11 de Fevereiro: Dia Mundial do Doente

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O Dia Mundial do Doente é celebrado anualmente a 11 de fevereiro. A esse propósito, o semanário dioceseno Presente desta semana (06.02.2014) lembra a mensagem do Papa para este dia e apresenta uma entrevista ao capelão do Hospital de Santo André.

 

 

 

Padre Clemente Dotti, capelão do Hospital de Santo André

“O sofrimento sem Cristo é uma condenação”

O padre Clemente Dotti é capelão do Hospital de Santo André. Trabalha com os doentes desde setembro de 2012 e é entre eles que se sente realizado. Encontrou alguns preparados para a sua difícil situação de doente, mas reconhece que é uma caminhada que tem de ser dada. À comunidade pede que se organize e colabore numa pastoral da saúde mais presente nas paróquias. Os doentes precisam dela.

O padre Clemente Dotti diz que “gostar do doente é tratá-lo como uma pessoa que sofre” física e emocionalmente. A incerteza quanto ao futuro e preocupação de ser um peso para a família são fatores que aumentam este sofrimento. “O próprio sofrimento torna a pessoa mais sensível”. Quando se está internado, acamado ou dependente, “custa pedir ajuda”. “Quando alguém se oferece e previne esse pedido está a ajudar imenso”, garante o padre Clemente Dotti. No seu dia a dia visita, doentes, conversa com eles e, sobretudo, ouve os seus desabafos. As conversas nem sempre são fáceis. “São sempre três a seis pessoas por quarto”, explica, “e nem todas as pessoas têm o mesmo à-vontade”.

Faz confissões sempre que lhe pedem. “Puxo a cortina que separa as camas e peço privacidade”. O doente fica mais à vontade e, quando está mais reticente, o padre Clemente Dotti sossega-o, dizendo-lhe que “o Senhor sabe tudo melhor do que nós”. Dá a comunhão. “Trago sempre o Santíssimo Sacramento e dou a comunhão sempre que ma pedem”. São diariamente 15 a 20 pessoas.

Também ministra a Santa Unção. A este propósito, explica que “nem todos os doentes têm a fé suficiente para aceitar a sua condição e são poucos os que pedem o sacramento”. Por regra, o pedido é feito pela família, solicitando que não se diga nada ao doente. “Nesses casos, estou atento e quando estão a dormir ou em coma, vou ter com o doente, rezo por ele e dou a Santa Unção. Não é a melhor forma de o fazer, mas muitas vezes é a única que tenho para ajudar”.

Valorizar o doente

Nem todos os doentes são católicos. “Já cheguei a chamar um pastor evangelista, a pedido de um doente”.

“O que me custa é não poder fazer mais por essas pessoas. Só posso fazer companhia, ouvir, conversar e rezar. Uns valorizam e agradecem a minha presença e isso dá-me força e coragem para continuar o meu trabalho”.

Na capelania do Hospital de Santo André há Missa, de segunda a sexta-feira, às 16h30, e aos domingos, às 11h00.

Ao longo do seu serviço no hospital, o padre Clemente Dotti revela que já encontrou várias pessoas preparadas e conscientes da sua situação. “É difícil perceber que o sofrimento não é um peso, mas antes uma cruz que pode ser valorizada em Cristo. É uma caminhada que tem de ser dada”. Conclui dizendo que “o sofrimento sem Cristo é uma condenação” e que “os Pastorinhos são um exemplo desse sofrimento pela redenção de todos”. O capelão explica muitas vezes ao doente que “a Igreja precisa do seu sofrimento”. “Esse sofrimento, juntamente ao de Cristo, salva-nos a todos”, diz.

À comunidade, recorda que há muito trabalho para fazer. “No hospital, os doentes vão tendo um acompanhamento garantido pela família ou pela equipa de voluntários”. Mas em suas casas a realidade é outra. “Há muitas pessoas em casa, muitos acamados, que dependem da ajuda dos outros e que passam o dia sozinhos”. Para esses, “era bom que as pessoas nas paróquias se organizassem em grupos e pudessem fazer este acompanhamento”. Este é um serviço muito importante para “os doentes não se sentirem abandonados, mas valorizados”.

Muitas vezes, as famílias são impotentes e os doentes acabam por ser um peso para elas”, tanto ao nível sentimental como financeiro. E “o doente sabe disso e desmoraliza-se muito, mesmo quando a família não dá sinais deste cansaço”.

 

Papa cita Maria como “a mãe de todos os sofrimentos”

“Fé e Caridade: Nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos”

O Papa Francisco elegeu a “fé e caridade” como tema para a mensagem que dedica ao Dia Mundial do Doente deste ano, celebrado no dia 11 de fevereiro. Na sua mensagem, apela ao exemplo de Maria. Confiando-lhe este dia especial, pede “que ajude as pessoas doentes a viverem o próprio sofrimento em comunhão com Jesus Cristo e ampare quantos deles se ocupam”.

“Também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos”, diz o Papa Francisco, dirigindo-se em especial às pessoas doentes e aos que lhes prestam assistência.

Na mensagem para o Dia Mundial do Doente, o Papa recorda que “o Filho de Deus feito homem não privou a experiência humana da doença e do sofrimento, mas, assumindo-os em si, transformou-os e reduziu-os”. E apela: “Como o Pai doou o Filho por amor e o Filho se doou a si mesmo pelo mesmo amor, também nós podemos amar os outros como Deus nos amou, dando a vida pelos irmãos”.

Com o título “Fé e Caridade: Nós também devemos dar a nossa vida pelos irmãos”, a mensagem do Papa Francisco menciona ainda que “quando nos aproximamos com ternura daqueles que necessitam de cuidado, damos lugar à esperança e ao sorriso de Deus, algo tão importante num mundo cheio de contradições”. E dá o exemplo de Maria, “a mãe de todos os sofrimentos”, que “com fortaleza permanece aos pés da Cruz de Jesus. Ela sabe como se percorre este caminho e por isso é a Mãe de todos os doentes e sofredores”, diz. “A ela podemos recorrer confiantes com devoção filial, certos de que nos assistirá e não nos abandonará. É a Mãe do Crucificado Ressuscitado: permanece ao lado das nossas cruzes e acompanha-nos no caminho rumo à ressurreição e à vida plena”.

O Papa defende ainda que quando “a dedicação e generosidade para com os outros se torna o estilo das nossas ações, estamos a abrir espaço para o Coração de Cristo”, algo que reconforta e contribui para “o advento do Reino de Deus”.

“O teste da verdadeira fé em Cristo está no dom de espalhar o amor ao próximo, especialmente para com aqueles que sofrem, para com aqueles que são marginalizados”, pode ler-se na mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Doente.

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