Houve festa no Estabelecimento Prisional de Leiria (conhecido por Prisão-Escola), no passado dia 26 de março, pelas 15h00, com a bênção de uma nova capela.
Presidida pelo Bispo diocesano, D. António Marto, a Missa de consagração foi concelebrada pelo responsável desta Capelania de Nossa Senhora da Libertação, padre Rui Ribeiro, pelo capelão dos Estabelecimento Prisionais do Porto, padre David Matamá, e pelo coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, padre João Gonçalves. Além destes, estiveram presentes o diretor deste estabelecimento, José Ricardo Nunes, o diretor da Prisão Regional de Leiria, João Pessoa, e o subdiretor da Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais, Licínio Lima, bem como outros responsáveis dos diversos setores de atividade do estabelecimento.
Os protagonistas foram, no entanto, os cerca de 50 reclusos que preencheram o espaço a eles dedicado, tal como as duas dezenas de visitadores do grupo diocesano de pastoral carcerária, a associação “Os Samaritanos”, que com eles celebram regularmente e promoveram a construção deste espaço. Essa é que a Igreja viva, “mais importante do que as paredes”, como referiu D. António Marto na ocasião. Foi a eles que o Bispo primeiro se dirigiu, numa saudação como “irmão, nesta única Igreja de Cristo, onde Ele se torna presente em cada um, em cada espaço habitado, ainda que seja uma cela, e agora também neste novo templo de celebração comunitária da fé”.
“O importante é a gente arrepender-se”
Na sua homilia, D. António centrou-se na misericórdia de Deus, “que tudo perdoa e faz festa quando voltamos a Ele, como faz o pai do filho pródigo na célebre parábola de Jesus”. Partilhou então o “recado” que lhe tinha sido pedido momentos antes, na sacristia, pelo recluso Jeremias, que acolitava a celebração: “diga aos meus colegas que o importante é a gente arrepender-se!”. E o Bispo completou: “É isso mesmo, não tenhais medo de Deus, voltai-vos para Ele, que nunca se cansa de perdoar, quando voltamos com arrependimento sincero das nossas quedas e fracassos”.
O segredo, continuou, “é o amor, capaz de transformar tudo”. Em concreto, o desafio a “viverem como comunidade de irmãos, que se apoiam mutuamente, que dão a mão uns aos outros, sobretudo nos momentos de desânimo e de dor”. Sublinhando a necessidade de “confiança” no futuro, o Bispo de Leiria-Fátima aconselhou-os a “valorizar esta etapa da vida, aproveitando para o crescimento e desenvolvimento pessoal, nomeadamente, pela formação intelectual, laboral e artística que os serviços prisionais oferecem, bem como pelo crescimento espiritual que a comunidade cristã ajuda a fazer”.
Uma placa para a posteridade
Como é apanágio das inaugurações, uma pequena placa ficará a assinalar esta data para o futuro. “Esta placa representa o trabalho de muitos, desde Os Samaritanos e alguns benfeitores que deram materiais e mão de obra, até aos funcionários e reclusos que colaboraram na sua construção e embelezamento”, afirmou na ocasião o capelão, padre Rui Ribeiro. O mesmo referiu o diretor do estabelecimento, enfatizando que “este momento de festa aquece o coração de todos os que para ele contribuíram” e desejando aos reclusos que ali irão celebrar a sua fé “as melhores felicidades e que a esperança ilumine sempre as vossas vidas, aqui e lá fora”.
Em declarações ao jornal PRESENTE, Joaquim Carrasqueiro de Sousa, presidente da associação “Os Samaritanos” referiu a sua alegria pela conclusão deste projeto, “que já está integramente pago, mercê dos donativos de muitas empresas e particulares que para isso contribuíram”.
Recordamos que esta nova capela veio resolver o problema da ausência de um espaço para as celebrações, desde que foi reestruturada a ocupação de pavilhões no interior daquela prisão, uma vez que não era possível, por motivos logísticos e de segurança, a deslocação dos reclusos para a Igreja ali existente.