Voluntariado aproxima-se de sem-abrigo: noites de partilha e esperança em Lisboa

Rodrigo Machado, Joana Matias e Pedro Ferreira são rostos das Equipas Voluntárias de Rua da Comunidade Vida e Paz (CVP), que percorrem Lisboa durante a noite, levando refeições a quem vive na rua, mas sobretudo estabelecendo laços de proximidade com estas pessoas.

“A entrega das refeições funciona como um pretexto para nos aproximarmos das pessoas, para nos ligarmos a quem está numa situação de vulnerabilidade extrema, seja por estar na rua ou por viver com carências severas, mesmo que tenha um teto”, explica Joana Matias, de 23 anos, à Agência ECCLESIA.

Na noite em que a Agência acompanhou a Volta C, Joana e Rodrigo iniciam o percurso às 20h. Esta rota inclui áreas como Alvalade, Xabregas e a margem ribeirinha, desde a Expo até próximo do Terreiro do Paço.

Após carregarem a carrinha com 140 refeições, chega Pedro Ferreira. Às 20h16 partem, munidos de ceias que incluem duas sandes – com opções vegetarianas para respeitar dietas ou restrições religiosas. “Nem sempre conseguimos agradar a todos, mas esforçamo-nos por adaptar as refeições às necessidades”, afirma Rodrigo, coordenador da equipa.

Com 59 anos e oito de experiência como voluntário, Pedro Ferreira observa mudanças no perfil das pessoas que encontra. “Há mais jovens e migrantes nas ruas, algo que não era tão evidente há alguns anos”, refere. Rodrigo acrescenta que, embora o número de sem-abrigo flutue, no final de 2023 e início de 2024 houve um aumento, que agora parece ter diminuído.

Além de distribuírem refeições, os voluntários conversam com quem encontram. “Umas noites são mais recetivos, noutras preferem ficar no seu canto. Tentamos sempre respeitar”, partilha Rodrigo. Estas conversas servem também para sinalizar situações que requerem apoio técnico, como o caso de Melissa Flores, de 31 anos. Sem-abrigo há 15 anos, Melissa enfrenta o desafio da adição às drogas. “Já estive em albergues, mas acabo por voltar à rua. Tem sido complicado, mas não desisto. Tenho fé em Deus”, diz.

O trabalho dos voluntários vai além da ceia: “Queremos oferecer presença, carinho e apoio. A ceia é um meio, mas a verdadeira missão é criar confiança e despertar o desejo de mudança”, sublinha Pedro Ferreira.

Neste mês, as voltas incluem convites para a 36ª Festa de Natal da CVP, de 20 a 22 de dezembro, na Cantina Velha da Cidade Universitária. O evento oferece refeições, vestuário, cabeleireiro, cuidados médicos, apoio jurídico e serviços de reinserção. “Apontamos o nome e local onde encontramos cada pessoa para podermos organizar melhor a festa e saber quem esperar”, explica Joana, que participa pela terceira vez.

A Comunidade Vida e Paz, fundada em 1989, apoia diariamente 500 pessoas através de iniciativas como as equipas de rua, comunidades terapêuticas e o Centro de Intervenção de Primeira Linha. Atualmente, conta com cerca de 600 voluntários dedicados.

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