A notícia da aprovação do milagre que permitirá a canonização de Francisco e Jacinta Marto é “motivo de alegria para a Diocese, para Portugal e para o mundo católico”, afirmou D. António Marto, esta tarde [23-03-2017], em conferência de imprensa.
“Não foi surpresa que tenha surgido este anúncio, pois sabíamos que havia a possibilidade de acontecer durante este ano do Centenário das Aparições, mas foi uma completa surpresa ter acontecido hoje”, referiu o Bispo diocesano, confessando ter recebido a notícia a meio da manhã, quando o decreto de aprovação do milagre surgiu nos meios de comunicação do Vaticano.
Quanto à reação, foi de “alegria muito grande”, em primeiro lugar “como Bispo de Leiria-Fátima, pois os Pastorinhos são originários desta diocese”, mas também “pelo que significa para o Santuário de Fátima, para Portugal e para todo o povo católico”. No fundo, é a confirmação oficial pela Igreja de uma realidade já vivida pelos crentes, “pois estas crianças são já consideradas santas universalmente”.
Quanto ao futuro, resta esperar pela última fase do processo, o anúncio da data e do lugar da canonização, “decisão que compete única e exclusivamente ao Santo Padre”, lembrou D. António Marto, adiantando não ter qualquer indicação sobre o assunto. Esse anúncio deverá ser feito no dia 20 de abril, data em que se realizará o próximo consistório, reunião do Papa com os cardeais, no Vaticano.
Questionado pelos jornalistas sobre a sua preferência por Fátima ou Roma para essa celebração, o Bispo diocesano afirmou que ambos “lugares centrais e de referência para todo o mundo católico”. E quanto à possibilidade de ser a 13 de maio próximo, “não é impossível”, comentou o Pastor, reforçando que “compete ao Papa decidir”.
Milagre em segredo
Também presente na conferência de imprensa, a postuladora da Causa para a Canonização de Francisco e Jacinta Marto, irmã Ângela Coelho, afirmou partilhar “a alegria do Bispo, do povo português e da Igreja universal” e sublinhou que “os Pastorinhos, falecidos com 10 serão os mais jovens santos na história da Igreja, com a particularidade de não se tratar de crianças mártires”.
Questionada sobre os pormenores do milagre agora aprovado, a postuladora informou que se tratou da cura de uma criança no Brasil, que começou a ser estuda em 2013, mas que “não é permitido revelar mais detalhes sobre o caso”, dado tratar-se de uma criança e da necessidade de proteger a sua identidade.
Sobre a rapidez com que decorreu o processo de aprovação teológica, após a validação médica do milagre, anunciada em fevereiro passado, a irmã Ângela adiantou que “já estava preparada previamente a argumentação teológica e toda a documentação foi enviada imediatamente para Roma”. Esclareceu ainda que não se espera para já qualquer anúncio relativo ao processo de beatificação da Irmã Lúcia, “uma causa distinta”, de que é também vice-postuladora.
Santuário pronto
“Manifestamos o nosso grande regozijo com esta notícia, a abrir as portas para a canonização dos Pastorinhos, que são parte integrante da Mensagem de Fátima”, reforçou o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, também presente na conferência de imprensa. E considerou que “esta não é apenas mais uma boa notícia, mas uma das melhores e mais aguardadas neste ano de centenário das Aparições”. Para este responsável, “poder celebrar a canonização dos Videntes neste contexto é muito relevante, porque vem sublinhar, por esta via da santidade, a importância da Mensagem” trazida por Nossa Senhora à Cova da Iria, em 1917.
E se o Papa decidir celebrar a canonização em Fátima, na peregrinação centenária a que presidirá, no próximo dia 13 de maio? “Não implicaria mais trabalho do Santuário e tudo estaria preparado.” No entanto, “é prematuro nesta altura equacionar qualquer data e resta-nos aguardar com serenidade e alegria”, repete o reitor, assegurando que “não podemos ignorar” esta novidade durante essa peregrinação.
Num último comentário sobre a coincidência deste anúncio da canonização de Francisco e Jacinta Marto em ano de celebração do centenário das Aparições, após um processo de várias décadas, D. António Marto disse acreditar que “houve uma mão providencial para que tivesse ocorrido nesta data”.