Vaticano lança processo de acompanhamento do Sínodo e convoca Assembleia Eclesial para 2028

A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos anunciou o lançamento de um processo de acompanhamento e avaliação da implementação do caminho sinodal, convocando ainda uma inédita Assembleia Eclesial para outubro de 2028.

O cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, explicou em carta enviada a diversas instâncias da Igreja Católica que esta fase não se trata de uma mera aplicação de diretrizes superiores, mas de um processo de receção adaptado às realidades locais. O Papa Francisco aprovou esta iniciativa no passado dia 11 de março.

A XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, cuja segunda sessão decorreu em outubro de 2024, teve início com a auscultação de milhões de fiéis desde 2021. Francisco promulgou o documento final do Sínodo e, um mês depois, sublinhou o seu valor como magistério pontifício, destacando a necessidade de implementação nas comunidades católicas.

A Secretaria Geral do Sínodo apresentou um calendário até 2028, com destaque para o Jubileu das Equipas Sinodais e dos Órgãos de Participação, de 24 a 26 de outubro de 2025. O objetivo é consolidar a sinodalidade como dimensão essencial da vida da Igreja.

O documento insta as dioceses a reforçarem as suas equipas sinodais, aprimorando as existentes, reativando as suspensas e incentivando a criação de novas estruturas onde ainda não existam. A composição destas equipas deve ser comunicada à Secretaria Geral do Sínodo.

O plano traçado até à Assembleia Eclesial de 2028 inclui várias fases: em maio de 2025 será publicado um Documento de apoio à fase de implementação; entre junho de 2025 e dezembro de 2026 decorrerão percursos de implementação nas Igrejas locais; em 2027 realizar-se-ão assembleias de avaliação em diferentes níveis e, em junho de 2028, será publicado o ‘Instrumentum laboris’ para a Assembleia Eclesial de outubro desse ano.

Em Portugal, a Conferência Episcopal promoveu, a 11 de janeiro, um Encontro Sinodal nacional com 300 participantes, sublinhando a importância de fortalecer os órgãos de consulta da Igreja e alargar a participação dos católicos no processo sinodal.

Plano até à Assembleia Eclesial, em outubro de 2028

  • Março de 2025: anúncio do processo de acompanhamento e avaliação;
  • Maio de 2025: publicação do Documento de apoio para a fase de implementação com orientações para sua implementação;
  • Junho de 2025 – dezembro de 2026: percursos de implementação nas Igrejas locais e em seus agrupamentos;
  • 24-26 de outubro de 2025: Jubileu das equipes sinodais e dos órgãos de participação;
  • Primeiro semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas Dioceses e Eparquias;
  • segundo semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas Conferências episcopais nacionais e internacionais, nas Estruturas hierárquicas orientais e em outros agrupamentos de Igrejas;
  • Primeiro semestre de 2028: Assembleias continentais de avaliação;
  • Junho de 2028: publicação do Instrumentum laboris para o trabalho da Assembleia eclesial de outubro de 2028;
  • Outubro de 2028: celebração da Assembleia eclesial no Vaticano.

Texto integral da carta do cardeal Mario Grech

Caro Irmão em Cristo,

Com espírito de comunhão e corresponsabilidade, escrevo-vos a vós e ao povo santo de Deus que vos está confiado, a propósito da fase de implementação do Sínodo “Por uma Igreja sinodal. Comunhão, participação, missão”. O Santo Padre deseja que esta fase, prevista pela constituição apostólica Episcopalis Communio (n.º 7, art. 19-21), receba uma atenção particular, para que a sinodalidade seja cada vez mais compreendida e vivida como uma dimensão essencial da vida ordinária das Igrejas locais e de toda a Igreja.

No passado dia 11 de março, o Santo Padre deu a aprovação final para o lançamento de um caminho de acompanhamento e avaliação da fase de implementação pela Secretaria-Geral do Sínodo. Este caminho envolverá as dioceses e eparquias, conferências episcopais e estruturas hierárquicas das Igrejas orientais católicas, bem como os seus agrupamentos continentais, que também deverão envolver institutos de vida consagrada, sociedades de vida apostólica, associações de leigos, movimentos eclesiais e novas comunidades presentes nos seus territórios. O resultado final será a celebração de uma assembleia eclesial no Vaticano, em outubro de 2028. Por enquanto, não estamos a proceder à convocação de um novo sínodo, optando, em vez disso, por um processo de consolidação do caminho já percorrido.

Já na nota que acompanha o documento final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, o Santo Padre especificou que este “faz parte do Magistério ordinário do Sucessor de Pedro” e, como tal, deve ser aceite. Posteriormente, explicou que o documento não é estritamente normativo, mas, ainda assim, compromete as Igrejas a fazerem escolhas coerentes. Em particular, “as Igrejas locais e os agrupamentos de Igrejas são agora chamados a implementar, nos diversos contextos, as indicações autorizadas contidas no documento, através dos processos de discernimento e de decisão previstos pelo direito e pelo próprio documento”.

À luz destas indicações, a fase de implementação do Sínodo não deve ser entendida como uma mera “aplicação” de diretrizes vindas de cima, mas como um processo de “receção” das orientações expressas pelo documento final de modo adequado às culturas locais e às necessidades das comunidades. Ao mesmo tempo, é necessário proceder em conjunto como Igreja inteira, harmonizando a aplicação nos diferentes contextos eclesiais. Esta é a razão do processo de acompanhamento e avaliação, que de forma alguma diminui a responsabilidade de cada Igreja.

De acordo com as indicações do documento final, o objetivo é tornar concreta a perspetiva da partilha de dons entre as Igrejas e na Igreja inteira (cf. nn. 120-121). Ao longo do caminho, todos poderão beneficiar da riqueza e da criatividade dos percursos realizados pelas Igrejas locais, colhendo os frutos nos seus agrupamentos territoriais (províncias, conferências episcopais, reuniões internacionais de conferências episcopais, etc.). O percurso será também uma oportunidade para avaliar conjuntamente as escolhas feitas a nível local e reconhecer os progressos realizados em termos de sinodalidade (cf. n. 9). Graças a este percurso, o Santo Padre poderá escutar e confirmar as orientações consideradas válidas para a Igreja inteira (cf. nn. 12 e 131). Por fim, este processo constitui o quadro no qual se situam as diversas iniciativas para a concretização das orientações sinodais, nomeadamente os resultados do trabalho dos grupos de estudo e as contribuições da comissão de direito canónico.

É fundamental garantir que a fase de implementação seja uma ocasião para envolver novamente as pessoas que contribuíram e para devolver os frutos da escuta de todas as Igrejas e do discernimento dos pastores na assembleia sinodal. Desta forma, o diálogo já iniciado na fase de escuta terá continuidade. O processo contará com o trabalho das equipas sinodais, compostas por presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, leigos e leigas, acompanhados pelo seu bispo. Estas são instrumentos fundamentais para acompanhar de modo ordinário a vida sinodal das Igrejas locais. Por isso, as equipas existentes devem ser reforçadas e eventualmente renovadas, e as equipas suspensas devem ser reativadas e devidamente integradas. Este processo oferecerá também às dioceses que até agora investiram menos no caminho sinodal a oportunidade de recuperar os passos ainda não dados e de formar as suas próprias equipas sinodais.

Neste contexto, assume particular relevância a convocação do jubileu das equipas sinodais e dos órgãos de participação, que se realizará de 24 a 26 de outubro de 2025. Este será um encontro importante para reconhecer o valor destes organismos e das pessoas que neles servem, inserindo assim o compromisso com a construção de uma Igreja cada vez mais sinodal no horizonte da esperança que celebramos no jubileu.

O caminho que levará toda a Igreja à celebração da assembleia eclesial em outubro de 2028 será estruturado de modo a permitir uma implementação sustentável das orientações sinodais.

  • março de 2025: anúncio do processo de acompanhamento e avaliação;
  • maio de 2025: publicação do Documento de apoio para a fase de implementação com orientações para sua implementação;
  • junho de 2025 – dezembro de 2026: percursos de implementação nas Igrejas locais e em seus agrupamentos;
  • 24-26 de outubro de 2025: Jubileu das equipes sinodais e dos órgãos de participação;
  • primeiro semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas Dioceses e Eparquias;
  • segundo semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas Conferências episcopais nacionais e internacionais, nas Estruturas hierárquicas orientais e em outros agrupamentos de Igrejas;
  • primeiro semestre de 2028: Assembléias continentais de avaliação;
  • junho de 2028: publicação do Instrumentum laboris para o trabalho da Assembleia eclesial de outubro de 2028;
  • outubro de 2028: celebração da Assembleia eclesial no Vaticano.

Desde já, a Secretaria Geral do Sínodo está empenhada em acompanhar e apoiar as Igrejas neste caminho.

Beatitude, Eminência, Excelência,

Até ao final de maio, enviaremos às Igrejas outras comunicações com mais detalhes sobre a metodologia e as modalidades operacionais do percurso. Agradeço, desde já, o vosso compromisso neste caminho sinodal, que está particularmente próximo do coração do Santo Padre, por cuja saúde estamos todos a rezar.

Saúdo-vos fraternalmente no Senhor, desejando-vos um caminho fecundo rumo à próxima Páscoa.

Cardeal Mario Grech, Secretário-Geral do Sínodo

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