O Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM) nasceu em Grenoble, França, em 1956, a partir do Movimento das Equipas de Nossa Senhora, “por se ter verificado que os casais tinham muita dificuldade em dialogar e, sobretudo, em saber ouvir o outro”.
Assim, apresenta-se como um serviço da Igreja Católica, de base paroquial, aberto a crentes e não crentes, que tem como finalidade principal, segundo os seus estatutos, “a promoção de sessões de preparação de noivos para o matrimónio, através de uma pedagogia e metodologia próprias, baseadas na revisão de vida e no testemunho vivencial de casais católicos, assistidos por sacerdotes, e apoiados na reflexão e diálogo conjugais”.
Tudo começou com um grupo de casais, liderado pelo padre jesuíta Alphonse d’Heilly, que quis debruçar-se sobre as carências espirituais e humanas evidenciadas pelos jovens que se apresentavam para contrair Matrimónio e tentar encontrar uma resposta através de um meio acessível, cristão e pedagogicamente adequado.
A partir daí, o movimento cresceu e está presente, atualmente, na Bélgica, Canadá, Croácia, Eslovénia, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Madagáscar, Portugal e Suíça. A Portugal chegou em 1960, estando estruturado em todas as dioceses, com estatutos aprovados pela Conferência Episcopal Portuguesa.
O conjunto das dioceses com CPM designa-se por Federação Portuguesa dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM-PORTUGAL) e o conjunto dos países com CPM toma o nome de Federação Internacional dos Centros de Preparação para o Matrimónio (FICPM), cujo assistente espiritual é, atualmente, o padre José Augusto Rodrigues, sacerdote da diocese de Leiria-Fátima que é também assistente diocesano do movimento.
Segundo estatísticas do ano pastoral de 2012/2013, em Portugal há cerca de 160 equipas, com perto de mil casais e 150 assistentes, espalhados por 2.280 paróquias, mais de metade das existentes (4170), numa cobertura a rondar os 55%. Realizaram nesse ano 340 encontros, com a participação de 3.600 pares de noivos. O número tem vindo a decrescer drasticamente, sendo já menos 65% do que em 2003 (10.248 pares de noivos em 2003/2004).
A partir do centro local
A estrutura básica do CPM é, no entanto, o Centro local, que é classificado, conforme a sua abrangência, como paroquial, interparoquial, vicarial, arciprestal/ouvidoria ou regional. É a partir desse Centro local que o movimento se organiza, depois, em estrutura diocesana, nacional e internacional.
Cada equipa de base é constituída por 6 ou 7 casais, dos quais um é o coordenador e os restantes animadores, e por um assistente, normalmente um sacerdote. A sua preparação para a ação pastoral com os noivos assenta na revisão de vida em casal e na partilha da mesma em equipa. Trata-se de um grupo de cristãos empenhados e dispostos a testemunhar a sua vida conjugal, com intuito de ajudar os noivos a refletirem sobre o passo que desejam dar, contribuindo, assim, para a constituição de lares felizes.
Como refere a apresentação do CPM no seu Guia de Diálogo, um instrumento de orientação metodológica, “não são técnicos nem especialistas, mas casais cujas dificuldades, ao nível conjugal e familiar, têm sabido ultrapassar pelo diálogo, pelo perdão e pela compreensão. Esforçam-se por viver com alegria o amor que os une e testemunham que esse amor é possível durante toda a vida.”
Como funciona
A preparação CPM assenta numa pedagogia e metodologia próprias, baseadas em três pilares fundamentais: revisão de vida dos casais, trabalho de reflexão dos noivos e testemunho vivencial dos casais.
Esse trabalho de reflexão dos noivos desenvolve-se em seis sessões, com os seguintes temas: “Uma comunidade de amor”, “Matrimónio – Sacramento”, “Diálogo e gestos de amor”, “A fecundidade do casal”, “Nova situação – Novas exigências” e “O amor ao longo da vida”.
Em cada sessão há momentos de trabalho de grupo, de convívio, de plenário, de testemunho de um casal, de intervenção do assistente e de oração.
Neste contexto, o papel do assistente é o de acompanhar a equipa na preparação do CPM e na sua própria formação e crescimento humano e espiritual, estar ao serviço dos noivos durante as sessões e ajudá-los a descobrirem a dimensão espiritual do matrimónio e a conseguirem “um amor de qualidade”, numa descoberta do “ser” e do “existir” da família como “Igreja doméstica”.
CPM em Leiria-Fátima
Atualmente, o CPM conta com 12 equipas na diocese de Leiria-Fátima, envolvendo 60 das 75 paróquias, nas vigararias de Colmeias, Fátima, Leiria (4), Marinha Grande (2), Monte Real, Ourém (2) e Porto de Mós.
No total, são mais de 70 casais a colaborar no CPM Diocesano, realizando cerca de uma dúzia de encontros anuais, onde participaram, por exemplo, no ano de 2013, 290 pares de noivos. É um número que tem vindo a decrescer nos últimos anos, sendo cerca de metade (48,7%) dos que participaram há dez anos (566 em 2003). Ainda assim, mantém-se a média de mais de metade dos casais que celebram o seu Matrimónio na Diocese a passarem pelo CPM (54,5% em 2013).
Cada equipa é constituída por 6 casais e um sacerdote. Quando surge algum impedimento permanente, ou desistência de casais, as equipas desfasem-se ou reformulam-se, convidando novos casais e iniciando novamente uma fase de preparação. Neste momento, duas estão nesta fase de reformulação.
Na edição de 04.09.2014 do Presente Leiria-Fátima, poderá ainda conhecer o casal presidente do CPM diocesano e o testemunho de noivos que participaram num dos encontros.
