As Irmãs Teresianas foram fundadas em 1876, na Catalunha (Espanha), pelo padre Henrique de Ossó e Cervelló, beatificado em 1979 e canonizado em 1993. O seu lema era “conhecer e amar Jesus e torná-l’O conhecido e amado através da oração, educação e sacrifício”, ideal que passou às suas religiosas.
Servir o Reino de Deus e transformar a sociedade pela educação
Nascido numa família de fé em 1840, Henrique Ossó desde cedo conviveu com as obras de Santa Teresa de Ávila e o testemunho dos frades carmelitas. Ordenado sacerdote, tornou-se um lutador incansável para a transformação do mundo ao estilo de Jesus, respondendo com criatividade aos múltiplos desafios da sociedade do seu tempo, sobretudo na catequese das crianças e adolescentes. Nesse sentido, fundou vários movimentos e associações católicas, que alimentava com as suas obras e cartas publicadas na Revista Santa Teresa. Foi o homem do “tudo por Jesus”, procurando “ganhar inteligências e corações” para a fé, sobretudo pela pedagogia da oração tererisana.
Um desses desafios era a formação e a promoção da mulher, marcada pelo analfabetismo e pela confinação à vida doméstica. Mais uma vez, foi a experiência de Teresa de Jesus que o inspirou a apostar nas capacidades das mulheres e a abrir-lhes novos horizontes, fundando para tal a Companhia de Santa Teresa de Jesus. Às suas religiosas pedia que fossem “outras Teresas de Jesus”, vivendo a partir da relação profunda com Deus um compromisso de transformação pessoal, do seu meio-ambiente e de toda a sociedade.
As constituições da congregação concretizam: “O nosso modo específico de evangelizar é ser educadoras: a educação é mediação carismática no nosso serviço do Reino. Educamos promovendo processos pessoais e comunitários de acordo com o itinerário teresiano, para que as pessoas descubram o projeto de Deus nas suas vidas, desenvolvam as suas capacidades e sejam agentes de transformação social” (4, 29).
Expansão mundial
Por ocasião de uma visita a Portugal, Henrique Ossó iria fundar na Fraga, diocese de Viseu, a primeira comunidade das Teresianas fora de Espanha, em 1884. Outras se seguiram por todo o País e, depois, pelo mundo inteiro, normalmente associadas à fundação de escolas, colégios e lares universitários. A expulsão das ordens religiosas pela República de 1910 seria, aliás, um forte contributo para isso, com a partida forçada das religiosas para destinos como o Brasil.
O entusiasmo e insistência de antigos alunos fez com que regressassem logo em 1924 e, ainda na clandestinidade, continuaram a dinamizar diversos centros de ensino. A Província de Maria Imaculada, em Portugal, seria criada em 1945, numa altura em que a vocação missionária levava muitas Teresianas a rumar a Angola e outros países de África, no que viria a ser o gérmen da Província de Nossa Senhora Rainha, em 1968.
Na Diocese
Em 1969, a Companhia de Santa Teresa de Jesus chega à diocese de Leiria, numa altura em que, sob o impulso renovador do Vaticano II, a expansão se dirigia a localidades mais pequenas e carentes de meios de evangelização.
Atualmente, a comunidade acolhe irmãs mais idosas e dependentes, pelo que “o carisma é vivido na dimensão da oração e do sacrifício”, esclarece a irmã Lourdes Quintãos, coordenadora da comunidade desde 2002. Tem 62 anos de idade e 45 de vida religiosa e é uma das que se dedica aos cuidado das irmãs doentes e acamadas. Além disso e de uma intensa vida de oração, a comunidade dedica-se ao acolhimento de religiosas e leigos da Família Teresiana, que ali fazem encontros, retiros e outras iniciativas de formação e espiritualidade.
Teresa de Jesus
Comemora-se este ano o 5.º centenário do nascimento de Santa Teresa de Jesus (Ávila, 04-03-1515). Na época eufórica das descobertas de novos mundos e horizontes, vivendo intensamente a vida social que uma família rica lhe proporcionava, a jovem Teresa cedo foi “apanhada” pelo chamamento de Deus. Recolheu ao Convento da Encarnação, aos 20 anos, mas o desejo de maior radicalidade de vida levou-a a fundar um novo convento. Em vida, fundaria mais 24 por toda a Espanha e escreveu várias obras sobre a sua experiência de fé, o que lhe valeu o título de Primeira Doutora da Igreja, em 1974. É a sua vida e testemunho que servem de referência fundamental para as irmãs teresianas.
Família Teresiana
Reúne o conjunto das obras fundadas por Henrique de Ossó: a Companhia de Santa Teresa de Jesus, o Movimento Teresiano Apostólico, os Associados Teresianos e todos os que, em diversos graus e na sua especificidade, se relacionam com Deus ao estilo de Santa Teresa.
Testemunho vocacional
“Não valorizei essa inquietação
e procurei mesmo silenciar”
Falar da minha descoberta vocacional é tomar consciência das maravilhas que o amor de Deus vai realizando em mim, bem como ter uma atitude agradecimento pelas pessoas que Ele foi colocando e continua a colocar na minha vida, para que em cada momento possa realizar a sua vontade em mim.
A grande inquietação foi sentida quando realizei o meu Convívio Fraterno, em 1979, na diocese de Braga. Esta inquietação deixou-me um pouco perturbada, pois essa opção de vida não fazia parte dos meus planos, até porque tinha uma ideia muito negativa da vida religiosa. Eu era uma pessoa feliz, que gostava de viver e sentia em mim uma grande vontade de fazer algo positivo na vida. Não valorizei essa inquietação e procurei mesmo silenciar. Após o Convívio, continuei o trabalho que ia desenvolvendo na minha paróquia (S. Sebastião, Guimarães). Quanto mais o tempo passava, mais essa inquietação tomava conta de mim e se apresentava com mais claridade. A oração (individual e litúrgica), o trabalho apostólico, quer na paróquia quer no movimento, o confrontar aquilo que ia vivendo foram os meios essenciais para ir descobrindo aquilo que Deus queria para mim.
De todas as congregações religiosas que conhecia, a Companhia de Santa Teresa de Jesus era aquela que mais se enquadrava na minha busca. A dimensão da oração e do apostolado juvenil e a dimensão missionária foram os pilares que me levaram a optar. Pouco a pouco, fui descobrindo e interiorizando toda a riqueza da espiritualidade de Teresa de Ávila e do Santo Henrique de Ossó, que desejava as teresianas “contemplativas na ação”. É um desafio que hoje em dia tem muita atualidade e que quero continuar viver nesta dinâmica, para que o “todo por Jesus” seja uma realidade na minha vida. Viver numa relação de qualidade comigo, com os outros e com Jesus é o lema que tento seguir no meu trabalho apostólico com os jovens.
Irmã Manuela Magalhães
Números
Mundo
Casas: 199
Membros:1305
Portugal
Casas: 14
Membros: 105
Diocese
Casas: 1
Membros: 13
Mais nova: 62 anos
Mais velha: 93 anos
Média etária: 80 anos