O Centro de Formação e Cultura da diocese de Leiria-Fátima celebra, no decorrer deste ano pastoral, 30 anos de existência. Mantendo as ofertas formativas: Escola Diocesana Razões da Esperança, o internoviciados e o Curso Geral de Teologia, este serviço diocesano apresenta este ano uma nova proposta: o Ciclo de Teologia Prática, dedicado ao tema “A gestação da fé. Propor o Evangelho hoje”.
O ano letivo inicia no dia 30 de setembro, às 21h00, no Seminário Diocesano, com a celebração da eucarística presidida por D. António Marto, numa ocasião que será assinalada pela entrega de diplomas aos alunos finalistas do ano passado.
30 anos de história: um percurso com vários cursos
O Centro de Formação e Cultura (CFC) surgiu da necessidade de criar na Diocese estruturas básicas de formação, tanto teológico-pastoral como pessoal e social, em diversos níveis e para vários tipos de destinatários. A acção formativa deste serviço diocesano é cumprido num âmbito teológico sistemático e de formação humana, pessoal e social, numa perspectiva cristã. Desde a sua génese, o CFC tem-se assumido como um proeminente impulsionador da formação cristã, teológica e espiritual.
1984 – É instituída a Escola de Formação Teológica para Leigos [EFTL]
Por iniciativa do padre Rogério Pedro de Oliveira e por decreto de D. Alberto Cosme do Amaral, para dar resposta aos pedidos de uma formação teológica inicial dos leigos empenhados na vida paroquial e nos movimentos apostólicos.
2000 – É criado o Centro de Formação e Cultura [CFC]
Com o fim expresso de assumir e alargar as funções da EFTL e na sequência da proposta da Segunda Assembleia Sinodal, tornando-se um centro congregador da formação cristã e da pastoral da cultura na Diocese, em articulação com os serviços diocesanos de pastoral.
Pouco antes de 2007 – O CFC oferece curso de iniciação teológica para noviços(as)
Associando-se a algumas comunidades religiosas, a iniciativa foi lançada com um pequeno grupo de candidatas à vida religiosa e funciona em Fátima.
2007/2008 – É apresentada a Escola Diocesana Razões da Esperança [EDRE]
Organizada pelo CFC e pelos vários serviços de pastoral (Catequese, Liturgia, Juventude, Cursistas), surge com um intuito de oferecer formação e dar “testemunho de unidade, [tornando] efetivo o desejo de «colaboração e coordenação» já expresso por D. Alberto Cosme do Amaral, na criação da Escola de Formação Teológica de Leigos, que foi depois sublinhado no último Sínodo Diocesano. A Escola iniciou com um número muito significativo de inscrições, e continua a ser, de longe, a iniciativa formativa com maior relevo na Diocese, em termos quantitativos.”
2014/2015 – CFC propõe um Ciclo de Teologia Prática
Dedicado ao tema “A gestação da fé. Propor o Evangelho hoje”.
O desafio de motivar para a formação cristã
Sobre as dificuldades inerentes à ação do CFC, Pedro Valinho não hesita em apontar como principal obstáculo a “dificuldade de tornar a fé e o seu questionamento significativos para a mulher e o homem de hoje, inclusive para os cristãos”. É este, de resto, “o grande desafio que a proposta do Evangelho enfrenta”, refere, um bloqueio que se traduz “na apatia, no espírito descomprometido e na desmotivação de cristãos e das suas comunidades”. A dificuldade que o CFC sente em “atrair alunos” justifica-se, no entender daquele responsável, por este contexto. No entanto, é esta mesma circunstância que deve estimular e desafiar a comunidade cristã a “vigiar a dinâmica que incutimos à nossa pastoral e, nomeadamente, às propostas de formação cristã”.
Neste sentido, ao CFC é “exigido que ajude os diocesanos, particularmente os mais diretamente empenhados na pastoral, a sentirem o anseio e o gosto pela formação cristã e, depois, fazer-lhes chegar propostas formativas exigentes que respondam a esses anseios”, conclui.
Propostas de formação para 2014/2015
Escola Diocesana Razões da Esperança (EDRE)
Quinzenalmente, às terças-feiras, no Seminário Diocesano. Primeira hora das 21h00 às 21h50 e segunda hora das 22h00 às 23h00.
Esta é a iniciativa com maior expressão, que associa uma introdução básica à teologia cristã com a formação específica para os diversos ministérios. Destinada a todos os que queiram aumentar o seu conhecimento teológico-pastoral, sobretudo aqueles que desempenham algum “ministério” na sua comunidade cristã.
Na primeira hora será ministrada a disciplina “Igreja e Missão”, pelo padre Adelino Guarda, incluída no Curso Básico de Iniciação à Reflexão Teológica e Pastoral da EDRE, previsto para três anos, num total de seis disciplinas com 8 horas cada.
Como opção de formação complementar a quem já fez a referida disciplina, é oferecido o tema “Educação: a arte de ajudar a crescer”, pelo padre Fernando Pascoal, da diocese de Coimbra.
Na segunda hora decorre a formação específica dos vários serviços e movimentos, para catequistas, cursistas, coristas, leitores, ministros extraordinários da comunhão, animadores vocacionais. Destaca-se, como novidade neste semestre, os grupos “Catequeses da Fé”, “Catequese familiar” e curso para ministros da comunhão, tanto novos como antigos.
Os participantes que frequentarem, pelo menos, 75% das aulas dadas podem receber um certificado de frequência, bem como um certificado de aprovação na disciplina em que tenham aproveitamento positivo. Quem completar com aproveitamento as 6 disciplinas do curso terá direito ao diploma final da Escola.
Curso Geral de Teologia
Às quartas-feiras no Seminário Diocesano. Primeira hora das 19h15 às 20h45 e segunda hora das 22h00 às 23h30.
Proposta de formação teológica sistematizada que existe desde o início do CFC. Para o primeiro semestre, que se prolongará até ao final de janeiro de 2015, estão agendadas as cadeiras de “Antigo Testameno”, pelo padre Gonçalo Diniz, e “Ética Social”, pelo padre Luís Inácio João.
Ciclo de Teologia Prática (novidade)
Quinzenalmente, às quintas-feiras, das 19h15 às 20h45 e das 21h00 às 22h30.
Dedicado ao tema “A gestação da fé. Propor o Evangelho hoje”. Esta proposta pretende apontar os horizontes da fé num mundo em mudança, “traçando um estilo pastoral de proximidade, compaixão e hospitalidade, e o rosto crente que a fé propõe ao Homem de hoje e que há de transformar o mundo”. Destinado a pais, catequistas, professores, nomeadamente os de Educação Moral e Religiosa Católica, fiéis consagrados ou leigos.
Este ciclo de formação está organizado em quatro módulos, distribuido por várias sessões letivas e uma final de reflexão dos participantes. No primeiro módulo é proposta a realização de um diagnóstico da fé nos nossos dias, para depois se debruçar sobre a proposta concreta da fé no contexto da educação cristã, na pastoral da Igreja, no terceiro, concluindo com o traço do rosto de um estilo crente.
A participação pode ser feita em três modalidades distintas: frequentando o curso completo; escolhendo um dos módulos; ou participando seletivamente nas sessões cujas temáticas vão mais de encontro às necessidades e interesses de cada um.
Curso de Introdução Teológica para Noviciados
A funcionar em Fátima, este curso é realizado em parceria com os noviciados de diversas congregações religiosas.
Informações e inscrições:
Seminário Diocesano de Leiria
Tel. 244 103 816 • 918 022 575
E-mail: cfcleiria@gmail.com
Site: www.cfcleiria.pt
Entrevista a Pedro Valinho, diretor do Centro de Formação e Cultura
Pedro Valinho, licenciado em Teologia e Doutorado em Filosofia, assumiu as funções de diretor do CFC há um ano atrás. “Tem sido um desafio exigente e muito enriquecedor”, diz, uma experiência que se projeta na sua ação como pai e educador. Numa entrevista ao PRESENTE, Pedro Valinho fala sobre a ação evangelizadora da formação cristã e, concretamente, sobre algumas das propostas do CFC.
Em que medida se justifica a existência de um serviço como o CFC na Diocese?
O trabalho evangelizador de uma Diocese carece de uma preparação teológica e catequética séria. Já o apóstolo Paulo se questionava como se haveria de contagiar o mundo com o desafio da fé em Cristo sem que cristãos preparados fossem enviados a propor o Evangelho. Mesmo se o contexto é, hoje, diferente, a questão continua atual e aqueles que estão ao serviço do anúncio do Evangelho – que são, de facto, todos os cristãos e muito particularmente aqueles que têm um ministério na sua comunidade – são chamados a aprofundar as razões da fé, da esperança e da caridade cristãs, para que vivam e anunciem conscientemente a fé que professam. Nesse sentido, o CFC é um instrumento ao serviço da vida cristã e da pastoral da Diocese, enquanto espaço de aprofundamento teológico das razões da fé, de formação cristã de adultos, de preparação para a pastoral e de diálogo com a cultura contemporânea.
A Escola Razões da Esperança surgiu para congregar esforços dos vários serviços e movimentos na sua oferta formativa. Este objetivo tem vindo a ser conseguido?
A intenção de congregar o esforço formativo dos diferentes departamentos diocesanos e movimentos estava já presente na criação, há trinta anos, da Escola de Formação Teológica para Leigos. No ano 2000, quando a Escola deu lugar ao Centro de Formação e Cultura, essa intenção foi renovada. A Escola Diocesana Razões da Esperança representa, talvez, a resposta mais explícita a essa intenção: é uma iniciativa organizada pelo CFC em parceria com vários serviços de pastoral, particularmente a pastoral catequética, a pastoral litúrgica e a animação vocacional. Como se diz no documento fundador desta Escola, ela surge com a intenção de oferecer formação cristã aos agentes de pastoral da Diocese, dando “testemunho de unidade [entre os serviços de pastoral da Diocese], [tornando] efetivo o desejo de «colaboração e coordenação» já expresso pelo Sr. D. Alberto Cosme do Amaral, na criação da Escola de Formação Teológica de Leigos, que foi depois sublinhado no último Sínodo Diocesano.” A Escola apresenta um curso vocacionado para a formação pastoral dos cristãos, aliando uma iniciação teológica básica à formação específica de cada ministério. A iniciativa concretizou-se, em 2007, com um número verdadeiramente significativo de alunos que, embora tenha vindo a diminuir paulatinamente, não deixa de ser, hoje, muito expressivo, representando a iniciativa formativa de maior relevo na Diocese.
Como tem sido a frequência do Curso Geral de Teologia? Como perspetiva o futuro desta oferta formativa?
O Curso Geral de Teologia foi a primeira formação teológica para leigos disponibilizada na Diocese, tendo vindo a ser oferecida ininterruptamente durante os últimos trinta anos. Chegou a contar com duas turmas em simultâneo, mas a frequência foi diminuindo muito significativamente e, nos últimos anos, o curso tem funcionado com um número muito reduzido de alunos. Esta realidade, que tanto nos desafia, não deve ser desprezada. Por um lado, o Curso Geral de Teologia representa a formação mais sistematizada e parece-nos essencial que se preserve na Diocese a oferta de uma formação teológica que aprofunde verdadeiramente as temáticas; por outro lado, é possível que se encontre outro modelo de apresentar estas temáticas, com o mesmo grau de exigência, mas sem decalcar necessariamente o modelo académico e indo ao encontro das necessidades formativas específicas dos nossos diocesanos. É um tema em estudo. O que importa salientar é que a relevância desta formação representa, neste ou noutro modelo, um contributo muito significativo para a vivência da fé e para a capacitação dos agentes de evangelização.
Como tem vivido a experiência de coordenar o CFC?
A cultura contemporânea apresenta grandes questões e desafios a um estilo de vida baseado no Evangelho, e creio que a formação cristã é, hoje particularmente, um instrumento essencial para propormos a fé de forma credível e frutífera. É com esta convicção que vivo esta experiência. Tem sido um desafio exigente e muito enriquecedor, que me ajuda a contextualizar o nosso credo com a vida dos nossos movimentos e paróquias e que me obriga a questionar a linguagem da fé que utilizamos na formação cristã e na pastoral. Como pai, é estimulante, porque encontro desafios enquanto educador que ajudam a iluminar o trabalho no Centro e vice-versa. O facto de o CFC contar com um secretariado dedicado e eficiente é também muito estimulante.