A AJUDA OPORTUNA

“De facto, se Ele não tivesse descido até nós na humildade da natureza humana, ninguém poderia chegar até Ele por seus próprios méritos” (S. Leão Magno).

No princípio da tarde, ainda com alguma dificuldade em aquecer o corpo, apesar dos agasalhos, procuro aquecer o espírito, reforçando a luta da alma contra o que, esvaziado de todo o sentido, pouco mais produz do que uma progressiva alienação.

Peço perdão a quem me ler por este acentuar do subjectivo, em reflexões que acabo sempre por tornar de certo modo públicas, ou expostas ao público.

E, embora utilize ecos da palavra de Deus, não me atenho ao esquema dos leccionários comuns; procuro, no entanto, não trair as linhas fundamentais da catequese da Igreja, na sua fidelidade à missão sagrada de evangelizar-se e evangelizar.

Começo por São Leão Magno, que, vai para dezasseis séculos, dizia aos cristãos de Roma o que nestes dias se soma em tantas coisas mascaradas de cristianismo:

“De facto, se Ele não tivesse descido até nós na humildade da natureza humana, ninguém poderia chegar até Ele por seus próprios méritos.”

Ele é Deus em Jesus Cristo, do Qual conseguiram não falar tantos milhões de pessoas que, nestes dias, se agitaram sob a bandeira do Natal. É um facto que traz consigo uma série de ironias que são, quanto a mim, próprias de uma cultura pós-cristã; ou seja, uma cultura com roupagens que não correspondem ao conteúdo.

Também isso não será novidade absoluta: na primeira geração cristã, pouco depois de se iniciar a evangelização do mundo então conhecido, já encontramos frutos dessa tendência de transformar em bandeira de ambições pessoais precisamente o que tem na sua essência a morte de todas as bandeiras que se levantem à revelia da que, com o supedâneo no Presépio, se ergue no Calvário.

O santo bispo de Roma continua:

“O melhor culto que podemos prestar a Deus é oferecer-Lhe o dom que Ele mesmo nos concedeu. Ora, entre os dons da divina generosidade, que poderemos nós encontrar tão digno para honrar a presente festa, como a paz, aquela paz que os Anjos anunciaram no nascimento do Senhor? É a paz que gera os filhos de Deus, alimenta o amor e cria a unidade. Ela é o repouso dos santos e a mansão da eternidade. E o fruto próprio desta paz é unir a Deus os que separa do mundo.”

A Paz!

Quis o Papa São Paulo VI que este dia da Oitava do Natal do Senhor fosse considerado o Dia Mundial da Paz, e não seria de todo inoportuno ler algumas das suas mensagens para este dia.

Talvez possamos dizer que a iniciativa papal fica reforçada, pelo menos teoricamente, com o novo ordenamento litúrgico, que estabelece para este dia a celebração de Santa Maria Mãe de Deus.

É a maternidade divina de Maria que nos lança de novo no mistério da Encarnação, do qual fala São Leão Magno. Maria, que a piedade popular invoca há séculos como Rainha da Paz, foi referida pelo Vaticano II como medianeira de todas as graças, naturalmente dentro da mediação universal de Cristo.

Copio da epístola aos Hebreus:

“Aproximemo-nos, portanto, com grande confiança, do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça para uma ajuda oportuna” (Hebr 4, 16).

Claro, o autor sagrado fala aqui precisamente de Cristo, do seu sacerdócio único e eterno, ainda que brotando da sua natureza humana. Mas é por esta natureza que Maria Lhe está de modo peculiaríssimo ligada e pode, sem se ofender a sã teologia, ser invocada como trono da graça.

Aliás, disso nos dá o exemplo a própria liturgia, que usa em vários contextos este versículo da carta aos Hebreus, tantas vezes cantado na beleza que lhe confere a língua latina, até há pouco usada nas diferentes liturgias do rito latino oficial:

“Adeamus ergo cum fiducia ad thronum gratiae, ut misericordiam consequamur et gratiam inveniamus in auxilium opportunum” (Hbr 4, 16).

São Josemaria afirmava frequentemente que a Jesus sempre se vai e volta por Maria: donde a fórmula que ainda hoje repetem muitos cristãos, para além dos membros do Opus Dei: “Todos, com Pedro, por Maria a Jesus.”

Pedro, que neste Ano Jubilar nos dá como tema a Esperança.

Todos sabemos como lhe dói o sangue derramado pelas guerras que enchem o mundo de sombras; a guerra que, se sempre foi absurda, nunca o foi tanto, nem tão bárbara como hoje.

Não vale a pena repetir por todos os lados e em todos os tons, votos de um bom ano, se não nos dispomos, cada um de nós, a fazer o que lhe compete para que haja paz.

“Aproximemo-nos, portanto, com grande confiança, do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça para uma ajuda oportuna.”

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