Mais de um milhar de fiéis participaram na solene Ação de Graças pelo Centenário da Restauração da Diocese, presidida pelo Bispo, D. António Marto, no domingo 21 de janeiro, na Catedral de Leiria.
Vindos de todas as paróquias e comunidades, leigos, religiosos e sacerdotes encheram por completo a Sé, onde marcaram presença várias autoridades civis e militares, bem como bispos de outras dioceses e o Núncio Apostólico, D. Rino Passigato.
A celebração iniciou-se com a leitura do texto da Bula “Quo Vehementius”, datada de 17 de janeiro de 1918, pela qual o Papa Bento XV restaurou o Bispado de Leiria, extinto desde 1882, restituindo-lhe as 50 paróquias que tivera, ordenando a instituição de um Seminário, determinando o regresso do título de Catedral à igreja de Nossa Senhora da Assunção, entre outras indicações práticas a cargo do Patriarca de Lisboa, D. Mendes Belo, até ser nomeado um Bispo que a governasse.
Memória festiva
“Estamos em festa”, começou por dizer D. António Marto na homilia desta Missa, sublinhando a diversidade da numerosa assembleia, representativa de comunidades, serviços e vocações eclesiais: “Como é belo ver hoje aqui a nossa Igreja diocesana reunida”.
Remetendo à primeira leitura (Sof 3, 14-18a), considerou que o principal motivo de festa radica na “experiência do grande amor de misericórdia e consolação de Deus que não abandona o seu povo no caminho fatigante da história”, como foi exemplo o episódio da restauração diocesana. Assim entende a Igreja, que “não nasce num laboratório, por iniciativa humana”, mas “do coração de Deus que forma um povo com quem faz aliança e história de salvação”.
Por isso, “com a memória agradecida elevamos o nosso coração num hino de louvor e ação de graças pela presença constante do bom Deus que se dignou edificar e fazer crescer o edifício humano e espiritual da Diocese que tanto amamos e sentimos ‘nossa casa’!”, exclamou.
Mas a construção da Igreja é também tarefa dos seus membros, como lembrava a segunda leitura (1Pe 2, 4-9). “Cada pedra viva, cada pessoa e cada serviço são preciosos se contribuem para o crescimento da comunidade na fé, na esperança e no amor”, considerou o Bispo, recordando os que, “antes de nós, viveram a fé e no-la transmitiram, a começar pelos nossos pais e avós, ou então catequistas, sacerdotes, bispos, religiosos/as, amigos e companheiros de caminho e o rosto dos nossos santos, particularmente de Francisco e Jacinta Marto”.
Missão presente e futura
Essa memória é “dever de gratidão e estímulo formidável para olhar para o futuro com confiança e esperança”, pois “o Espírito que trabalhou em nossos pais no passado, em condições por vezes difíceis e adversas, é o mesmo que com energia indómita nos anima e assegura que continuará a trabalhar em nós e connosco, hoje e amanhã”, afirmou o Bispo. Na mesma linha, “o centenário da restauração da Diocese é uma ocasião para aprofundar o sentido de identificação e pertença dos fiéis a esta Igreja local e para desenvolver a participação ativa e esclarecida de todos os membros na sua edificação, reconhecendo a riqueza dos seus carismas e ministérios e determinando-lhes o espaço próprio”, disse.
No mesmo sentido, partindo do episódio evangélico da visitação de Maria a Isabel (Lc 1, 39-55), D. António Marto sublinhou a necessidade de “novo ardor missionário” na Igreja, convidada a “fazer-se próxima de cada pessoa, a começar por quem é pobre, sofre e é marginalizado”. Esta foi a indicação para o futuro, em que “todos e cada um de nós temos a responsabilidade de refletir este rosto, sobretudo face à cultura da indiferença e da exclusão que ameaça resfriar o amor nos corações e nas relações e esmorecer o sentido da humanidade”, disse o Bispo, terminando com o incentivo: “Coragem, pois, querida Diocese de Leiria-Fátima”.
Convite para a Festa da Fé
O momento final da celebração foi a entrega do convite nominal a todas as paróquias, movimentos e institutos que irão participar na Festa da Fé, o grande “momento culminante” deste Ano Jubilar de centenário, a realizar nos dias 15 a 17 de junho. A todos foi entregue também uma bandeira e confiado um “Testemunho”, onde o Bispo diocesano apela à preparação deste evento, na linha do proposto na Carta Pastoral “A Alegria de ser Igreja em Missão”, com iniciativas concretas para “fazer memória agradecida” e “reforçar o sentido de Igreja Diocesana como espaço comum de partilha, de crescimento e de missão”.
Paramentos do Centenário
A Diocese de Leiria-Fátima encomendou à arquiteta Alexandra Cantante o desenho de paramentos litúrgicos comemorativos do Centenário da Restauração, estreados nesta celebração. “As novas vestes estão impregnadas de símbolos que sugerem imagens, gestos e atitudes relacionadas com a ideia da restauração entendida com o sentido teológico à luz da Mensagem de Fátima que esta Diocese teve a graça de receber e difundir”, considera a autora.
Os elementos iconográficos escolhidos foram:
1. A “chaga do lado de onde nasce a Igreja”, aberta a vermelho sobre a veste branca e sobre a qual dois elementos verticais representam mãos erguidas em oração.
2. A “cruz de três braços”, evocando a Santíssima Trindade e a ação de Cristo ressuscitado na vida de todos.
3. O “terço”, oração pedida por Nossa Senhora aos Pastorinhos, presente na orla da casula do presidente, representando ainda as várias paróquias.
4. A “cor encarnada” do interior, remetendo ao sacrifício oferecido no altar, especialmente visível no gesto da elevação das Espécies Consagradas.