“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores”. É assim que Jesus começa a parábola do Samaritano (Lc 10, 30-37).
“Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar?”. Esta frase é metade da parábola da ovelha perdida (Lc 15, 4-7).
“Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.” É assim que termina a parábola do Filho Pródigo, ou do Pai Misercordioso (Lc 15, 11-32)
Estas são três das narrativas mais conhecidas dos evangelhos, histórias que Jesus conta, que se afirmam como “caderno de encargos” de quem decide segui-l’O. E têm em comum o facto de terem sido referenciadas pelos entrevistados que fazem destaque nesta edição. Não por acaso, mas pela simples razão de se terem revisto em cada um daqueles três episódios, dado o percurso de vida que fizeram enquanto casal e, sobretudo, pela experiência de acolhimento que sentiram por parte da Igreja.
Vistas bem as coisas, não é normal um pastor largar um rebanho por causa de um simples ovino, alguém dedicar-se a curar as feridas de desconhecidos ou um pai aceitar sem contrapartidas o regresso de um filho que se aproveitou dele. Mas isto deveriam ser apenas o “serviços mínimos de um cristão”, a quem o Mestre ensinou, mais do que não julgar, a perdoar sem reservas, mais do que tolerar, acolher, abraçar e sarar feridas.
A história da Rosália e do Gastão é isso mesmo: uma história de feridas e de esperança, uma história de abandono e de acolhimento, uma história de perda e de encontro. E, no fim, é uma história de festa, a festa que o Filho de Deus conta que se faz na casa do Pai, a festa que Ele espera que cada um de nós faça aqui na terra.