Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro

Este é o titulo da mensagem do Papa Francisco para o dia 1 de junho de 2014, em que promove na Igreja a celebração e reflexão sobre os meios de comunicação social. Um texto que define perspectivas, (re)centra atitudes e aponta caminhos para o trabalho dos media, instrumentos cada vez mais importantes para a missão de evangelização e serviço aos homens do nosso tempo.

“Hoje vivemos num mundo que está a tornar-se cada vez menor, parecendo, por isso mesmo, que deveria ser mais fácil fazer-se próximo uns dos outros”, começa por afirmar o Papa Francisco. No entanto, apesar dos progressos de transportes e tecnologias de comunicação, continua a verificar-se distanciamento e exclusão, sobretudo na “distância escandalosa que existe entre o luxo dos mais ricos e a miséria dos mais pobres”.

É a partir desta constatação que o Papa desenvolve a sua mensagem para o 48.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, como meios que “podem ajudar a sentir-nos mais próximo uns dos outros; a fazer-nos perceber um renovado sentido de unidade da família humana, que impele à solidariedade e a um compromisso sério para uma vida mais digna”. Para isso, precisamos de “ouvir e aprender uns dos outros (…), harmonizar as diferenças (…), crescer na compreensão e no respeito”.

 

Poder de proximidade

No encontro com os representantes dos meios de comunicação social, a 16 de março de 2013, poucos dias depois da sua eleição, o Papa Francisco disse estar atento aos meios de comunicação social como “indispensáveis para narrar ao mundo os acontecimentos da história contemporânea”. E alertou para o facto de ser “complexa” a leitura que se exige, devendo incluir nas suas várias abordagens, no caso da informação da Igreja, também a “perspectiva da fé”, onde o “encontro com Jesus Cristo” assume sempre o centro. Na mesma linha, pediu aos jornalistas “um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza” e indicou que “a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza «em pessoa»”.

Nesta mensagem para o Dia das Comunicações Sociais, volta a apontar o perigo de este trabalho “fechar-se numa esfera de informações que correspondem apenas às nossas expectativas e às nossas ideias, ou mesmo a determinados interesses políticos e económicos”, bem como de a velocidade da informação superar a “capacidade de reflexão e discernimento”, conduzindo a “desorientar-nos”. Para o evitar, há que “recuperar um certo sentido de pausa e calma (…), tempo e capacidade de fazer silêncio para escutar”, de modo a acolher o outro na sua diferença pessoal e cultural. Aí se insere o saber “apreciar melhor também os grandes valores inspirados pelo Cristianismo, como, por exemplo, a visão do ser humano como pessoa, o matrimónio e a família, a distinção entre esfera religiosa e esfera política, os princípios de solidariedade e subsidiariedade, entre outros”.

Olhando de forma especial para os meios digitais, que aproximam mas podem ser também de exclusão para quem não tem acesso a eles, o Papa Francisco apela a uma comunicação “ao serviço de uma autêntica cultura do encontro”, apontando o exemplo evangélico do Samaritano, que “não só se faz próximo, mas cuida do homem que encontra quase morto ao lado da estrada”. Isto é, “não se trata de reconhecer o outro como um meu semelhante, mas da minha capacidade para me fazer semelhante ao outro”.

É isto que pode levar a definir “este poder da comunicação como «proximidade»”. Ou seja: “é necessário que a conexão [digital] seja acompanhada pelo encontro verdadeiro”, pois “precisamos de ternura” que nenhuma estratégia ou ferramenta poderá transmitir, mas apenas “o envolvimento pessoal”.

 

Uma Igreja pela estrada

É esse o caminho do testemunho cristão para “alcançar as periferias existenciais” de que o Papa fala tantas vezes. Nesta mensagem, volta a afirmar que “entre uma Igreja acidentada que sai pela estrada e uma Igreja doente de autorreferencialidade, não hesito em preferir a primeira”. E concretiza que “abrir as portas das igrejas significa também abri-las no ambiente digital, seja para que as pessoas entrem, independentemente da condição de vida em que se encontrem, seja para que o Evangelho possa cruzar o limiar do templo e sair ao encontro de todos”.

“Seremos nós capazes de comunicar o rosto duma Igreja assim?”, pergunta o Papa Francisco. Esse é o desafio que fica, a fazermos das redes sociais “um dos lugares onde viver esta vocação de redescobrir a beleza da fé, a beleza do encontro com Cristo”, pois “o testemunho cristão não se faz com o bombardeio de mensagens religiosas, mas com a vontade de se doar aos outros”. Exige, sobretudo, “profundidade, atenção à vida, sensibilidade espiritual”, num diálogo que acolhe o outro, “sem renunciar às próprias ideias e tradições”, mas também sem a “pretensão de que sejam únicas e absolutas”. “Não tenhais medo de vos fazerdes cidadãos do ambiente digital”, termina o Papa, sem medo “de nos fazermos próximo, com amor, com ternura, de quem encontramos ferido pelo caminho”.

E quanto à comunicação da Igreja, deverá saber ser “companheira de estrada” a caminho com todos, “um grande e apaixonante desafio que requer energias frescas e uma imaginação nova para transmitir aos outros a beleza de Deus”. Deverá conseguir, em resumo, “levar calor, inflamar o coração”.

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