A paróquia de Vieira de Leiria foi pequena para a alegria contagiante dos cerca de 60 estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa que ali passaram a semana de 14 a 21 de fevereiro na Missão País 2015, com o lema “Não te ardia o coração?”.
“Este é um projeto universitário que surgiu no movimento de Schoenstatt, em 2003”, conta o padre Bernardo Maria Magalhães, assistente espiritual da Missão e amigo do pároco local, padre Miguel Sottomayor. Aquele sacerdote conta que “o que é absolutamente extraordinário é ver que há cá dentro [da Missão] gente muito ligada à Igreja, outros menos, outros até completamente afastados de Deus”, garantindo que “a quantidade de histórias de conversão dentro da Missão País é fascinante”.
Entre o apoio nos lares de idosos, a formação nas catequeses e nas escolas, a animação do grupo de preparação para o Crisma e as conversas pessoais, os estudantes chegam para se “pôr ao serviço do pároco”, nas palavras do padre Bernardo. O sacerdote, que é pároco na diocese de Lamego, dá especial importância ao porta a porta, uma forma de “procurar as pessoas, sem planos, sem estratégias, e apenas deixando-nos levar pelo Espírito Santo”. Os jovens, “quando regressam, trazem as histórias mais variadas”.
A missão é vivida em três vertentes: a interna, “que passa pelas atividades entre os missionários, pela partilha das responsabilidades e pela união do grupo”, reflete-se na externa, “que é para a comunidade”. Além disso, cada um tem a sua missão pessoal: “O objetivo último é que, no jogo das várias missões, cada um dos 60 missionários tenha uma experiência de encontro com Cristo e que a ação de Deus neles tenha frutos nas vidas concretas e nas faculdades”, remata o padre Bernardo.
Alegria partilhada
Raquel Vaz, de 21 anos, está no 4.º ano do curso de direito. Não hesita em afirmar que “todos deviam fazer esta experiência, até os mais afastados da fé”, salientando a importância do contacto com a Igreja: “não é todos os dias que podemos conversar abertamente com um padre, como fazemos aqui”. A participar pela primeira vez na Missão País, não esconde que chegou tarde: “arrependo-me de não ter feito isto mais cedo”. E conta com alegria: “encaramos a fé de forma descontraída e nota-se que as pessoas estão muito atentas à nossa mensagem”, sublinhando que a comunidade recebeu os jovens “da melhor maneira”.
Uma das atividades que mais mobilizaram a comunidade foi o jantar de quinta-feira. Os missionários foram recebidos em várias casas da paróquia, onde jantaram e ficaram durante o serão. O padre Bernardo salientou “a generosidade das pessoas da paróquia e a vontade de receber em suas casas a mensagem destes jovens”.
Daniela Alves, jovem da paróquia, frequenta os encontros de preparação para o Crisma e recorda o testemunho dos missionários: “pudemos expor dúvidas, algumas delas comuns a várias pessoas, e que por vezes não o fazemos, por vergonha daquilo que poderão achar de nós”. Acrescentou ainda: “encorajaram-nos a vivermos mais a nossa fé e a pormos de lado a ideia de que a Missa é só para idosos. Nós podemos fazer a diferença!”
Os temas que debateram passaram pela importância da missão, o lema “Não te ardia o coração?”, “A igreja cheira a mofo?” e “Jesus Salvador”. Foram “temas foram muito interessantes, porque acabavam por nos deixar à-vontade”, conta Daniela.
Uma marca que fica
Chegados ao fim da semana, os 60 estudantes deixaram uma marca que dificilmente será esquecida pela comunidade. O pároco, na última Missa com os missionários, deixou uma mensagem importante: “a comunidade ganhou muito com a presença dos estudantes, mas estamos certos de que vocês também levam muito de nós”.
Um dos chefes da Missão, Domingos Braga, garantiu que “as expectativas foram largamente superadas”, acrescentando que “este não pareceu um primeiro ano”. As missões, de 3 anos, costumam começar de uma forma mais contida, explica o estudante, realçando a “forte ligação entre os missionários e a comunidade, num projeto que correu lindamente”.
O jovem garante que “é interessante perceber o que faz 60 jovens virem para uma terra desconhecida, abdicarem da única semana de férias que têm” e acrescenta que “mais do que a satisfação por um teatro espetacular ou pela conversa com alguém, é uma busca de Cristo”.
Esta semana, que já se esperava ser de uma grande riqueza espiritual, acabou da melhor forma com um teatro, de entrada livre, no cine-teatro Actor Álvaro, que esteve completamente lotado para se fazer a festa. O padre Miguel Sottomayor resume esta semana como “algo muito acima do já muito esperado”, e garante que, para a paróquia, “haverá um antes e um depois destas missões”.