Foi com um entusiasmo contagiante e transversal às várias gerações da sua família que o lisboeta João Antunes, tratado carinhosamente como Genito, celebrou os seus 95 anos, na igreja Matriz da Barreira.
A cerimónia religiosa (no sábado, 1 de novembro ), presidida pelo pároco local, David Barreirinhas, foi animada com flauta e viola pelo trio Ana Lúcia Pedro, Joana Martins e Mariana Pedro, concitando o agrado dos filhos, netos e sobrinhos participantes. Na homilia, em dia do feriado religioso de Todos os Santos, o jovem sacerdote incentivou a assembleia eucarística a ir contra a corrente, diante de uma sociedade cujos valores são avessos aos sugeridos pelas Bem-aventuranças. Lembrou também que a palavra Eucaristia tem a etimologia no grego «ação de graças», precisamente a intenção desta missa de agradecimento pela longeva vida.
A segunda parte do programa continuou num restaurante da Golpilheira, com um repasto de bacalhau. No fim do almoço, o aniversariante teceu uma intervenção oral, agradecendo a homenagem dos familiares (quatro filhos e oito netos ), não esquecendo Deus, «para quem não há talvez, todavia e também…». O que há é a Sua graça e amor infinito.
Primo do ilustre barreirense António Borges da Cunha, é também sobrinho do homónimo João Antunes, o insigne arquiteto responsável pela continuação das obras do santuário de Fátima , nos meados do século XX. É ainda primo do antigo bispo de Coimbra D. António Antunes.
Precisamente no dia 1 de novembro de 1930 , ocorreu o dia de aniversário de João Manuel Antunes, em Lisboa, no Alto de S. Francisco. O casal Manuel Antunes e Maria Antónia tinham este seu terceiro filho, primeiro e único varão. A sua ligação à Barreira (lugar de Marvila), onde passava saudosas férias com os avós, deve-se à família paterna ser originária daí.
Foi um apaixonado ecologista, esmerado atleta e exemplar escuteiro por terras de Viriato, um «lobo solitário, atento à sua alcateia». Profissionalmente, esteve ligado à construção, assinando obras por vários pontos do país (Lamego, Leiria, Viseu, Lisboa, Horta-Faial-Açores). Ao longo da vida, tem cultivado com talento a «prosa, a declamação, a oratória, mas sobretudo a poesia».
Do alto dos seus 95 anos, continua com o manuseamento pontual e assíduo do computador, a par dos cuidados agrícolas, desfrutando de uma apreciável saúde física, mental, psicológica e espiritual.