8 – O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria – Um livro fundamental

“O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria” é o livro mais notável da bibliografia de Leiria.

Dele conhecemos três edições. Uma datada de 1868, uma segunda de 1898, mas cujo título foi ligeiramente alterado para “O Couzeiro ou Memórias do Bispado de Leiria”, onde foram incluídos diversos suplementos que atingem mais de uma centena de páginas; e uma terceira edição que é a reimpressão da primeira, publicada, primeiro, em fascículos no jornal “O Mensageiro”, de 25 de Maio de 1978 a 25 de setembro de 1980, e, depois, em livro encadernado, sem data. Em 2011, a editora Textiverso apresentou uma edição, que é uma cópia da 2.ª, a mais completa, e que julgo que ainda se não encontra esgotada.

Um outro livro incontornável para quem queira saber mais sobre a Diocese de Leiria, e se encontra ainda à venda, é “Leiria – subsídios para a história da sua Diocese”, de Afonso Eduardo Zúquete, a que devemos juntar as “Constituições Sinodais” de D. Fr. Brás de Barros, que vigoraram desde a fundação da Diocese até 1598, e aquelas que foram aprovadas nesse ano por D. Pedro Castilho e foram publicadas em 1601.

Voltando a “O Couseiro”, no Arquivo Distrital de Leiria existe um manuscrito, com o nome de “Coiseiro ou Registo do Bispado de Leiria”, e no qual figura a indicação de que se trata de uma cópia, datada de 1857, de uma outra cópia que tinha mandado fazer o padre Manuel Rodrigues de Faria. Existe ainda um outro manuscrito, talvez o mais antigo, muito deteriorado e profundamente truncado, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, em Leiria. Existem, pelo menos, mais duas cópias manuscritas, uma no Seminário de Leiria e uma outra na Biblioteca da Câmara Municipal da Marinha Grande. Esta, que deve ter pertencido ao poeta Afonso Lopes Vieira, está autografada pelo engenheiro silvicultor, natural das Cortes (Leiria), José Lopes Vieira, que a deve ter mandado fazer.

Como se viu acima, “O Couseiro” é único dos livros dos que acima mencionamos que não tem explicitamente um autor. Claro que investigadores têm apontado possíveis autores, ou autor, do manuscrito original, como João Madeira Martins, o Cónego Dr. Luciano Coelho Cristino e o Dr. Mário Rui Simões Rodrigues. Eu próprio avancei com a teoria de que deve ter tido dois autores diferentes e cada um responsável pela sua parte. Para a primeira parte, apontei o nome do Dr. António Couseiro, provedor da Comarca de Leiria entre 1628 e 1637 (tendo falecido em 1638), e para a segunda parte, escrita após a Restauração, o padre Dr. Simão Rosa Guerra, deão da Sé de Leiria, no período de 1645 a 1662, data em que faleceu. Este ainda terá feito alguns acrescentos nos finais dos capítulos da primeira parte.

Um outro ponto controverso é o nome que tem sido atribuído a este documento, pois encontramos, “Couseiro” (na 1.ª e na 3.ª edições), “Coiseiro” (no manuscrito existente no Arquivo Distrital de Leiria) e “Couzeiro” (na 2.ª edição). Em 2010, no livro “Quem escreveu o Couseiro”, apresento uma teoria sobre a existência destes diferentes nomes.

Entre a 1.ª edição, de 1868, e a 2.ª edição, de 1898, encontramos diferenças importantes, naturais pois foram usados manuscritos diferentes, e eventualmente um erro produzido por um copista foi sendo repetido nas outras cópias manuscritas. Apresentei ainda no meu livro acima referido uma tabela dos erros detetados, nomeadamente nas datas onde, por exemplo, foram trocados os “3” com os “5” ou mesmo com os “8”, o que é natural para quem copia à mão um manuscrito, pois pode interpretar mal os caracteres.

Ricardo Charters d’Azevedo

 


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