A Comissão Diocesana Justiça e Paz (CDJP) de Leiria-Fátima realizou uma conferência subordinada ao tema “Que Pobreza?”, na aula magna do Seminário de Leiria, no passado dia 3 de março.
A presidente, Fátima Sismeiro, explica que o objetivo foi “refletir e analisar o conceito atual de pobreza”. Esta é uma reflexão que surge da realidade atual de a pobreza continuar “a existir”, mas que exige “respostas diferentes”.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, foi o convidado a falar dos vários ângulos da pobreza, que “afeta uma sociedade inteira, a começar pelos jovens e a terminar nos pensionistas”. Situações que, muitas vezes, provocam um “desgaste psicológico tremendo” e, por isso, “é muito importante cuidar da pobreza espiritual que pode assolar-se de cada pessoa”, frisou.
Apesar da grande dificuldade de colocação no mercado de trabalho, os jovens devem ser “estimulados” a prosseguirem com os estudos, porque “são sempre uma mais valia”, adiantou Eugénio Fonseca. O professor também apontou as diferenças entre ser pobre na cidade e na aldeia, sendo certo que esta “pobreza espiritual”, que pode levar as pessoas a “afastarem-se de Deus”, é um facto em ambas as situações.
Eugénio Fonseca mostrou-se preocupado com a realidade atual dos Jovens “NEET”, aqueles que não estudam, não fazem formações e nem trabalham. A “pobreza geracional” é outro problema da sociedade atual, ou seja, quase sempre “filhos de pais pobres serão pobres”. Contudo, é da responsabilidade da sociedade “mudar isso”. O que implica “muita vontade política, novas estratégias, novas respostas e avaliação de respostas sociais”.
A encerrar, o Bispo diocesano, D. António Marto, frisou que este é um problema que afeta muitas pessoas e “são elas que nos movem para este combate à pobreza, com o objetivo de lhes proporcionar uma vida mais digna”. Lembrando que “a riqueza descarada está a acumular-se nas mãos de poucos, muito à custa da expansão da pobreza”, defendeu que “não podemos ficar de braços cruzados, temos de agir e lutar pela erradicação” deste problema e lamentou que a “cultura da indiferença” se apodere de tantos e provoque a diminuição da solidariedade. “Os pobres são o coração do Evangelho e não uma página do Evangelho”, rematou o Bispo de Leiria-Fátima.
Cláudia Santos, Angelus TV