Alqueidão da Serra vai restaurar órgão de tubos do século XVIII

A intervenção, que custará cerca de 40.000€ (acrescidos de IVA), abrangerá toda a estrutura de madeira e restauro da talha, os tubos, os foles e o teclado e tem uma duração prevista de 10 meses.

O centenário órgão de tubos de Alqueidão da Serra, que há mais de três décadas se encontrava num lastimoso estado de conservação, vai finalmente ser recuperado e o som que as pessoas mais velhas ainda recordam vai poder voltar a ser ouvido na igreja paroquial.

A paróquia de Alqueidão da Serra decidiu avançar para a recuperação desta importante e histórica peça do seu património e vai adjudicar, nos próximos dias, o restauro ao conhecido organeiro Dinarte Machado, responsável pela recuperação dos seis órgãos de tubos do Convento de Mafra e galardoado com vários prémios nacionais e internacionais pelo seu trabalho na área da Organaria.

A intervenção, que custará cerca de 40.000€ (acrescidos de IVA), abrangerá toda a estrutura de madeira e restauro da talha, os tubos, os foles e o teclado e tem uma duração prevista de 10 meses. Previamente foi obtida a autorização por parte do bispo da Diocese, D. José Ornelas, devidamente assessorado pela Comissão Diocesana de Arte e Património Cultural. O processo será acompanhado pelo organista titular da Sé de Leiria, João Santos.

O órgão de tubos de Alqueidão da Serra trata-se de um “positivo” e, nas palavras do organeiro italiano Giuseppe Ruffati, será um “instrumento construído por um organeiro português”, com “características que, pelo esmero de elaboração, pela qualidade dos materiais e delineação fónica, o podem definir como objeto de raro valor histórico e cultural, para o qual se aconselha o competente restauro”.

A esta avaliação técnica insuspeita soma-se a do mestre organeiro Dinarte Machado, que afirma que é “um instrumento muito importante para a organaria histórica portuguesa cujas características se assemelham à forma de construir do mestre português António Xavier e Cerveira, onde também não esconde aspetos relacionados com a Escola Italiana”.

Saliente-se, por último, a relativa raridade de órgãos com estas características no nosso País e, em particular, na Diocese de Leiria-Fátima, razões que levaram a que a comunidade paroquial não pudesse protelar mais a recuperação e a colocação em funcionamento desta valiosa peça artística, sob pena da sua perda para sempre.

Para organizar todo o processo de obtenção de orçamentos, seleção da melhor oficina de restauro e para a angariação das verbas necessárias para o custear foi criada uma comissão que vem trabalhando, sensivelmente, desde outubro passado. Para já, foi garantido um importante apoio da parte da Câmara Municipal de Porto de Mós e estão agendadas, ao ritmo de, pelo menos uma por mês, várias atividades para angariação de fundos. Simultaneamente, está a ser lançada uma grande campanha, junto de empresas e de particulares, para aquele mesmo fim. A Comissão está confiante de que não faltarão entidades coletivas e individuais com sensibilidade para apoiar o restauro de uma peça histórica e rara do património do nosso território, sendo que os donativos podem ser encaminhados para o IBAN PT50 0045 5244 4023 1531 1841 2.

Depois de várias décadas de deterioração, que quase levaram à sua perda irremediável, espera-se que até ao próximo Natal o som do órgão de tubos histórico de Alqueidão da Serra volte a ser ouvido a acompanhar a liturgia ou como suporte a atividades culturais cuja promoção a Comissão e outras forças vivas da Freguesia têm em mente.

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