Mais de uma centena de professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), a lecionar nas dioceses de Coimbra, Leiria-Fátima, Santarém e Portalegre-Castelo Branco, reuniram-se, a 24 de fevereiro, na cidade dos estudantes para um dia dedicado à formação, à partilha de experiências e ao convívio.
Logo pela manhã, o diretor do Secretariado Nacional para a Educação Cristão (SNEC), Fernando Moita, deu as boas-vindas aos participantes, agradecendo a sua presença, num esforço que exige deixar a família e afazeres pessoais. “Continuai a serdes uma presença viva na escola, transmitindo os valores evangélicos e contagiando uma singular alegria”, motivou o docente.
Privilegiar a relação pessoal
A abrir os trabalhos esteve Frabrizia Ragusto, professora auxiliar na Universidade Católica Portuguesa na área da psicologia, centrando a sua intervenção sobre o tema do “Desenvolvimento sociomoral e religioso na infância”. Num primeiro momento, a especialista em psicologia relacional focou a atenção dos docentes no desenvolvimento espiritual e religioso das crianças, com idades entre os 5 e os 11 anos, “que resulta da interligação entre o desenvolvimento afetivo, cognitivo e relacional/socialização”. Num segundo momento, referiu-se às linhas fundamentais da experiência religiosa nestas idades, salientando que as crianças privilegiam a relação pessoal. Neste sentido, desafiou os docentes de EMRC a irem além do uso da palavra e do conceito, levando para as aulas a “observação da realidade da vida concreta onde as nossas crianças vivem”, usando no processo pedagógico a música, o teatro, a dança, etc., como ferramentas para proporcionar a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo das crianças, em especial no que concerne à dimensão simbólica do espiritual e do transcendente.
A sala de aula é um espaço contra-cultural
A segunda parte da manhã de trabalho levou os professores de EMRC a centrar a sua atenção nos “quadros sociossimbólicos da experiência crente” nas “novas adolescências”. Alfredo Teixeira, professor da UCP, salientou que “os adolescentes podem viver num contínuo de relação e comunicação” e que a dimensão crente passa-lhes ao lado. No universo educativo, “a experiência de sala de aula é uma coisa que contrasta com algumas dinâmicas do seu quotidiano”. Neste sentido, alertou que “a linguagem das emoções” é um aspeto fundamental a ter em conta. De um modo geral, “os alunos do ensino secundário não encontram no espaço educativo um suporte emocional para o sofrimento” com origem na pressão que sofrem. “Curiosamente, é neste nível de ensino que a disciplina de EMRC está menos presente”, assinalou. Desafiou, por isso, os docentes a entrarem nos espaços dos adolescentes. Por exemplo, gastar algum tempo a visualizar os vídeos produzidos por ‘youtubers’ que os adolescentes veem. Deste modo, poderão conhecer a sua linguagem e comunicar melhor com eles.
Após o almoço, os trabalhos continuaram com partilha de experiências pedagógicas entre os presentes.
Orlando Marques, docente de EMRC na diocese de Leiria-Fátima