida dura, tive uma infância normal, de gozo e felicidade, muitas amizades e gostava de fazer todos rir. Ajudava meus pais e nunca deixei de acreditar que Deus preparava algo de especial para mim. Considero um privilegio ter nascido no mês preferido, Maio, porque é o mais belo, cheio de flores e muitas rosas para Maria, e ainda mais porque, por complicações no parto, a minha avó me consagrou a Nossa Senhora logo ao nascer.

Na minha ingenuidade, acreditava que a Virgem era amiga dos idosos, porque presenciei varias vezes a avó ajoelhada aos pés de Nossa Senhora a rezar o Rosário. Acredito ter nascido daí uma profunda amizade mariana e, com dez anos, fiz a minha consagração a Maria. Assim começou a frutificar dentro de mim a verdadeira devoção: gostava de participar no Rosário e nas procissões, era sensível, generosa e carinhosa para com as pessoas de idade, chegando a auxiliar as que viviam sozinhas. Deus estava a fazer-me um chamamento, mas nunca tinha visto uma religiosa na minha terra…

Com 15 anos, fui morar para a cidade, para prosseguir os estudos, e fiquei em casa de uma senhora católica praticante e devota. Comecei, então, a participar na Legião de Maria, no grupo carismático, nos grupos de oração e de jovens. No ano de 2003, quando conheci a história da Congregação das Filhas de São Camilo, pedi ajuda a Maria no discernimento e, sob a orientação do diretor espiritual, dei o meu “sim”. No ano seguinte, fui fazer uma experiência no aspirantado da Bahia, enamorei-me por este carisma e prossegui as etapas de formação em São Paulo. Em 2009, em Atibaia, fiz a primeira profissão, com 25 anos.

Hoje sou juniorista, com seis anos de vida religiosa, quatro deles passados em Itália, em comunidades internacionais, para ser enviada em Missão. Em maio deste ano, vim fazer parte da comunidade de Fátima, aonde sou chamada a crescer em generosidade nos serviços solicitados, na dedicação aos sofredores em suas casas ou no Santuário.

Continuo a pedir a Nossa Senhora de Fátima para ser fiel e perseverante, alegre e dedicada à nossa missão, servindo no enfermo, como ensinava São Camilo de Lellis, a mesma pessoa de Jesus Crucificado “com toda diligencia e caridade e com o afeto igual ao de mãe amorosa para com seu único filho enfermo”.

Ir. Eliene Silva

 

Números

No mundo

Casas: 93

Membros: 1005

Em Portugal

Casas: 2

Membros: 8

Na Diocese:

Casas: 1

Membros: 2 professas de votos perpétuos e 1 juniorista

Mais nova: 31 anos

Mais velha: 49 anos

Média etária: 42 anos

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