A 13 de fevereiro de 2014 cumpriu-se o 9.º aniversário da morte da Serva de Deus Irmã Lúcia de Jesus. O seu corpo repousa na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima desde 19 de fevereiro de 2006. Em sua memória, partilhamos um texto enviado pelo Carmelo de Santa Teresa, de Coimbra.
“E eu, também vou para o Céu?”
Quando, no dia 13 de Maio de 1917, Nossa Senhora disse à pequena Lúcia: “Tu ficas cá mais algum tempo”, pensava no dia 13 de Fevereiro de 2005.
Para quem já vive na eternidade o tempo é sempre breve, pois “para Deus mil anos são como um dia”. Para Lúcia, com apenas 10 anos, deslumbrada com a beleza da Senhora que vinha do Céu e de tudo quanto ela lhe mostrou naquele primeiro encontro, esse “mais algum tempo” parecia muito longo e um dia de espera era como mil anos. Tal era o seu desejo de ir para junto de Deus onde já se tinha visto, mergulhada naquela luz imensa em que a Senhora a envolveu com os dois primos, Jacinta e Francisco. Eles voaram mais cedo para o Céu e ela continuou a sua caminhada na terra cumprindo assim a vontade e os desígnios de Deus, que são sempre insondáveis. Não sabia quando essa caminhada terminaria, mas sabia que um dia também para ela, como para todos os mortais, chegaria a hora anunciada em que Nossa Senhora a viria buscar. Essa hora soou às 17.30 do dia 13 de Fevereiro de 2005, achando-a vigilante e preparada para o grande encontro.
Ao dizer que era do Céu, aquela Senhora tão bela, chamou a atenção dos três Pastorinhos para a realidade Celeste, como a mostrar-lhes qual era a verdadeira meta das suas vidas na terra. Só uma criança podia ter a ousadia e a naturalidade de perguntar: “E eu, também vou para o Céu?” Que alegria não deve ter vibrado no seu coração ao ouvir a resposta: “Sim, vais!” Mas isso não a fez relaxar na virtude e no esforço que teve que praticar durante toda a sua vida. Como ela dizia já idosa, com um certo humor: “Nossa Senhora prometeu levar-me para o Céu, mas não prometeu que me livraria do Purgatório!” Maria, como boa Mãe e Mestra, sabia que prometer o Céu àquela criança não lhe iria dispensar de uma vida de fidelidade à vontade de Deus, de procura do mais perfeito, mesmo quando isso lhe custasse sacrifícios e humilhações, pelo contrário, a certeza do Céu seria sempre uma chama viva dentro do seu coração que lhe daria força para tudo suportar com paciência e amor. Afinal, que Céu era esse a que ela tanto aspirava, senão o próprio Deus? Se o Céu é Deus já o podemos começar a gozar nesta vida, mesmo com limitações e dificuldades, pois Deus está dentro de nós e acompanha-nos a cada instante da nossa existência.
Ao terminar a sua longa vida na terra, a Irmã Lúcia, viveu serenamente o seu sofrimento físico e aceitou a sua morte com serenidade, paz, confiança inabalável e entrega total. Assim se cumpriu a resposta ao que o Anjo lhe tinha pedido em 1916: “De tudo o que puderdes oferecei sacrifícios a Deus”. Tanto procurando-os e oferecendo-os generosamente, como aceitando os que lhe vinham das contrariedades, incompreensões, doença, etc., todos foram aproveitados e oferecidos com alegria interior pela Igreja, pelo Santo Padre, pelos Sacerdotes, pela conversão dos pecadores, pela união das famílias, pelo aumento de vocações consagradas… por tantas e tantas pessoas que diariamente se recomendavam à sua oração.
Completam-se agora nove anos que a Pastorinha viu cumprida a promessa e partiu para o Céu depois de alguns dias de grande sofrimento físico inerente à sua idade e estado de fraqueza. “A sua vida foi um dom oferecido ao serviço da salvação dos Irmãos”, referiu o Bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, na homilia do 8º aniversário da sua morte. Vida fecunda, plena e feliz, porque sempre vivida em benefício dos outros, não buscando a sua felicidade na terra como um fim último e único.
Na oração, na entrega generosa do seu tempo, no trabalho realizado com perfeição, na aceitação de cada acontecimento, no testemunho vivo do amor de Deus presente nela e na certeza da companhia constante da Senhora do Rosário, a sua vida alcança uma dimensão universal.
Foi-lhe dada a graça de ver, escutar e falar com a Mãe de Deus, mas para além disso e mais do que por isso, hoje admiramo-la e amamo-la porque foi capaz de ser fiel, ao longo de 97 anos, ao “SIM” que deu a Deus quando tinha apenas 10 de idade.
Que no Céu a Irmã Lúcia continue a interceder, junto de Deus e de Nossa Senhora, por toda a Igreja e por toda a Humanidade, como sempre o fez em cada dia da sua vida na terra.
Carmelo de Santa Teresa, Coimbra